Desafios, expectativas e tecnologias foram temas abordados por especialistas do ramo durante o encontro.
O diretor financeiro executivo da Itaipu Binacional, almirante Anatalicio Risden Junior, e o conselheiro de Itaipu José Carlos Aleluia participaram, na manhã desta quinta-feira (8), do EletroDay. O evento, organizado pelo Roit Bank, reuniu alguns dos principais nomes do setor elétrico brasileiro para debater tendências de mercado, desafios e novas tecnologias. Mais de 250 pessoas acompanharam a transmissão on-line das apresentações.
Risden e Aleluia dividiram o painel governamental “Governança Setorial e a Agenda 2021”. O primeiro a falar foi o diretor, que abriu a apresentação com um breve histórico da Itaipu e uma explanação sobre a questão da cessão de energia. Lembrou, ainda, dos fortes investimentos da empresa na questão ambiental.
Em seguida, falou dos novos rumos que a empresa tomou nos últimos anos, visando a uma gestão racional com austeridade, de acordo com a orientação do governo federal. “Fizemos um trabalho importante de implementação do orçamento base zero, permitindo a concentração de recursos de forma transparente e tranquila”, explicou o diretor. Segundo ele, essa racionalização da gestão permitiu os investimentos que a Itaipu tem feito no sistema elétrico, em meio ambiente e em infraestrutura.
Por fim, lembrou o trabalho realizado pela Itaipu frente à crise hídrica, buscando “fazer o melhor possível com a água que chega à usina”. “Comemoramos hoje a a produção de 2,8 bilhões de MWh e seguimos trabalhando com eficiência e seguindo adiante”, disse.
O conselheiro José Carlos Aleluia abordou, inicialmente, questões referentes à legislação do setor elétrico, especialmente após a década de 1990, quando o sistema deixou de ser “estagnado” e houve a criação de órgãos como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Para ele, o que falta para que o sistema continue evoluindo, principalmente com os investimentos cada vez maiores em fontes solares e eólicas, é uma visão sistêmica por parte dos legisladores. “Só pensamos em quanto custa essa energia ou aquela energia. Mas e o sistema? Ele só funciona em conjunto”, declarou.
Essa necessidade de integração, segundo ele, é mais visível ainda em tempos de crise hídrica. “A crise hídrica vai continuar se continuarmos usando os reservatórios dessa forma”, afirmou. Defendeu, ainda, que o País comece a pensar no armazenamento de energia como algo a se valorizar – e que, hoje, é gratuito.
“Itaipu é uma espécie de armazenadora de energia. Afinal, quem mais poderia produzir subitamente uma grande quantidade de energia, se necessário? Só hidrelétricas, só fontes previsíveis, que não é o caso de solares ou eólicas. E as hidrelétricas não ganham nada por esse ‘armazenamento’”, afirmou.
Outros palestrantes
Ainda na parte da manhã, o evento contou com apresentações de André Pepitone da Nóbrega, diretor-geral da Aneel; Diogo Mac Cord, secretário de Desestatização do Ministério da Economia; Rodrigo Limp, presidente da Eletrobras; Reynaldo Passanezi Filho, presidente da Cemig, e Ricardo Holanda, Head de Consultoria da AiTAX.
Pepitone falou sobre as medidas tomadas pelo setor para aliviar o bolso do consumidor durante a pandemia e lembrou que a atuação da Aneel, desde sua criação, já viabilizou mais de R$ 1 trilhão em investimentos no setor elétrico – “sempre respeitando regras e contratos, trabalhando com transparência e previsibilidade”, destacou.
Na palestra “Processos de Desestatização e o caso da Eletrobras”, Mac Cord, Limp e Passanezi fizeram um breve histórico do processo de capitalização da empresa, os desafios enfrentados e os próximos passos.
“Ainda temos um longo caminho até a efetivação da capitalização”, ponderou Rodrigo Limp. “Um deles é a estruturação da segregação de Eletronuclear e Itaipu. Um modelo que se tem pensado é criar uma nova estatal para assumir o controle da Eletronuclear e a atividade de comercialização da Itaipu, mas ainda estamos na fase de estudos”, afirmou o presidente da holding.
Eles também deixaram uma mensagem para tranquilizar os empregados da companhia. Segundo Reynaldo Passanezi Filho, que já vivenciou processos de privatização de outras empresas do setor, “as pessoas não precisam ficar preocupadas. Todas serão muito bem aproveitadas e terão uma carreira com boas perspectivas. O segredo do setor elétrico é conhecer seu ativo, e quem conhece mais do que quem já está ali?”.
Tecnologia e oportunidades
O evento seguiu, à tarde, com palestras sobre “Aplicações práticas da IA e Robotização para empresas do Setor Elétrico”, com Lucas Ribeiro, presidente da Assespro PR e CEO do Roit Bank, e “Oportunidades Econômicas do Setor Elétrico e Telecom”, com Leonardo Euler, presidente da Anatel; João Garcia, presidente da SINERGI e Anna Paula Hiotte, diretora de Regulação da Enel.
Em seguida, Elisa Bastos, diretora da Aneel, abordou “Novidades tecnológicas e tendências do Setor Elétrico”; e o evento finalizou com a apresentação “O Futuro do Setor Elétrico no Brasil frente à retomada da economia”, com André Pepitone da Nóbrega, Reynaldo Passanezi Filho, Lucas Ribeiro e Pedro Batista, chefe de Análise da 3G Radar.