Discurso de Enio Verri ao tomar posse como diretor-geral da Itaipu

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Foto: Arquivo pessoal Enio Verri

O economista Enio Verri foi empossado, nesta quinta-feira (16), como diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, em solenidade com a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Mario Abdo Benitez, o Marito (Paraguai). Em seu discurso, Verri falou sobre a importância da empresa binacional e prospectou como será sua administração.

Abaixo a íntegra do pronunciamento, após cumprimentar os presentes:

“Em primeiro lugar, quero expressar o quanto me sinto honrado pelo convite do excelentíssimo presidente Lula para ocupar o cargo de diretor geral brasileiro da Itaipu Binacional, sta empresa da qual brasileiros e paraguaios seus únicos e verdadeiros donos tem tanto orgulho.

Creio senhor presidente que a melhor forma de demonstrar minha gratidão pela sua confiança é assumir um compromisso solene de dar o meu melhor para cumprir lealmente essa missão zelando pelos interesses legítimos do Brasil e da sua população em conformidade com as diretrizes de seu governo.

É um privilégio e uma enorme responsabilidade dirigir uma empresa de tantas histórias. Histórias que a primeira-dama Janja (da Silva, esposa de Lula) conhece bem, pois dedicou 16 anos de trabalho contribuindo com as áreas de responsabilidade social.

Posso lhe assegurar Janja que estou muito orgulhoso de começar agora a minha parte nessa história. E registrar que a Itaipu voltará a colaborar ativamente com o governo federal, com os recursos e a reconhecida excelência técnica dos seus empregados e empregadas para fortalecer as políticas sociais de inclusão e combate a toda forma de desigualdade.

A Itaipu não é uma mega geradora de energia, Itaipu é muito mais. É antes de tudo um exemplo de projeto bilateral de reconciliação, cooperação e integração. É com essa missão que de forma altiva e humilde assumo o encargo que me foi confiado.

Neste ano, como muitos já sabem, comemoramos os cinquenta anos do tratado de Itaipu assinado em 26 de abril de1973. Nesse meio século, Brasil e Paraguai enfrentaram turbulências e graves crises políticas, econômicas e sociais. O mais notável é que nada abalou a aliança estratégica entre os dois países.

A binacionalidade sempre foi respeitada e praticada. A partir do Tratado de Itaipu uma nova história começou a ser escrita não só na relação Brasil Paraguai mas também na integração regional com a criação do Mercosul e mais tarde da Unasul abrangendo toda a América Latina.

Presidente Lula, o senhor esteve aqui no dia 21 de maio de 2007 para, ao lado do então presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, inaugurar as duas últimas unidades geradoras de Itaipu a 9 A e a 18 A. Completando assim as 20 unidades previstas no tratado coube ao seu governo a conclusão desse empreendimento.

Quis o destino pela vontade soberana de mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras que o senhor estivesse de volta à presidência do Brasil para mais dois momentos únicos na história desta binacional. O fim do pagamento da dívida e as renegociações da revisão do anexo C do tratado de Itaipu.

O Brasil não poderia estar em melhores mãos. Aproveito esse momento para prestar homenagem aos mais de 100 mil trabalhadores anônimos. Brasileiros e paraguaios que passaram pelo imenso canteiro das obras de Itaipu. Quero destacar aqui o meu irmão Fernando Verri que era opera aqui também na década de setenta, início de oitenta na construção dessa obra.

E destacar mais que a memória desta gente de mãos calejadas que devíamos reverenciar. Foram eles com seus sacrifícios que identificaram e edificaram essa grandiosa obra de duas nações. Quero prestar homenagem aos que me antecederam em especial faço especial referência ao grande estadista paranaense Euclides de Scalco (em memória), que foi responsável pela renegociação da dívida da construção da usina com a Eletrobras.

Aliás, engenharia financeira que foi determinante para o sucesso desta usina. Impossível não citar o Jorge Samek a quem agradeço pelo seu exemplo como gestor competente e empreendedor. O Samek não foi apenas um gestor exemplar que deixou as contas em dia e dinheiro em caixa. Ele trouxe para Itaipu o conceito de criação de valor. A empresa se voltou para o território em que ela se encontra e para as comunidades do seu entorno.

Me permitam fazer uma analogia à metáfora do tamarindo. E aproveito para saudar a numerosa comunidade árabe, síria libanêsa e palestina da região trinacional. A tamareira é plantada e cultivada para que as gerações futuras colham seus frutos.

Presidente Lula, seu governo plantou em Foz do Iguaçu as tamareiras do conhecimento e do saber. O Parque Tecnológico Itaipu que emergiu de uma parceria com o Campus de Foz do Iguaçu da Unioeste. A Universidade Federal da Integração Latino-Americana, nossa UNILA, o Instituto Federal do Paraná, o IFPR seus frutos já estão sendo colhidos e continuarão sendo colhidos pelas futuras gerações.

Como professor, sei que as instituições de ensino e pesquisam com os verdadeiros instrumentos para transformação social a quem prefira abordar a energia somente pelo lado da economia com insumo essencial de desenvolvimento. O que é rigorosamente verdadeiro. Porém, prefiro ressaltar a dimensão social da energia, a universalização do acesso é condição habilitante para uma cidadania plena do século XXI.

Também é indispensável para incorporar aos mercados excluídos do acesso aos bens básicos. Queremos energia para todos os brasileiros e brasileiras. É um direito básico que o estado tem obrigação de garantir. Por isso mesmo é considerado um serviço essencial.

No setor de energia, senhor presidente, o papel do estado brasileiro tem sido absolutamente central. Itaipu é o melhor exemplo da excelência de nossa engenharia de construção pisada, da maturidade do setor elétrico e da capacidade realizadora de dois estados soberanos associados.

O mundo inteiro admira esta realização que inspirou projetos congêneres. Itaipu aplica a melhor engenharia do reservatório da barragem e das suas instalações. Mas não é só isso. Itaipu também cuida das pessoas, do meio ambiente e estimula o desenvolvimento regional sustentável.

Itaipu terá vida centenária. Agora com a sua atualização tecnológica da usina e continuará a sua missão de entregar energia limpa, renovável, a preço justo e promovendo o desenvolvimento regional sustentável. É fundamental que os seus brilhantes profissionais tenham os equipamentos sempre nas melhores condições.

Reitero o compromisso central do governo Lula. Fortalecer o papel estratégico de Itaipu no desenvolvimento. Queremos participar ativamente e subsidiar políticas do governo federal em parceria com o governo estadual e os governos municipais do Paraná.

Desde que fui convidado para esse cargo, tenho sido questionado sobre a viabilidade de ampliar a atuação de Itaipu. Tenho dito que o esforço para erguer esta obra e pagar a imensa de sua construção foi assumido por todos os consumidores. Portanto, me parece justo que seus benefícios também sejam estendidos.

Seja garantindo energia elétrica e modicidade da tarifa, seja por meio de investimentos em projetos de infraestrutura e programas que beneficiem prioritariamente o estado do Paraná a Itaipu vai continuar tendo um olhar prioritário para o território no qual está inserida e para as comunidades do seu entorno.

Vamos reconstruir a rede de parcerias, estreitar as relações com a universidades e o setor produtivo. Dialogando com as comunidades, municipalidades, cooperativas e organizações sociais. Vamos apostar na vocação do PTI (Parque Tecnológico de Itaipu), celeiro de boas práticas e inovações para apoiar o desenvolvimento local e regional.

Como diretor geral brasileiro de Itaipu, me comprometo com a política do governo do presidente Lula para resgatar a dignidade e os direitos inalienáveis dos povos originários garantir todos os direitos das comunidades indígenas da área de influência da usina.

Enfim, sua vitória presidente Lula, devolveu a esperança, a esperança que venceu o medo mais uma vez. A democracia derrotou o ódio. Fora da democracia é o império da barbárie. Por isso vamos em frente com fé, esperança e fraternidade. A construção do futuro que queremos já começou.

Muito obrigado!”

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