Ilza Ramos Rodrigues reitera voto em Lula e diz que episódio mexeu com o seu psicológico
A diarista Ilza Ramos Rodrigues, 52, diz que entrou em desespero quando viu seu rosto em um vídeo que circulava nas redes sociais. Nele, um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) tentou humilhá-la se negando a fornecer marmitas após descobrir a sua intenção de voto. Ocorrido na semana passada na cidade de Itapeva, no interior de São Paulo, o episódio viralizou no sábado (10) depois de ser divulgado pelo portal Jornalistas Livres.
“Fiquei sem ação. O jeito que ele falou mexeu com a minha mente, não é brincadeira. O que ele fez foi me humilhar. Só porque ele tem dinheiro, tem o carrinho dele, ele quis me humilhar com essa ação. Eu não posso nem ver o vídeo”, diz Ilza, encobrindo seus olhos com as mãos. “Mexeu muito no meu psicológico.”
Ilza afirma que começou a receber as marmitas durante a pandemia de Covid-19. Elas eram enviadas por um senhor para o qual prestava serviços de faxina. “Não tinha nada de eleição, era o coração dele”, conta. Desde então, as quentinhas passaram a ser levadas até a sua casa pelo empresário Cassio Cenali, a quem ela diz mal conhecer.
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“Ele trazia as refeições todas as quartas. Ficava para mim e para duas famílias. Esse homem que eu não esperava, eu nem sabia o nome dele, entregava e ia embora. Até que na semana passada ele mandou eu segurar a caixa com a mão: ‘Dona Ilza, vou gravar’”, diz.
“Pensei que ele ia gravar para uma ONG, até falei: ‘Nossa, moço, tô tão mal arrumada’. ‘Mas não tem problema’ respondeu o empresário. Na hora ali, ele começou: ‘É Bolsonaro’. Fiquei com a caixa na mão. E ele gravando, na minha cara”, continua. Ela conta que temeu ser exposta desde o momento em que foi abordada pelo apoiador do presidente da República. “Fiquei desesperada, fiquei nervosa. Liguei para a minha irmã: “Você não sabe o que aconteceu. Ele vai pôr a minha imagem no Face, vão tirar sarro de mim.”
Num primeiro momento, a diarista acabou sendo tranquilizada por familiares. Uma delas era a balconista Rosana Ramos Rodrigues, sua irmã. “Achei que ele não ia fazer isso porque ia dar ruim. As pessoas não iam gostar, ele estava negando alimento para o mais humilde”, afirma. Após o vídeo viralizar, a identidade de Ilza Ramos Rodrigues veio à tona por meio da página Iconografia da História, que acumula 163 mil seguidores no Instagram. Seu criador, o cientista social Joel Paviotti, publicou uma foto dela e de parte de um documento comprovando a sua identidade. Na legenda, escreveu: “Encontramos!”
Paviotti foi procurado por Ayume Ramos, sobrinha da diarista, que seguia a página e viu o vídeo de sua tia. Após se identificar nos comentários e passar o pix de Ilza, atendendo a pedidos, ela afirma ter se tornado alvo de ataques e ameaças. “Teve gente falando que era golpe, que eu ia para a cadeia. Entrei em desespero.” Neste domingo (11), o empresário Cassio Cenali foi às redes sociais para se retratar. “Estou aqui para pedir desculpa pela infelicidade de ter feito esse vídeo. Estou muito arrependido”, afirmou.