O julgamento do policial penal federal e defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Jorge José Guaranho, que matou a tiros o Guarda Municipal Marcelo Arruda, será realizado no próximo dia 7 de dezembro. A data do júri popular consta do despacho da Vara Plenário do Tribunal do Júri da Comarca de Foz do Iguaçu, expedido nesta semana. Se for condenado a pena máxima, o acusado que está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, pode pegar até 30 anos de cadeia.
Destaca o GDia que o crime foi praticado em julho de 2022, no local em que Marcelo Arruda, então tesoureiro do PT, comemorava os 50 anos no quiosque de uma associação na região da Vila A, em Foz do Iguaçu. O motivo, segundo apontaram as investigações, teria sido o tema da festa, em homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o assistente de acusação, o advogado Paulo Henrique, o julgamento do caso foi definido pelo juiz Jugo Michelini Júnior.
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O magistrado determinou que o sorteio dos jurados seja feito no dia 20 de novembro, de forma virtual. “Verifico que o presente feito atendeu durante o seu trâmite às exigências legais, apresentando todos os pressupostos processuais e condições gerais e específicas da ação penal. Por essa razão, saneado está o feito. Entendo que o processo está pronto para julgamento”, escreveu Michelini Junior em seu despacho.
Em nota à imprensa, a defesa de Guaranho afirmou considerar importante que o julgamento pelo Tribunal do Júri ocorra logo para que o policial penal federal “possa provar a sua inocência” e reparar a “injusta prisão”. O crime, ocorrido no dia 9 de julho do ano passado, teve motivação política, segundo Ministério Público (MPPR), que ofereceu a denúncia contra o acusado.
Os advogados que representam a família de Marcelo Arruda e atuam como assistentes de acusação, afirmaram buscar a integral reparação do “mal causado” pelo atirador. “Que casos como este não mais se repitam, com a realização da mais pedagógica Justiça. A família aguarda uma atuação serena, técnica e equilibrada do Ministério Público, de comportamento irrepreensível”, afirmam no manifesto.
Contexto
Marcelo Arruda foi vítima do ódio político que marcou a última campanha para presidente do Brasil. Ele estava com familiares e amigos no momento em que foi baleado na própria festa de aniversário e não resistiu aos ferimentos provocados pelos disparos feitos pelo policial penal Jorge Guaranho. O autor do crime invadiu uma propriedade privada que estava locada para o evento porque não gostou do tema da festa, que fazia referência do presidente Lula e o PT.
Arruda, que era guarda municipal, chegou a reagir ao ataque e atingiu o agressor. Ambos foram encaminhados ao hospital, mas ele não resistiu aos ferimentos e faleceu. Guaranho, que ficou sabendo da festa ao ver as imagens no celular de um conhecido durante uma confraternização próxima ao local do crime, permaneceu um mês se recuperando no hospital, de onde foi transferido para prisão domiciliar sob a alegação que não havia vaga no Complexo Médico Penal de Pinhais, para continuar os cuidados médicos com ele.
Transferência
Diante da polêmica, dois dias após o fato, ele foi transferido para a penitenciária, onde permanece detido à espera do júri popular ainda sem data definida. Quando ficou sabendo da festa no quiosque da associação, Guaranho estava com a esposa e o filho de dois meses e decidiu ir até o local para “provocar” o aniversariante com músicas ressaltando seu ídolo, o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que se preparava para tentar a reeleição.
Após uma discussão onde os presentes pediram para ele ir embora, já que se tratava de uma festa privada, ele saiu do local prometendo retornar e “matar todos”, fato que ocorreu 15 minutos após. Guaranho chegou e na descida do carro sacou a pistola que pertencia a União e começou os disparos. Ele só não matou mais pessoas devido a rápida ação da esposa da vítima que o derrubou no chão. Marcelo Arruda deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles tinha pouco mais de 40 dias.