As fortes chuvas nas bacias hidrográficas dos rios Paraná e especialmente Iguaçu, deixaram ao menos 40 casas alagadas no San Rafael, bairro na periferia de Ciudad del Este próximo a Ponte Internacional da Amizade, na fronteira do Brasil com o Paraguai. O número de residências afetadas poderá aumentar, caso o nível das águas não diminua. Prognóstica da Itaipu indica que alagamento deve acabar no domingo (16).
Destaca o GDia que a cheia do rio Paraná é creditada ao represamento provocado pelo rio Iguaçu, que passou dos 16 milhões de litros de água por segundo nas Cataratas do Iguaçu, segundo monitoramento da Copel. As casas atingidas em Ciudad del Este estão na parte baixa do bairro San Rafael, localizadas próximas ao leito do rio. Caso as chuvas não deem uma trégua, outras residências devem ser atingidas.
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A rádio La Clave relata que várias famílias precisaram deixar suas casas, contando com a ajuda de vizinhos e funcionários da Itaipu. Os desabrigados foram instalados em uma propriedade denominada Seccional Vermelha e no galpão da escola Imaculada Conceição, em uma região mais alta nas proximidades da Ponte da amizade. Outra situação que pode complicar mais a vida dos moradores é o rio encobrir a ponte do córrego Acaraymí, deixando parte do bairro isolado.
“Depois de seis anos voltamos a ter uma enchente como essa, mas o povo de Itaipu nos disse que nos manterá informados”, disse Paulino Amarilla, morador local. “No caso do nível que chegará no sábado (hoje, 15), pela minha experiência a água chegaria ao portão da minha casa, então eu não teria que sair de lá. Vou esperar a descida do meu quarto”, concluiu ele, a poucos metros da enchente.
A Itaipu levou barracas, mantimentos, transporte para carregar pertences dos moradores e outras contribuições para permanecerem nos abrigos enquanto durar o fenômeno natural. A solidariedade característica dos paraguaios foi um dos destaques, principalmente na preparação dos alimentos aos atingidos. O grande volume de lixo que apareceu com a cheia do rio também chamou a atenção.
Nível começa baixar
Um prognóstico da Itaipu trouxe um pouco de alívio aos moradores do San Rafael. O estudo indica redução de impacto gradativo às comunidades ribeirinhas afetadas na margem paraguaia, as primeiras atingidas. Não há expectativa de abertura das comportas do vertedouro, reforçou a binacional.
O nível do rio Paraná na região de Foz do Iguaçu registrou redução de dois metros ontem (14), comparado ao dia anterior, com tendência de queda para os próximos dias. O prognóstico foi apresentado à Comissão de Cheias da Itaipu, formada por brasileiros e paraguaios, convocada nesta semana para acompanhar o aumento do volume das águas dos rios.
No final da manhã de ontem, o nível do Paraná na Ponte da Amizade estava em 111,51 metros. Na quinta (13), as águas chegaram ao pico de 113,53 metros, registrado entre as 20h e 21h. Os modelos hidrodinâmicos da usina preveem o recuo das águas e a saída da chamada “faixa de inundação”, que considera áreas ribeirinhas do rio, a partir de domingo (16).
Faixa de inundações
As primeiras inundações começam quando o Paraná chega a 108 metros acima do nível do mar na região da Ponte da Amizade. Neste patamar, é atingido o bairro de San Rafael, em Ciudad del Leste. No lado brasileiro, o primeiro impacto da cheia é no porto de areia do bairro Porto Meira, mas isso ocorre apenas quando o nível sobe para 114 metros.
Para mitigar os danos às comunidades, a Itaipu tem armazenado água em seu reservatório (acima da usina). Nesta sexta-feira (14), o nível do lago era de 219,91 metros. Com as previsões de afluência atuais, não há expectativa de abertura das comportas do vertedouro.
Cataratas segue com vazão acima da média
O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu, continuou registrando ontem vazão acima da média, com 11 milhões e 400 mil litros d’água por segundo. A vazão está sete vezes maior que a média de 1 milhão e 500 mil litros.
Conforme expectativa, o fluxo de água começou a diminuir no rio Iguaçu, mas a vazão deve permanecer alta nos próximos dias. Por medida de segurança, apenas a passarela que dá acesso ao mirante da Garganta do Diabo permanece interditada. Os demais mirantes estão liberados para delírio dos visitantes, que podem apreciar o espetáculo das águas nas Cataratas – o maior conjunto de quedas d’água do mundo.
