Levantamento indica que a cada 500 metros de Foz do Iguaçu à Guaíra tem um ponto de embarque de armas, drogas e contrabando
As margens brasileira do rio Paraná e do Lago Itaipu, de Foz do Iguaçu à Guaíra, abrigam mais de três mil portos clandestinos usados para o tráfico de armas e drogas e contrabando de mercadorias ilegais e falsificadas.
O percentual indica que a cada 500 metros existe um ponto de desembarque não autorizado. A afirmação tem como base um levantamento da Delegacia Especial de Polícia Marítima (Depom), da Polícia Federal (PF). As informações são de Ronildo Pimentel, no Gazeta Diário.
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A proliferação dos portos clandestinos teve início a partir de 2006, com a inauguração da nova aduana da Ponte Internacional da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, em Foz do Iguaçu.
Os pontos, com acesso por trilhas e estradas abertas ilegalmente na mata ciliar do rio e do lago, permitem que caminhões e caminhonetes estacionem perto da água, de onde saem carregados com ilícitos transportados em pequenas embarcações.
“Quando o barco pequeno do contrabandista é abordado pela polícia, ele é virado, para que os agentes não possam ficar com a carga”, afirmou o presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), Luciano Barros, à reportagem da Gazeta do Povo.
“Quando a carga é formada por cigarro ou eletrônicos, o contrabando se perde. Mas, quando são agrotóxicos ilegais, eles contaminam a água”.
Contexto
A margem mapeada pelo Depom, tem aproximadamente 1,3 mil quilômetros de extensão, o que dificulta as ações de fiscalização. No entanto, uma área é estratégica segundo o Idesf, principalmente para o tráfico de drogas.
O trecho em questão tem 21 quilômetros e fica entre a hidrelétrica de Itaipu e o Marco das Três Fronteiras, onde Brasil, Paraguai e Argentina se encontram.
A área é tomada por pontos de desembarque de produtos ilegais, alerta o instituto. Todas essas clareiras, picadas e trilhas dão aos contrabandistas a capacidade de agir rápido, e em locais diferentes.
De acordo com Luciano Barros, quando os pontos são identificados, eles são rapidamente abandonados e “interditados” com a derrubada de árvores.
Em seguida é aberto um novo acesso. “Muitas vezes, os agentes com os quais conversamos relatam que a sensação é de enxugar gelo”, disse Luciano Barros.
“A apreensão de cargas bate recorde, e tem impacto na variação do preço dos produtos revendidos no Brasil, mas não chega a ameaçar a atividade dos contrabandistas”, afirma.
Atuação
Nos últimos anos, diferentes órgãos de fiscalização, incluindo a Receita Federal e as polícias Federal, Militar e Rodoviária, melhoraram a integração e passaram a realizar ações conjuntas.
Além das ações promovidas pelo Exército Brasileiro, o que explica os constantes quebra de recordes de apreensões.
A estimativa das autoridades é que mais de 30 diferentes quadrilhas atuam no contrabando e tráfico de armas e drogas na região. O monitoramento diário e o contingenciamento de recursos limita o número de profissionais dedicados à rotina de investigar o descaminho na fronteira com o Paraguai.
A PF e a RF não informaram o total de agentes dedicados à fiscalização, por questões estratégicas.
Além das equipes nas unidades de fronteira como Foz do Iguaçu, Guaíra, Mundo Novo, Ponta Porã e Corumbá, os órgãos mantém equipes de repressão em lugares estratégicos por onde o contrabando pode ser escoado para o interior do país.