Ataque a tiros no Consulado do Brasil em Ciudad del Este deixa funcionária ferida e atirador em morte cerebral

Agentes apreenderam armas, munições e equipamentos eletrônicos em dois apartamentos do atirador. Funcionária ferida foi socorrida e permanece hospitalizada em estado delicado

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Foto: Reprodução/ Portal da Cidade

Um cidadão brasileiro abriu fogo contra o Consulado do Brasil em Ciudad del Este, no Paraguai, na tarde de quinta-feira (3). O ataque, que segundo a polícia teria motivação política, deixou uma funcionária ferida e terminou com o agressor em estado de morte cerebral.

O autor dos disparos foi identificado como Cássio Mussawer Montenegro, um brasileiro com 532 processos judiciais em seu país, sendo 415 deles no Estado de São Paulo e 21 no Paraná. Montenegro era conhecido por seu perfil de extremista político. Nas redes sociais, ele se apresentava como crítico ferrenho do sistema judiciário brasileiro, que classificava como corrupto, e reclamava de perseguição política.

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Nos últimos anos, Montenegro tentou se candidatar a cargos públicos, como vereador em Foz do Iguaçu e em cidades do interior de São Paulo, mas suas candidaturas foram barradas pela Justiça brasileira em razão de seu vasto histórico criminal. Ele chegou a deixar o Brasil para se refugiar no Paraguai, onde vivia sozinho em um apartamento próximo ao Consulado. Para investigadores paraguaios, o atentado foi um ato premeditado, motivado por um sentimento de vingança contra instituições brasileiras.

O crime aconteceu por volta das 13h20, quando Montenegro chegou ao prédio do Consulado armado com um revólver calibre 357 mm. Sem dizer uma palavra, disparou contra os vidros do Consulado, atingindo a ex-juíza Prima Felicia Benítez de Cantuni, de 78 anos, que atua como assessora jurídica. Ela foi ferida no braço esquerdo enquanto aguardava transporte e foi levada em estado delicado para o hospital da Fundação Tesãi.

Imagens de segurança mostram que uma vigilante que conversava na entrada reagiu imediatamente, sacando sua arma e revidando os disparos. A reação impediu que o atirador invadisse o prédio, frustrando a possibilidade de uma chacina. Sem conseguir avançar, Montenegro caminhou alguns metros, colocou o revólver na boca e disparou contra si mesmo, ficando em estado de morte cerebral.

No local, a polícia encontrou uma carta de despedida em que ele escreveu: “Não suportei a dor e resolvi partir. Deixo meu cadáver às autoridades coatoras o peso da minha história”. Na carta, ele ainda pediu para ser enterrado junto ao pai e que seus bens fossem distribuídos entre os familiares, reafirmando o caráter político de sua motivação.

Após o atentado, a polícia paraguaia revistou dois apartamentos alugados por Montenegro em Ciudad del Este. Foram apreendidos uniformes militares, chaleco tático, pelucas, discos rígidos, livros, caixas de munição e até máquinas supostamente usadas para mineração de criptomoedas. Segundo os investigadores, o material indica que ele vinha se preparando há semanas para o ataque.

De acordo com as autoridades, Montenegro pretendia assassinar várias pessoas dentro da sede diplomática antes de tirar a própria vida, como forma de “retaliação” por sua suposta perseguição política no Brasil. A ação da vigilante foi decisiva para evitar um massacre. A funcionária baleada segue internada, e o Consulado deve permanecer fechado temporariamente para reforço de segurança.

@fozdiario


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