A alta do dólar frente ao real já começa a impactar nas vendas do comércio de Ciudad del Este, município paraguaio ligado à Foz do Iguaçu pela Ponte Internacional da Amizade. A desvalorização da moeda acelerou desde o início de julho, reduzindo o poder de compra dos brasileiros no exterior. No outro lado da fronteira, todos os produtos comercializados tem seus valores estabelecidos com base na moeda estadunidense.
A queda do real se acentuou no último final de semana, chegando em média R$ 5,50 por dólar no comércio de Ciudad del Este, maior valor desde o final de janeiro, quando chegou a R$ 5,56 informou a rádio La Clave. Existem componentes interno e externo que influenciam o sobe e desce de ambas as moedas.
A alteração do dólar é resultado de fatores políticos internos, com efeitos internacionais, como a provável alta das taxas de juros na zona do euro e a desaceleração da demanda global pela moeda, que tem forte influência na economia da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. As informações são de GDia
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Quando se fala em desvalorização do real frente ao dólar, a primeira coisa que vem à mente é o impacto que isso tem no comércio de Ciudad del Este. No entanto, o golpe atinge também Foz do Iguaçu e em menor extensão Puerto Iguazú, na Argentina, destaca a reportagem.
Roteiro turístico
Vale lembrar que fazer compras em Ciudad del Este é mais um componente do pacote turístico que as agências de turismo, principalmente de Foz do Iguaçu, comercializam na região. Quando o real perde poder aquisitivo, muitos turistas deixam de visitar a região e apostam nas compras nacionais de fim de ano.
As férias de julho, consideradas alta temporada, não ficaram fora de lugar nas duas primeiras semanas, mas os patamares alcançados em 2019, antes da pandemia, não foram atingidos. De acordo com representantes do setor, o comércio local melhorou em relação a 2020 e 2021, mas é preciso levar em conta que são anos de pandemia, portanto não é um ponto de comparação válido.
Novo cenário
A forma de trabalhar hoje em Ciudad del Este é totalmente diferente daquela de 10 anos atrás. As grandes lojas trabalham muito pelas redes sociais e contratam “influenciadores” para suas campanhas de divulgação.
Embora os verdadeiros turistas, aqueles vistos passeando pelas ruas, não estejam muito ligados às redes sociais e das suas promoções, é um setor mais complicado de mobilizar. “Estamos trabalhando duro, temos compromissos a cumprir, funcionários para pagar salários e temos dias bons e ruins”, disse Jorge Benítez, proprietário de uma loja de venda e conserto de celulares instalada no shopping Jebai Center.
“Feriados próximos aos finais de semana tiveram avaliação positiva, mas não é suficiente para uma recuperação sustentada da economia da nossa cidade”, ressaltou. Benítez lembra que a desvalorização gera muita incerteza, pois é difícil prever como os compradores brasileiros vão reagir.
“Também temos clientes que vêm da Argentina, mas com essa crise que eles estão vivendo agora, eles também deixaram de vir. Há muita incerteza e por isso é difícil dizer-vos como vamos terminar o ano, logicamente todos esperamos o melhor”, concluiu o empresário.
