Acadêmicos revelam sonhos e sacrifícios para estar no Parlamento Universitário do Paraná

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(Esq. p/ direita) Francielle Franco, Júlia Couto e Chisthopher Lenk: vivência revela desejos que transcendem a experiência academia.. Créditos: Orlando Kissner/Alep

Assim como os deputados oficiais, cada integrante do Parlamento Universitário chega à Assembleia Legislativa do Paraná com uma história, bandeira e propósitos. A vivência revela desejos que transcendem a experiência academia

Para o estudante Chisthopher Lenk, de 17 anos, por exemplo, estar no Parlamento Universitário é uma espécie de prévia. O representante da Unioeste assegura que vai estar na Assembleia Legislativa como deputado oficial em breve. É quase uma questão de vida ou morte. “Se vocês não me virem daqui a cinco anos aqui dentro, ou eu vou estar morto ou eu vou estar em outro país”, disse, convicto.

E ele fala com a propriedade de um “veterano” no legislativo estadual. Em 2022, foi um dos alunos secundaristas cujo projeto acabou selecionado no programa Geração Atitude – mais uma iniciativa desenvolvida pela Assembleia Legislativa, que promove a cidadania e democracia com a participação dos jovens. O projeto, em conjunto com o Ministério Público do Paraná, tem apoio da Secretaria de Estado da Educação, Tribunal de Justiça do Paraná e do Governo. O objetivo é apoiar a formação cidadã de estudantes paranaenses da rede estadual de ensino incentivando o envolvimento político e o protagonismo juvenil.

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“No ano passado eu participei junto com o meu colégio lá de Marechal Cândido Rondon. Vim representando a minha região, como o único lá do Oeste do Paraná. Fiz um projeto sobre enfermagem nos colégios e tive a oportunidade de defender aqui na Assembleia. Agora está sendo minha segunda vez, participando juntamente com a faculdade Unioeste e mais cinco integrantes. Me sinto honrado em estar junto com eles agora”, afirmou o estudante de Ciências Contábeis.

“A ideia da Assembleia com o Parlamento Universitário é muito boa porque incentiva os jovens que têm interesse político em participar, em descobrir um pouco mais sobre como funciona aqui dentro. Eu mesmo quero muito ser um político também. Então, se vocês não me virem daqui a cinco anos aqui dentro ou eu vou estar morto ou eu vou estar em outro país”, garantiu.

Christopher conta que não tem ninguém na família envolvido com a política. O despertar do interesse na carreira eletiva aconteceu quando ele foi presidente do Grêmio Acadêmico da sua escola. “Me senti importante com a função. Todo mundo gosta de se sentir importante, então veio a ideia de fazer algo maior. Já me filiei a um partido político, procurei alguns vereadores na minha cidade e até fui convidado para ajudar da campanha municipal no ano que vem para conhecer melhor”, contou.

Se Christopher não tinha muita proximidade com a política, a estudante de Direito Júlia Couto, de 17 anos, vive essa realidade dentro de casa. Ela é filha do deputado estadual Denian Couto (Podemos). Ainda no primeiro ano do curso na PUC, ela disse ter ficado surpresa ao ser selecionada.

“Quando saiu o resultado, eu nem imaginava ser chamada, pois não sabia que o rendimento acadêmico faria parte do processo seletivo. Achei que eles fossem escolher os alunos que cursassem períodos mais avançados. Mas eu fiquei muito feliz e agora eu tenho vontade de aprender mais sobre todo o processo legislativo”.

Escolhida como vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal comissão da Assembleia e também do Parlamento Universitário, ela assegura estar animada com a experiência. “Sempre tive vontade de devolver para a sociedade um pouco do que eu recebi. Tive uma vida muito privilegiada e acho que não existe maneira melhor de retribuir do que criando leis que beneficiem as pessoas. Então, foi aí que veio a minha vontade de participar do Parlamento Universitário. E também pesou o trabalho do meu pai, que eu acho muito nobre e lindo”, contou Júlia.

Ela ficou um pouco nervosa quando teve que encarar o papel de parlamentar na frente do pai, que acompanhou a simulação dos estudantes. “É o cara que sabe tudo e eu ainda estou aprendendo. Mas ele estava aqui para me apoiar”, acrescentou.

Rifa de camisa de futebol

O desejo de participar da imersão como deputada universitária na Assembleia Legislativa do Paraná mobilizou a estudante Francielle Franco, sua família, amigos, os colegas de trabalho e até o time de futebol do Londrina. Para garantir o seu custeio em Curitiba, a estudante de Direito da Universidade Estadual de Londrina, de 30 anos, contou com doações e com a arrecadação de uma rifa da camisa autografada do Tubarão.

“Sou bolsista e estagiária no Tribunal de Justiça lá de Londrina. Então, para me ajudar no custeio, o meu chefe deu a ideia de fazer uma rifa. Comprei uma camisa do Londrina e os jogadores me deram a honra de assinar. Consegui fazer uma rifa e juntar um pouquinho mais de dinheiro, fora as doações de amigos e dos meus pais para bancar a estadia em um Airbnb com uma amiga”, contou.

Em sua primeira visita a Curitiba, ela ainda trouxe a alimentação do Norte do Paraná, em várias marmitas congeladas para os dias de programação do Parlamento Universitário.

Além de toda essa dedicação, ela ainda lida com a saudade dos filhos João, de 10 anos, e Heloísa, de oito. “É difícil. Mas tem sido uma experiência enriquecedora, maravilhosa. Não imaginei que era algo tão grande assim. Espero aproveitar ao máximo, fazer o networking. Gosto muito de Direito Administrativo e tenho muito interesse em trabalhar aqui na Assembleia, quem sabe em algum momento eu consiga. Mas, por enquanto, estou dando tudo de mim no Parlamento, sendo bem participativa em tudo”, afirmou.

Ela ficou em segundo lugar na eleição para o Governo. “Mesmo assim foi uma grande emoção. Deixei meu discurso escrito de lado e falei com o coração pela representatividade, por ser uma mulher, uma mulher negra. Foi muito importante”, citou Francielle, que assumiu o posto e líder da Oposição, onde tem intensificado o debate sobre os projetos em pauta.

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