Questionado pelo presidente da CPI da JMK, deputado estadual Soldado Fruet (PROS), nesta terça-feira (3), o ex-gerente financeiro da gestora da frota do Governo do Paraná, Thiago Mallard Scaldaferri, contou que agentes políticos participavam de reuniões com diretores da JMK na sede da empresa, mas disse desconhecer os nomes.
“Sei que os diretores tinham proximidade com agentes políticos que não eram tomadores dos serviços. Algumas vezes eu subia na sala dos diretores para tratar dos pagamentos às oficinas e a secretária avisava que eles não podiam atender porque estavam reunidos com gente bem importante e não podiam ser interrompidos”, relatou.
Thiago ficou doze meses na empresa, entre 2015 e 2016. Ele explicou que Marcos Zanotto, que figurava no contrato social como proprietário da empresa, era, na verdade, seu funcionário. “Fui contratado para organizar o departamento financeiro, mas depois de algum tempo passei a sentir desconforto com algumas práticas ali dentro”, declarou.
Segundo ele, foi esse motivo que o levou a pedir demissão. “Já nos primeiros 30 dias percebi que o volume de fornecedores ligando cobrando pagamentos atrasados seria rotina”, citou. Ele disse que, embora a JMK recebesse integralmente do Estado 30 dias após os consertos, pagava parcelado às oficinas, em 30, 60 e 90 dias.
Segundo o ex-gerente, uma das situações que gerou insegurança foi a alteração no método de conferência dos serviços. “Inicialmente, a empresa só podia faturar a partir do momento que recebia o check-list assinado pelo agente público ao retirar o veículo da oficina, atestando a execução do serviço. Depois, por diretriz do Aldo [Marchini, um dos responsáveis pela JMK], uma equipe passou a ligar para a oficina confirmando se a ordem de serviço foi executada e alteravam no sistema”, relatou.
O ex-funcionário admitiu que, após essa mudança no procedimento de verificação, houve faturamento de serviços não executados, mas alegou que não percebeu devido ao grande volume de notas fiscais. Thiago declarou ainda que não tinha acesso às contas bancárias utilizadas para recebimento e pagamento às oficinas. “Eu fazia uma lista dos pagamentos, mas eram os diretores que decidiam quem receberia e quanto”, ressaltou.
Na avaliação dele, o principal problema na execução do contrato foi a falta de fluxo de caixa da empresa, aliada a dificuldades no recebimento de alguns órgãos e ao alto custo operacional. O ex-gerente afirmou que os recursos da empresa vinham do comissionamento acordado pela JMK com as oficinas, primeiro de 10%, depois elevado para 15%, que ele não considerava irregular. “A empresa recebia R$ 200 mil por mês e as despesas eram de R$ 500 mil. Com o tempo, só aumentou o endividamento”, apontou.
Questionado pelo presidente da CPI sobre os saques de alto valor efetuados em espécie da conta da empresa, de até R$ 100 mil, ele explicou que eram destinados aos pagamentos de serviços de profissionais freelancers, complemento salarial de funcionários da JMK “por fora”, pró-labore e contas pessoais dos donos da empresa, como as parcelas de um automóvel Mercedes Benz pertencente a Aldo. Thiago confirmou que Aldo pediu para sacar com urgência R$ 25 mil na véspera de uma reunião, cujo teor alegou desconhecer.
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