No início de 2021, médicos, empresários e profissionais liberais “voluntários” de Foz, passaram oferecer consultas por telemedicina a pacientes com sintomas iniciais da covid
A Justiça Federal do Rio Grande do Sul condenou os defensores do chamado “tratamento precoce” contra a covid ao pagamento de indenizações no valor de R$ 55 milhões por danos morais coletivos e à saúde. A decisão, divulgada pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta-feira (25), deixou em alerta empresários, médicos, enfermeiros e até promotores de Foz do Iguaçu, que promoveram campanha de arrecadação para aquisição e doação do “kit covid” e recomendação ao procedimento durante a pandemia.
Na decisão divulgada pelo MPF, foram condenadas em duas ações a Médicos Pela Vida de Pernambuco e as empresas Vitamedic Indústria Farmacêutica, Centro Educacional Alves Faria e o Grupo José Alves. Segundo a denúncia, os condenados divulgaram um material publicitário que estimulava o consumo de medicamentos para o tratamento ineficaz contra à doença.
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A publicidade foi intitulada “Manifesto Pela Vida” e foi assinada por um grupo chamado “Médicos do Tratamento Precoce Brasil”, lembra do g1. No comunicado, eles defendiam o uso de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina, os mesmos que foram comprados por vaquinha de empresários de Foz do Iguaçu e distribuídos por profissionais de saúde que recomendaram a utilização.
No entanto, estudos científicos comprovaram a ineficácia desses remédios para covid. Segundo o MPF, a recomendação dos medicamentos no informe publicitário não indicava os possíveis efeitos adversos, além de estimular a automedicação.
Caso de Foz
Em Foz do Iguaçu, no início de 2021, um grupo formado por médicos, empresários e profissionais liberais “voluntários”, passou a oferecer consultas por telemedicina a pacientes com sintomas iniciais da covid. A iniciativa foi chamada de Central de Atendimento Covid-19 passou a defender valores como a autonomia médica para prescrever tratamento, amparado com um parecer do Conselho Médico Federal de abril de 2020, que dividiu a categoria.
O atendimento de forma não presencial da central teve horário de atendimento e até um número de whatsapp. A iniciativa, que conseguiu arrecadar aproximadamente R$ 1 milhão em doações, contou com apoio da Acifi que forneceu uma conta bancária, aberta pelo CNPJ 77.089.746/0001-48, para o recebimento de recursos e uma chave pix ([email protected]) para facilitar o procedimento.
A página criada na internet para divulgar as informações dos medicamentos sem eficiência contra a covid, www.voluntariosprosaudefoz.com.br, não está mais acessível. No entanto, arquivo PDF explicando do que se tratava a CAC-FI, ainda está disponível na internet. Para conferir, basta clicar AQUI.
A defesa pelo “tratamento precoce” teve apoio do Ministério Público local. O promotor Luis Marcelo Mafra emitiu nota à prefeitura recomendando a autorização do procedimento aos alunos da Apae diagnosticados com a doença.