O Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu (SINPREFI) encerrou nesta quinta-feira (20), às 15h, pesquisa on-line com professores, coordenadores, diretores, secretários, agentes de apoio e merendeiras sobre uma suposta possibilidade de retorno às aulas ainda em 2020.
No total, 1.137 profissionais responderam ao questionário e 96,4% deles manifestaram que são contra o retorno das aulas presenciais este ano.
“Essa pesquisa respalda a posição do nosso sindicato,” reforça a presidente do SINPREFI, Marli M. de Queiroz. Segunda ela, “o resultado é exatamente o que se esperava: a grande maioria dos profissionais, quase unanimidade, não quer o retorno das aulas presenciais neste momento”.
Os resultados serão apresentados na segunda reunião por videoconferência do recém-criado Comitê Municipal de Gerenciamento e Retorno às Aulas Presenciais em Foz do Iguaçu (CMGRAP), hoje (21), a partir das 8h30.
A criação desse comitê foi uma das sugestões feitas pelo SINPREFI em ofício encaminhado à Secretaria de Educação de Foz do Iguaçu, ainda em junho deste ano, cobrando proteção à saúde dos profissionais da Educação do município durante atividades remotas iniciadas em 4 de maio.
A iniciativa surgiu depois de várias manifestações de filiados pedindo que o sindicato interferisse junto ao executivo municipal para resguardar a saúde de quem está envolvido com a entrega e o recolhimento de atividades pedagógicas remotas.
Numa primeira reunião, realizada com representantes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental os relatos apontaram preocupação com a saúde dos profissionais que têm ido às escolas para fazer atendimento à comunidade escolar.
Depois disso, o SINPREFI promoveu cinco videoconferências regionais para ouvir os profissionais da cidade. Grande parte relatou sentir medo em função do risco de contaminação de alunos e professores, além do risco de contaminar parentes, em casa. Também demonstraram preocupação pela falta de perspectiva imediata de aplicação de vacina contra Novo Coronavírus.
Questionaram como será o uso de equipamentos de proteção e manifestaram preocupação em como fazer para evitar compartilhamento de materiais e utensílios entre as crianças, já que os profissionais da Educação do município atendem desde bebês de 6 meses (CMEI´s) até crianças de em torno de 10 anos (5º ano do Ensino Fundamental).
A partir do teor dos depoimentos, a estratégia adotada pelo sindicato foi documentar a opinião dos educadores em pesquisa. O questionário, contendo 8 perguntas, poderia ser respondido por filiados ou não, de forma anônima.
Além da primeira pergunta – que fazia referência à possibilidade de retorno das aulas em 2020 – as outras questões apontaram para levantamento mais detalhado:
– 51,2% dos profissionais da Educação que responderam ao questionário se consideram grupo de risco;
– 74,5% declararam que vivem com dependentes considerados grupo de risco;
– 98,1% afirmaram que não testaram positivo para COVID-19;
– 67,1% disseram ter familiar que testou positivo para COVID-19;
– 66,4% têm criança em idade escolar e 96% deles afirmaram que não permitiriam que frequentassem aula presencial este ano;
– 64,4% assinalaram que apresentam sintomas de ansiedade, depressão e estresse.
No campo para comentários, os educadores puderam detalhar o entendimento que têm em relação a esse período de pandemia e às dificuldades que estão enfrentando.
Eles expuseram que precisam de garantias de que haverá aumento no quadro de funcionários para auxiliar na higiene dos alunos e do ambiente escolar, registraram preocupação com as condições de tratamento no caso de contaminação, com o número de vagas de UTI, com o uso de medicamentos e com o quadro médico.
Durante os nove dias em que a pesquisa foi aplicada, o SINPREFI também promoveu uma Live com a médica infectologista que atua na linha de frente de combate ao Coronavírus em Foz, dra. Flávia Trench. Ela esclareceu quais são as recomendações de saúde para um suposto retorno às aulas e alertou: “Quando retornarem às aulas, um terço da população de Foz do Iguaçu estará circulando. Hoje, estão protegidos em casa.”