“Tem que existir poesia tanto no receptor quanto no emissor. Você precisa ser tão poeta para entender um poema quanto para fazê-lo” – (Paulo Leminski).
O Dia Nacional da Poesia é comemorado no dia 31 de outubro no Brasil, fruto de um projeto de lei do ano de 2009 de autoria do Senador paranaense Álvaro Dias; que presta homenagem ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, na data de seu nascimento em 1902.
A poesia é um gênero literário que tem como principal característica a composição estruturada de maneira harmônica e em versos. Entretanto, em um significado mais figurado, pode se considerar como poesia a manifestação de beleza e estética expressada por palavras pelo poeta, seu autor.
Poetar é preciso! Declamando ou escrevendo, fazer poesia é expressar-se de forma a combinar palavras, mexer com o seu significado, utilizar a estrutura da mensagem. Isto é a função poética. Assim, são apresentados os vários estilos, as fases de cada autor, os acontecimentos da época e tantas outras interferências que se misturam à obra e dão novos significados.
O objetivo principal desta data comemorativa é incentivar a leitura, a escrita e a produção de obras nacionais. Sabe-se que o setor artístico-literário é um campo restrito, com pouco ou quase nenhum investimento público.
Drummond é considerado um dos mais influentes poetas brasileiros da segunda geração dos modernistas do século XX. Algumas homenagens a ele estão nas cidades de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul com a estátua “Dois Poetas” e na cidade do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, a estátua conhecida como “O Pensador”. Drummond escreveu poesia, prosa, literatura infantil e realizou diversas traduções. Dentre os anos de 1988 e 1990, a imagem de Drummond esteve representada nas notas de cinquenta cruzados.
Desde que foi sancionada pela Presidente Dilma Rouseff, a Lei 13.131 de 03 de junho de 2015, a data era comemorada ainda que não oficialmente, no dia 14 de março, em referência ao nascimento do poeta romântico e baiano Castro Alves, o abolicionista que lutava contra a escravidão, autor dos célebre Navios Negreiros e Espumas Flutuantes; falecido precocemente aos 24 anos de idade.
Na justificativa da proposição, aprovada pelo Senado da República que instituiu o Dia Nacional da Poesia, a ser celebrado, anualmente, no dia 31 de outubro em homenagem à data de nascimento de Drummond, descreve-se que ele tem sido, por várias décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira, com sua obra traduzida para diversas línguas, entre elas o espanhol, o inglês, o francês, o italiano, o alemão, o sueco e o tcheco; por outro lado, foi também tradutor profícuo, tendo vertido para o português várias obras de autores clássicos, como Marcel Proust, Garcia Lorca e Molière. A obra de Drummond continua a influenciar poetas e práticas de ensino e aprendizagem da poesia, seduzindo novos leitores a cada dia. Por isso, um dia dedicado à poesia que também homenageie o poeta poderá marcar ainda mais o amor dos brasileiros pela poesia.
No livro A Rosa do Povo, de 1945, no poema Procura da Poesia, Carlos Drummond de Andrade escreveu com maestria e sensibilidade:
“Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?”
Concluo com a imortal poetisa Cecília Meireles: “Eu canto porque o instante existe / E a minha vida está completa / Não sou alegre, nem sou triste / Sou poeta.”
- Viva o Dia Nacional da Poesia!
GILMAR CARDOSO, advogado, poeta, membro do Centro de Letras do Paraná e fundador da Cadeira nº 01 da Academia Mourãoense de Letras.
POETAR É PRECISO!
Viva o Dia Nacional da Poesia.
“Livros e a Poesia não mudam o mundo,
quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros e os poemas só mudam as pessoas”
(Mario Quintana – 1906/1994)