É preciso definir datas para início e término das obras, não podemos assistir passivamente este jogo de empurra-empurra, diz entidade
A Federação das Empresas de Hospedagem, Gastronomia, Entretenimento e Similares (Feturismo) vai acionar os ministérios públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE) para cobrar agilidade na recuperação das vias de acesso ao litoral do Paraná pelos prejuízos que vem provocando aos estabelecimentos do setor na região. A execução das obras é urgente as vésperas da temporada de verão e festas de Natal e Reveillon.
As chuvas torrenciais e as ocorrências de deslizamentos de terra em rodovias, desde meados de outubro, obrigaram o bloqueio das principais estradas que levam às praias paranaenses como a BR-277 e a BR-376 e até a Estrada da Graciosa. “Nosso setor, que tanto sofreu na pandemia, não pode arcar com mais este prejuízo pela inércia das autoridades em garantir a liberação do trânsito nestas vias”, disse Fábio Aguayo, presidente da Feturismo.
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“É preciso definir datas para início e término das obras, não podemos assistir passivamente este jogo de empurra-empurra. O MPF e o MPE precisam responsabilizar quem está deixando passar um tempo tão precioso para empresários e trabalhadores do litoral”, ressaltou. No último final de semana, não haviam equipes atuando para liberar o tráfego nos trechos, um contraste frente à agilidade na liberção do acesso à Santa Catarina.
Em função das dificuldades para chegar a região, estabelecimentos de hospedagens já registram cancelamento de 50% das reservas que haviam sido feitas para o final de ano no litoral. “Nossos turistas estão indo para outros destinos”, disse. A Feturismo cita como exemplo a atitude do MPF que chamou gestores e órgãos públicos para discutir os motivos da paralisação das obras no trecho norte do Rodoanel Mário Covas em São Paulo.
“É este tipo de atitude que precisamos do MPF e do MPE aqui no Paraná”, disse Aguayo. Os municípios da região litorânea se prepararam para uma temporada histórica de verão, especialmente após as obras de engorda da praia de Matinhos. “Não podemos ver o desenvolvimento desta região andar para trás, como ocorreu na pandemia”, completou Aguayo.
Expectativa frustrada
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Matinhos (Acima), Adriano Menine Ribeiro, disse que até antes dos deslizamentos na Serra do Mar a expectativa era extremamente positiva. Os mais otimistas pensavam em alta de até 30% no faturamento, enquanto o comércio em geral tinha a perspectiva de uma alta entre 10% e 15% nas vendas em relação ao verão passado.
“Mas agora já temos uma retração disso. Nos últimos finais de semana o movimento foi ínfimo”, lamenta Ribeiro, comentando ainda que o empresariado já nem tem expectativas com relação ao Natal. A situação do Hotel Cabana Suíça, em Guaratuba, e da Pousada Volare, em Matinhos, ajudam a ilustrar a situação.
No primeiro estabelecimento, o supervisor Nathan Araújo de Almeida comenta que até antes dos deslizamentos ocorreram a procura por reservas estava bem grande, com o hotel funcionando com lotação praticamente máxima aos finais de semana. Depois da tragédia na BR-376, o que veio foi o “caos”, nas palavras dele.
Geraldina de Freitas, gerente da Pousada Volare, conta que já ocorreram cancelamentos de reservas para o final de ano e os hóspedes chegam mais tarde – as viagens de Curitiba até as praias duram o dobro do normal. “As pessoas chegam irritadas, cansadas. Temos de abrir um sorriso, tentar acalmar. Está bem complicado”, disse.
Transportadores
A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar) cobrou, nesta quarta-feira (14), agilidade do Governo Estadual e órgãos competentes para liberação total da BR-277. O primeiro bloqueio na via aconteceu dia 14 de outubro, depois que uma grande encosta caiu na Serra do Mar, na altura do km 42.
Depois, houve outra situação no dia 29 de novembro, que chegou a interditar totalmente a rodovia, que atualmente está em pista simples. Para a Fetranspar, entidade que representa mais de 20 mil empresas, os sedimentos que estão na rodovia, interditando-a parcialmente, são apenas a ponta do problema que não parece ter uma solução tão próxima.
“É necessário tratar o assunto com prioridade. O jogo de empurra entre órgãos responsáveis pela estrada e o próprio Governo Estadual é o que mais atrapalha. A rodovia já poderia estar em vias de liberação se esforços fossem somados”, disse o coronel Sérgio Malucelli, presidente da Fetranspar.