O número de homicídios dolosos (quando há intensão de matar) cresceram no primeiro semestre deste ano em Foz do Iguaçu. De janeiro a junho a cidade registrou 37 crimes, 19% a mais do que no mesmo período de 2021, quando foram contabilizadas 30 mortes violentas.
O levantamento, realizado pelo Centro de Análise, Planejamento e Estatística da Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp), aponta que a maior parte dos crimes foi motivada por vingança. Em segundo lugar aparecem os casos ligados à usuários de drogas e em terceiro situações passionais.
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As mortes por arma de fogo são as mais comuns, tendo sido contabilizadas 26 ocorrências nos últimos seis meses. Oito mortes foram causadas por arma branca (facas, facões, e outros objetos cortantes). Das 37 vítimas no semestre, 31 eram homens, sendo que a maioria tinha idades entre 18 e 29 anos. As informações são do GDia
Dentre os casos que chamaram a atenção, está a morte de uma idosa de 63 anos. O crime ocorreu em janeiro, no bairro Vila Cláudia, e o autor foi o próprio marido da vítima, que tentou suicídio. A vítima foi morta com vários golpes de faca. O que mais chocou a população foi o fato de o assassinato ter ocorrido dentro de uma igreja, tendo sido motivado por ciúmes.
Outra situação, em março, resultou na morte de um vendedor de carros de 59 anos. O crime ocorreu no Jardim Panorama. A vítima estava trabalhando quando foi surpreendida pelo atirador. Depois de efetuar os disparos o suspeito fugiu em uma motocicleta.
O assassinato de um cadeirante, registrado em abril, foi outro caso que ganhou repercussão. A vítima tinha 27 anos e foi executada com dois tiros na cabeça. O crime ocorreu na região do bairro Beverly Falls Park. O jovem tinha passagem por tráfico de entorpecentes.
O ranking de bairros com o maior índice de homicídios é liderado pelo Campos do Iguaçu. Na sequência aparecem Portal, Jardim Panorama e Três Lagoas. Os meses de abril e maio foram os mais críticos, contabilizando juntos 16 crimes. Conforme os dados da Sesp, o primeiro semestre de 2022 foi o segundo mais violento desde 2019, perdendo apenas para o ano de 2020, quando foram registrados 43 ocorrências.
Destaque negativo
Em 2021 Foz registrou um total de 63 homicídios dolosos, com isso a cidade acabou sendo a quarta colocada entre os municípios mais violentos do Paraná, atrás apenas de Curitiba, com 218 casos; Ponta Grossa, com 73; e Paranaguá, com 79.
Em todo o estado, mil pessoas foram assassinadas nos seis primeiros meses deste ano. O número inclui mortes por homicídio doloso, lesão corporal e roubo seguido de assassinato (latrocínio) e representam estabilidade, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Para se ter uma ideia, o número de assassinatos registrados caiu 0,79% na comparação com o primeiro semestre de 2021, quando houve 1.008 mortes violentas. Dos casos de 2022, apenas 49% foram elucidados até o momento, segundo pesquisa do Instituto Sou da Paz.
Índice de elucidação de homicídios no país é de apenas 37%
Apenas 37% dos homicídios praticados no Brasil em 2019, último ano com dados disponíveis, foram esclarecidos. O índice, que era de 44% em 2018, é da pesquisa Onde Mora a Impunidade, do Instituto Sou da Paz. O estudo considera como homicídio esclarecido o caso no qual ao menos um agressor foi denunciado pelo Ministério Público no ano em que ocorreu ou no ano seguinte.
A pesquisa ressalta que o Estudo Global Sobre Homicídios, da Organização das Nações Unidas (ONU), com dados de 2019, mostra que a média global de esclarecimento de homicídios é de 63%. Na Europa é 92%; Oceania, 74%; Ásia, 72%; África, 52%; e Américas, 43%. O critério utilizado foi a capacidade das instituições policiais de identificar pelo menos um suspeito do crime.
“Sabemos que nosso sistema de segurança pública e de justiça criminal ainda foca muitos esforços nos crimes patrimoniais e em outros sem violência, impulsionando prisões provisórias que lotam o já saturado sistema prisional. É preciso dirigir os esforços e os investimentos, sobretudo, para a investigação e esclarecimento dos crimes contra a vida, onde, de fato, mora a impunidade”, destacou a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo.