Educadores são contra atividades não presenciais em substituição às aulas da rede estadual

Educação a distância não garante qualidade de ensino e gera exclusão avalia sindicato foto Agência Brasil Arquivo

Governo alterou decreto de suspensão de aulas para que escolas adotem a educação a distância durante a pandemia de covid-19; estudantes têm direito à reposição presencial

Educadores são contra a proposta do Governo do Paraná que adota atividades não presenciais na rede estadual, em substituição às aulas regulares, durante a pandemia de covid-19. Para a categoria, o momento é de preservação de vidas, não de discussão sobre metodologias educacionais e calendário letivo.

Em março, o governo alterou o artigo 8º do Decreto nº 4.230, que determinava a suspensão das aulas nas escolas estaduais como medida de prevenção ao novo coronavírus. Com a mudança, a interrupção passou a abranger as aulas “presenciais”, abrindo caminho para a educação a distância (EaD). 

Conforme a APP-Sindicato/Foz, com essa modalidade de ensino, o governo quer autorizar a mera transferência de conteúdo, em detrimento da qualidade da educação. Para a entidade, as escolas públicas do estado não estão preparadas, e a maioria dos professores não tem formação para aplicar a EaD. 

Outro problema é em relação à participação dos estudantes nas atividades não presenciais. Mais de um terço (33,5%) dos alunos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), nos últimos cinco anos, não têm acesso à internet, computador ou celular para o acompanhamento das atividades. 

“A educação a distância não garante a aprendizagem, ainda mais sem debate e de forma precária como está sendo proposta no estado”, aponta o presidente da APP-Sindicato/Foz, Diego Valdez. “É uma decisão que não pode ser tomada por decreto, sem condições mínimas e em um momento em que todos os esforços são para a proteção da vida das pessoas.”

De acordo com Diego, se essa medida avançar, serão penalizados os alunos das famílias mais vulneráveis social e economicamente. “Muitos deles moram em comunidades onde a internet não chega. A reposição de aulas com qualidade e acesso universal aos conteúdos, depois da pandemia, é um direito do estudante”, frisa. 

Para o sindicato, a educação a distância neste momento de emergência em saúde pública penaliza o professor. “São trabalhadores que estão em casa cuidando de seus filhos – que também estão sem aula – e familiares. É uma medida muito cruel com o educador. Mostra que o governador Ratinho Junior não respeita a categoria”, pondera Diego Valdez. 

Critérios frágeis 

O Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE-PR) aprovou, nesta semana, deliberação autorizando a oferta de ensino a distância no Paraná durante o período da pandemia do novo coronavírus. A representante da APP no colegiado votou contra a proposta, seguindo orientação da entidade. 

O regramento aprovado pelo CEE estabelece que caberá à direção de cada escola informar se o estabelecimento de ensino tem ou não condição de oferecer a EaD. Os conselhos escolares das instituições terão de validar as atividades não presenciais aplicadas, lavrando a decisão em ata. 

Esse documento deverá ser avaliado, ainda, pela Secretaria de Estado da Educação. Caso o responsável por um aluno entenda que o conteúdo transferido por meio de EaD não é satisfatório, poderá requerer aulas presenciais. “É um risco que a escola vai correr, se eventualmente optar por essa modalidade de ensino”, expõe o dirigente da APP-Sindicato/Foz.

“O processo é excludente deste o início, já que a própria Secretaria Estadual de Educação admite que a EaD não será para a totalidade dos estudantes”, denuncia Diego. “E quanto aos professores que estão recebendo licença especial obrigatória neste momento de pandemia, serão substituídos por outras contratações?”, indaga.

Diego Valdez presidente da APP Sindicato Foz foto Assesssoria
Diego Valdez, Presidente da APP-Sindicato-Foz – foto Assesssoria

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