O resgate Histórico dos caminhos do Peabiru, por Gilmar Cardoso

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Com o objetivo de se estabelecer rotas oficiais e sinalizadas dos Caminhos do Peabiru por toda sua extensão no território paranaense, sob o título de – Projeto Caminhos de Peabiru do Paraná: História, Cultura, Esporte, Turismo e Meio Ambiente – o Governo do Estado através da Superintendência Geral da Cultura e da Casa Civil da Governadoria promove o lançamento oficial e apresentação de uma iniciativa oficial de resgate histórico da milenar rota transcontinental pré-cabralina, muito usada pelos indígenas brasileiros e primitivos povos andinos; que ligava o Oceano Atlântico ao Pacífico.

Peabiru é uma palavra da língua tupi-guarani: “pe” significa caminho e “abiru”, gramado amassado. Não há dúvidas sobre a existência do Peabiru – o caminho que foi criado e usado pelos índios. O traçado original, entretanto, ainda é uma incógnita. Sabe-se que os caminhos ligavam uma tribo a outra, mas que sofreram modificações ao longo dos anos com a chegada dos dominadores espanhóis, dos tropeiros e dos bandeirantes.

O estado do Paraná é o estado mais rico em traçados dos caminhos de Peabiru. O caminho era uma estrada primitiva, porém muito bem ordenada rumo ao desconhecido, que possuía oito palmos de largura, ou seja, cerca de um metro e meio de largura e um rebaixamento de 40 centímetros. Pesquisas apontam que o percurso era coberto por uma espécie de gramínea que não permitia que arbustos, ervas daninhas e árvores crescessem em seu curso, e evitava também a erosão, pois ele era intensamente utilizado. O Caminho propiciava uma troca cultural e mercantil muito rica entre os povos. Além disso, atendia à necessidade desses povos em terem um caminho e uma forma de comunicação.
Do Atlântico, dois caminhos principais saiam através do Guairá rumo aos afluentes do Rio Iguaçu e do Paraná. No Peabiru andaram nativos, portugueses e espanhóis pela principal via entre a América espanhola e a metade Sul da América do Sul. Esses Caminhos do Peabiru e trilhas indígenas foram decisivos para a fundação de diversos povoados e cidades.

Liderado por uma eficiente e atuante Equipe Técnica após pertinentes e bem fundamentadas pesquisas criou-se o – Projeto Caminhos de Peabiru do Paraná -, estabelecendo-se rotas de trilhas em vários níveis de dificuldades, modalidades, do caminhante ao motociclista, do tropeiro ao corredor, do jipeiro ao ciclista, passando por trechos onde se deitavam os Caminhos históricos. Cachoeiras, minas de água, antigas construções, montanhas, vales e reios, cidades, arquiteturas urbanas e rurais, comidas, parques, numa só aventura como atrativo aos visitantes a realizar a Trilha pelos Caminhos de Peabiru do Paraná.

Nesta primeira etapa, a rota traçada passou por 81 cidades e seus 29 Distritos. Cerca de 1.550 quilômetros de caminhos, unindo o Paraná, de ponta a ponta. Há diversas possibilidades de uso do trajeto, seja para longos percursos ou percursos menores.

O primeiro e mais importante critério para esta exposição é o de caminhar por onde caminharam povos, o que certamente é fascinante. Assim, fora considerada a historiografia acerca dos caminhos, desde Rosana Bond a Reinhard Maack, de Cabeza de Vaca a Arléto Rocha. Dentre os critérios geográficos, temos que os indígenas principalmente buscavam caminhos com esforço menor, seguindo rios, desviando montanhas, acidentes geográficos. No traçado desta rota, também levou-se em consideração tal ato, contudo desdobrando-se em segunda direção.

Sobre a questão logística, temos que o traçado se orientou pelo principio histórico, geográfico, mas considerando também a comodidade do turista. Buscou-se o uso de estradas rurais, para fuga do trânsito intenso das rodovias. Procurou-se a conexão entre cidades e distritos, partindo da premissa do caminhante de ter um posto de água, apoio, socorro, posto de combustível, farmácia, hospital a cada 10 ou 15 km. Neste caminho buscou-se contemplar atrativos turísticos locais como cachoeiras, rios, grutas, montanhas, reservas florestais, parques, belezas naturais e artificias, museus, templos. Também buscou interligar trilhas ou trajetos já utilizados por empresas ou comunidades.

Dentre os objetivos específicos do novel programa histórico e turístico constam a geração de trabalho, emprego e renda por meio da economia criativa, incremento às redes de restaurantes, hotéis, artesanato e aos comércios locais; busca-se a atração de turistas nacionais e internacionais, além de reavivar a História do Estado pela inserção no currículo escolar do tema específico em todos os níveis de educação, solidificando o sentimento de pertencimento da população paranaense com a sua terra; e ainda estimular a saúde, o contato com a natureza e a integração entre as pessoas.

Parabenizamos em uníssono e de pé a valorosa equipe técnica do programa composta pela secretária Luciana Casagrande Pereira, Vinicio Bruni – coordenador do patrimônio cultural, do assessor técnico Luciano Maestri, do historiador e pedagogo Washington Luiz e do meu estimado amigo e entendido sobre o tema, incentivador, historiador e geógrafo confrade Arleto Rocha, da Academia Mourãoense de Letras (um dos cérebros do programa).
Faço votos de que efetivamente Projeto Caminhos de Peabiru do Paraná: História, Cultura, Esporte, Turismo e Meio Ambiente possa levar-nos a conquistar, de novo, a contemplação de uma terra sem males avistada no horizonte a partir deste fantástico caminho de chão batido e amassado.

Deju Porã! (bem vindo em Guarani) Caminhos do Peabiru.

GILMAR CARDOSO, advogado, poeta, membro do Centro de Letras do Paraná e fundador da Cadeira nº 01 da Academia Mourãoense de Letras e colunista do Cabeza News.

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