De assédio à represália: casal é demitido de cooperativa no Paraná

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A campanha presidencial deste ano é marcada por agressões, ameaças, assassinatos, violência e 2.549 casos de assédio eleitoral. Em menos de 12 horas após o resultado e da confirmação da eleição de Lula (PT), grupos de bolsonaristas invadiram e bloquearam rodovias e país assiste novamente as agressões e até tentativas de linchamento. O mesmo está acontecendo em parte das empresas. No Paraná, um casal de trabalhadores que festejou a vitória de Lula foi demitido de uma cooperativa agrícola em Honório Serpa.

Em vídeo e áudio gravado nas redes sociais, o presidente da Câmara de Vereadores de Honório Serpa, Rotilio Antunes de Chaves (MDB) afirma que vai pedir a demissão do casal Cleber Gnoato e Rosemeri de Moraes, trabalhadores da Coamo, porque comemoravam a vitória de Lula. O motivo: Gnoato estava com o cordão do crachá da cooperativa, o que não é possível identificar com clareza no vídeo postado por Chaves.

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O casal foi demitido na terça-feira, 1º de novembro. Ele fez isso porque era um domingo noite, ele não estava trabalhando, simplesmente ele colocou a fita e o do crachá dessa cooperativa para fazer uma confrontação contra o agronegócio, sendo que ele vive, ele e a família dele, exatamente do agronegócio”

“O pessoal do agronegócio pode ficar tranquilo que eu hoje eu vou levar para o gerente, vou levar o gerente e mostrar pra ele. Porque isso não pode acontecer com essa cooperativa que é tão idônea”.

Escamotear

Na divisa do Paraná e Santa Catarina, durante a campanha eleitoral, um grupo de bolsonarista pregava boicote contra profissionais e empresas que apoiaram Lula em Rio Negro e Mafra. Em Foz do Iguaçu, o guarda municipal Marcelo Arruda foi assassinado por um bolsonarista em plena festa de aniversário. O motivo: a decoração da sua festa era em homenagem a Lula. 

Ainda no Paraná, a cooperativa Lar foi proibida de assediar seus funcionários e ainda foi penalizada pela Justiça do Trabalho. E a Concrevali ameaçou seus funcionários com a demissão de 30% do quadro em caso de vitória de Lula.

Matéria desta quarta-feira, 2, Andrei Ribeiro escreve na Folha de S. Paulo que dois dias depois de perder as eleições, apoiadores de Bolsonaro passaram a compartilhar no twitter pedidos de demissões e boicotes a profissionais eleitores de Lula. Sob a tag #DemitaUmPetista, perfis alinhados ao bolsonarismo dizem ter dispensado funcionários por motivos como “contenção de despesas” e “justa causa” e incitam pessoas a deixarem de comprar em estabelecimentos de apoiadores do petista.

Algumas publicações sugerem que empresários “sejam espertos”, não revelem a motivação política das demissões e priorizem a contratação de bolsonaristas. Há ainda posts que orientam os trabalhadores dispensados a “fazerem o L” e pedirem empregos a Lula.

Dispensas ou represálias por conta de opinião política constituem prática discriminatória, contrária à Constituição Federal, que coloca como direito fundamental a livre manifestação do pensamento, sem privação de direitos por convicção política.

Assédios

Levantamento da CUT aponta que em todo o Brasil, foram registradas 2.549 denúncias contra 1.948 empresas que praticaram mais de um assédio eleitoral, segundo dados do Ministério Público do Trabalho (MPT). Os estados onde os patrões mais assediaram eleitoralmente os trabalhadores foram Minas Gerais (584), Paraná (285), São Paulo (266) e Rio Grande do Sul (283).

Segundo o MPT, os empregadores podem ser punidos pela Justiça Eleitoral e pela Justiça do Trabalho. Em alguns casos, a punição pode chegar a quatro anos de prisão e multas pesadas.

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