Assunto foi tema de webinar promovido pela Rede Global de Soluções Sustentáveis em Água e Energia, parceria da Itaipu e Undesa
A conservação da biodiversidade é essencial para assegurar o suprimento de água e energia e construir infraestruturas adaptadas e resilientes às mudanças climáticas. Essa estratégia foi defendida pelos painelistas do webinar “O papel-chave da biodiversidade no apoio a soluções sustentáveis em água e energia, ecossistemas e enfrentamento das mudanças climáticas”, promovido pela Rede Global de Soluções Sustentáveis em Água e Energia na última sexta-feira (13).
O evento on-line reuniu cerca de 200 participantes de várias partes do mundo, como Argentina, Peru, Tunísia, Estados Unidos, França, Índia, Nigéria e Irã. Os painelistas apresentaram experiências bem-sucedidas sobre como a conservação de biodiversidade impacta nos negócios de água e energia.
O diretor do Centro de Conservação e Sustentabilidade do Smithsonian Conservation Biology Institute (EUA), instituição parceira da Itaipu no Paraguai, Francisco Dallmeier, apresentou um histórico sobre a perda de biodiversidade registrada nas últimas décadas, com o avanço do desmatamento, especialmente por conta da falta de cuidado no uso do solo. Ele também abordou a necessidade de implantar sistemas produtivos sustentáveis, que considerem os serviços ecossistêmicos (ciclos de água e de nutrientes), e a adoção de melhores práticas para a geração de energia e produção de alimentos.
“O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) reforça a influência humana sobre o rápido aquecimento que o planeta está sofrendo, alterando os padrões de chuva e o acúmulo sazonal de água. Estabilizar o clima exige forte, rápida e sustentável redução das emissões de gases de efeito estufa”, defendeu Dallmeier.
O superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu-Brasil, Ariel Scheffer, ressaltou a importância da conservação da biodiversidade para o setor hidrelétrico, demonstrando a conexão entre o Oceano Atlântico, os diferentes biomas brasileiros e o ciclo das chuvas na América do Sul, por meio dos chamados “rios voadores”, que conectam a Amazônia ao Sul do Brasil.
“As questões ecossistêmicas estão diretamente ligadas à segurança hídrica e energética. Por isso, a conservação da biodiversidade é um fator estruturante para as ações que a Itaipu desenvolve no seu território de influência”, garantiu. “Precisamos, cada vez mais, disseminar as soluções baseadas na natureza. Conservar a biodiversidade é bom para os negócios”, resumiu.
O diretor de Coordenação da margem brasileira da Itaipu, Luiz Felipe Carbonell, que fez a abertura do webinar juntamente com o superintendente de Gestão Ambiental pela margem paraguaia, Gustavo Ovelar, enfatizou a importância da troca de experiências e informações para fazer avançar as metodologias e práticas sustentáveis em escala global.
Uma dessas metodologias foi apresentada no webinar. O Padrão Internacional de Gestão Territorial Sustentável, em desenvolvimento pelo Instituto LIFE, em parceria com a Itaipu e o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) envolve a criação de princípios e indicadores, e uma métrica para aferir resultados. O padrão pressupõe a participação dos atores de um território (empresas, comunidades, agricultores, prefeituras, entre outros) que alimentam um software. Este, por sua vez, fornece uma fotografia da sustentabilidade territorial, em seus aspectos ambientais, sociais, econômicos e culturais.
Após duas consultas públicas, com a participação de 33 instituições de 10 países, o padrão entrará em fase de testes em setembro. “O padrão de gestão territorial engaja os diferentes atores de uma região. É algo que pode ser aplicado não apenas na área de influência da Itaipu, mas em outros territórios, inclusive internacionalmente”, afirmou Regiane Borsato, gerente técnica do Instituto LIFE.
O painel contou ainda com a participação da gerente do Programa de Engajamento de Negócios da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bianca Brasil. Ela defendeu que as empresas e o setor financeiro, assim como governos e a sociedade civil, têm um papel-chave a desempenhar nesta década, para fazer frente aos desafios de promover a descarbonização da economia, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.
“Para enfrentar esses desafios, parcerias e atuação em rede são essenciais. E a Rede Global de Soluções Sustentáveis em Água e Energia é um bom exemplo de parceria multistakeholder com esse fim”, destacou Bianca, em referência à rede fundada pela Itaipu Binacional e pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (Undesa), e que conta com a participação de empresas e organizações de todos os continentes para promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 6 (água) e 7 (energia), e suas interrelações com os demais objetivos da Agenda 2030 da ONU.