Os humanos enjaulados em suas casas por um vírus, e uma elefanta viajando pela estrada para viver um pouco de liberdade após mais de 50 anos presa em circos e zoológicos. A odisseia de Mara, saindo de Buenos Aires, percorrendo 2.700 quilômetros e chegando a uma reserva no Mato Grosso, parece uma daquelas fábulas que reservam uma lição de moral.
A ponte que une Argentina e Brasil em Foz do Iguaçu, fechada desde 20 de março devido à quarentena, só foi reaberta brevemente para ela passar, com a equipe responsável pelo translado. Eram dois motoristas, uma veterinária, dois administradores do zoológico portenho Ecoparque e uma fotógrafa para documentar essa jornada inusitada.
“Foi algo hiperemocionante. Só dois dias antes da viagem soubemos que teríamos autorização para passar a fronteira. Havia toda uma adrenalina, uma ansiedade para tudo dar certo. E, quando eu parava para pensar, falava: isso é muito louco, eu passeando com uma elefanta, enquanto o mundo todo está trancado.” Em uma conversa com Ecoa, a fotógrafa Sofía López Mañán misturou emoções e reflexões sobre a experiência que viveu.
A viagem de Mara em plena pandemia explica muito do que a humanidade tem feito com o mundo não-humano, reduzindo a natureza, seus espaços vitais e confinando outros seres. O homem está experimentando agora o que é isso.