Eleições 2024: Airton José defende a construção de uma nova matriz econômica para Foz do Iguaçu

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Durante entrevista para o Diário de Foz, em colaboração com o Blog do jornalista Esmael Morais, Airton José, candidato à prefeitura pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), defendeu a necessidade de se estudar a construção de uma nova matriz econômica para o município, a fim de fortalecer a geração de emprego e renda. 

Tendo atuado em cargos municipais e estaduais na área do turismo, Airton José enfatizou a importância do setor para Foz do Iguaçu e reforçou o incentivo ao desenvolvimento de outras áreas econômicas, defendendo a possibilidade de implantação de Zonas de Processamento de Exportação (ZPE), com o objetivo de fortalecer o comércio exterior. 

As sabatinas com os candidatos à prefeitura de Foz do Iguaçu são uma iniciativa conjunta do Diário de Foz e do Blog do Esmael. Confira as entrevistas que já foram publicadas:

Nascido em Londrina, Paraná, Airton é formado em Direito, com pós-graduação em Direito Digital, e atua como apresentador, radialista e cerimonialista. Foi presidente da Associação de Guias de Turismo de Foz do Iguaçu, secretário de comunicação, secretário de turismo e diretor geral da Secretaria de Estado de Turismo. 

O candidato do PSB também destacou a importância do diálogo entre os governos federal, estadual e municipal na construção de uma gestão que zele pelos direitos da população e reforçou a proposta de gestão participativa que pretende levar à prefeitura, mantendo diálogo com a população através dos conselhos e entidades participativas. 

“Nós estamos, a partir do presente, construindo Foz do Iguaçu do futuro”, disse.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:


[Diário de Foz]
Eu gostaria que o senhor falasse sobre quais são os principais temas que quer priorizar na campanha de Foz do Iguaçu e qual é o projeto de cidade que considera possível e essencial para Foz.

Airton José
Obrigado pela oportunidade. Estamos defendendo uma gestão participativa, que significa maior proximidade da população com o governo. O que pretendo é contar com o apoio e a companhia permanente da população, seja por meio dos seus conselhos, associações ou entidades representativas, nas grandes decisões. Na gestão de Foz do Iguaçu, é necessário repensar o planejamento urbano. Para isso, propomos criar um instituto de planejamento urbano na cidade, revisar as questões de mobilidade em todos os aspectos, desde as nossas calçadas até as principais avenidas, e investir na geração de oportunidades de trabalho e renda para a população. E, claro, também focar no turismo, que é nossa principal força, e nas áreas básicas que representam grandes políticas públicas: saúde, educação, segurança pública e cultura. Em síntese, nosso objetivo na gestão da prefeitura de Foz do Iguaçu é sempre olhar para o futuro, construindo a partir do presente uma cidade de grandes oportunidades para todos.

[Diário de Foz]
Passando então agora para a relação do governo do município com o governo estadual e federal, considerando as parcerias público-privadas feitas no governo de Ratinho Júnior. Como o senhor vê o funcionamento desses serviços públicos essenciais, principalmente em relação à saúde e infraestrutura, e o governo Lula é suficiente para Foz do Iguaçu?

Airton José
Uma coisa é certa: não apoiamos a privatização das nossas escolas. Outra questão igualmente importante é a federalização do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu. Claro que todo apoio é essencial, principalmente em Foz, que tem uma presença significativa do governo federal, especialmente na área de segurança. Mas precisamos também do diálogo e suporte para grandes projetos na nossa cidade. O governo federal é fundamental nesse processo. A Itaipu é uma parceira estratégica, e o governo do estado também tem um papel essencial em Foz do Iguaçu. Não podemos deixar de destacar a necessidade da ação constante dos nossos parlamentares na defesa dos interesses e projetos estratégicos que apresentarei como prefeito de Foz do Iguaçu.

[Diário de Foz]
Recentemente, Foz foi destacada em um ranking como a oitava cidade mais cara para se viver no Brasil. Quais são seus planos para combater esse encarecimento, especialmente em relação à moradia, que é uma das grandes causas do aumento dos aluguéis, devido à especulação imobiliária? Existe um plano no seu governo para combater a especulação imobiliária e reduzir o custo de vida da população?

Airton José
Precisamos distinguir a valorização imobiliária, que tem relação com o alto custo dos terrenos e imóveis, da habitação de interesse social, que é uma questão diferente. Pretendemos investir fortemente na moradia popular. Temos uma ação de parceria com todos os níveis de governo. Você mencionou anteriormente se apenas o governo federal seria suficiente, e, claro, precisamos de todos os parceiros nesse processo, que devem contribuir. Atualmente, temos em construção em Foz do Iguaçu cerca de 1.000 unidades habitacionais. Dessas, 900 têm a assinatura do governo federal e Itaipu, enquanto 100 são do governo estadual. O município também fará sua parte, mas essencialmente precisamos trabalhar com um programa de regularização fundiária, como o programa ‘Moradia Legal’, em parceria com o Tribunal de Justiça do Paraná, que garante tranquilidade às pessoas que há décadas ocupam um imóvel sem ter os documentos. Não havendo um processo de judicialização, é possível regularizar administrativamente esses imóveis. Já regularizamos cerca de 3.500 imóveis e pretendemos ampliar esse número para 5.000, com regularizações e novas unidades entregues à população no próximo ano.

[Diário de Foz]
Sobre a questão do transporte público em Foz: no próximo mandato, termina o contrato com a Viação Santa Clara. Como o senhor enxerga as mudanças necessárias para melhorar o transporte público em Foz do Iguaçu, tornando-o mais eficiente? Existe um plano para otimizar as rotas, aumentar a frota de ônibus ou até implementar a tarifa zero?

Airton José
O transporte coletivo precisa atender ao trabalhador, à pessoa que faz tratamento médico, à dona de casa, enfim, a todo cidadão, seja para o trabalho, lazer ou suas necessidades básicas. Tem que ser confiável, confortável e seguro. Esse contrato que termina em março do próximo ano exigirá uma transformação profunda no sistema. Precisamos revisar rotas, pois Foz não pode oferecer um transporte coletivo como uma cidade que não tem a dinâmica que a nossa possui. Nos dias de feriado prolongado ou finais de semana, por exemplo, muitas pessoas vão trabalhar no turismo ou na gastronomia, e acabam tendo que acordar muito mais cedo por conta do transporte coletivo. Isso faz com que busquem outras alternativas de mobilidade, aumentando o número de veículos e bicicletas nas ruas e até pedestres, porque o transporte público não atende como deveria. Vamos revisar as rotas e considerar a centralização do terminal em uma área mais bem localizada, que facilite o fluxo dos ônibus pelas principais avenidas de Foz do Iguaçu. Precisamos de ônibus movidos a biocombustível, mais confortáveis, e com horários mais adequados às necessidades dos nossos trabalhadores. Esse debate não será feito apenas entre técnicos ou em quatro paredes; ouviremos a população, que é quem usa e depende do transporte coletivo.

[Diário de Foz]
Falando em questões financeiras, Foz do Iguaçu é uma das cidades que não paga o piso salarial aos professores da rede municipal. Hoje, os professores recebem R$ 543,00 a menos do que o piso estipulado. Nos últimos meses, houve uma proposta do atual prefeito de pagar essa diferença salarial como complemento, mas ela foi rejeitada pela categoria docente por não incluir direitos trabalhistas e previdenciários. Existe no seu plano de governo alguma estratégia para garantir o pagamento do piso salarial aos professores e assegurar seus direitos?

Airton José
Quando falamos em valorização dos trabalhadores da educação, precisamos repensar todas as situações que estão sendo questionadas, especialmente pelo sindicato dos professores. Em Foz, os professores recebem o piso, mas aqueles do último concurso, por exemplo, recebem um complemento para atingir esse valor devido aos problemas enfrentados pelo município com o limite prudencial da folha de pagamento. Precisamos resolver esse problema, que não será solucionado neste momento, nem durante o período eleitoral, mas, quando estiver na prefeitura, eu me comprometo a resolvê-lo. A valorização do professor inclui garantir essa segurança, essa garantia, que passa pela remuneração adequada. O mínimo que podemos e vamos oferecer é o pagamento integral do piso salarial, sem a necessidade de soluções paliativas. Tudo isso será feito com diálogo constante com o sindicato dos professores municipais.

[Diário de Foz]
Voltando a um tema que o senhor já mencionou, que é a federalização do Hospital Municipal. Poderia falar um pouco mais sobre seu posicionamento em relação a essa federalização? Quais são os pontos positivos e negativos, e o que considera urgente na área da saúde?

Airton José
A federalização do hospital corrige uma situação que há muito tentamos resolver: o alto custo do hospital para os cofres municipais e o papel do município em oferecer assistência hospitalar. Com a federalização, damos passos muito importantes. Primeiro, o hospital será transferido para a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Uma autarquia foi criada para isso, e agora estamos no processo de inventário. A transferência deve levar cerca de um ano, no máximo um ano e meio. Essa transferência para o governo federal, pela primeira vez discutida pelo governo, é crucial. A federalização permitirá a consolidação do hospital universitário, com a UNILA como universidade de referência. Isso reduzirá a pressão financeira sobre o município, que poderá redirecionar esses recursos para obras essenciais e melhorar a atenção primária de saúde. A federalização também prevê a ampliação do hospital para até 560 leitos, aumentando a oferta de alta complexidade, o que hoje força muitos a buscarem tratamento em outras cidades, como Cascavel. Também permitirá a criação do Pronto Atendimento Infantil (PAI), garantindo atendimento especializado para as crianças. Com esses recursos, será possível ampliar programas de cirurgias eletivas e melhorar a infraestrutura das unidades de saúde.

[Diário de Foz]
O senhor mencionou a possibilidade de redirecionar verbas públicas economizadas com a federalização do hospital para outros setores. Podemos falar um pouco sobre um setor que recebe pouco investimento em Foz do Iguaçu, que é a cultura. Quais são seus planos para aumentar os investimentos na cultura, ampliar o número de centros culturais e garantir que os artistas sejam pagos e tenham sua arte mais reconhecida no município?

Airton José
Foz já tem uma política cultural estabelecida, mas é preciso ampliá-la, melhorá-la e qualificá-la. Por exemplo, temos as estações de cultura, uma delas homenageando o saudoso professor Mosquito, na Vila C. Havia outra projetada para o Morumbi, mas, devido à pandemia, acabou esquecida. Hoje, uma nova estação está sendo inaugurada no centro, na antiga Câmara Municipal. Precisamos expandir esses espaços culturais, criar áreas de convivência, arte, cultura e integração comunitária. O Centro de Vivência Comunitária, assinado recentemente pelo governo federal, é um exemplo que deve ser ampliado. O

projeto ‘Foz Fazendo Arte’ também é fundamental, facilitando o acesso dos nossos artistas para que possam expressar sua arte, gerando emprego e renda. A cultura, embora geralmente tenha um espaço reduzido, deve ser ampliada, especialmente em Foz do Iguaçu, onde pode ser uma forte aliada do turismo na geração de emprego e renda, integrando nossa história, artesanato e folclore.

[Diário de Foz]
Falando em turismo, que é um pilar econômico de Foz, há questões sobre como a cidade é promovida para o mundo e outros estados, e sobre a capacidade do aeroporto, que ainda não voltou aos níveis pré-pandemia. Qual é o futuro que o senhor enxerga para o turismo em Foz do Iguaçu?

Airton José
Venho do turismo; meu primeiro emprego em Foz do Iguaçu foi como guia de turismo. Já fui secretário municipal de turismo e diretor de marketing de uma empresa de turismo. Participei da recriação da Secretaria de Estado de Turismo do Paraná e da elaboração do Plano Decenal de Turismo 2003-2013. Essa é uma área pela qual tenho grande apreço. Recebi representantes da gestão integrada, que me apresentaram um plano e ações para o setor, e li tudo com muita atenção. Vou assinar o documento e, como prefeito, serei um grande parceiro para que a atividade turística seja alavancada, respeitada e reconhecida. Insisto que o turismo é nossa principal força econômica, envolvendo 50 atividades econômicas consolidadas ao seu redor. No entanto, precisamos diversificar nossa economia, lutando pela implementação da Zona de Processamento de Exportação, que impulsionará o comércio exterior e a logística, além de fomentar o aeroporto industrial, o complexo econômico-industrial de saúde e o centro de inovação tecnológica. Tudo isso deve fazer parte de um grande projeto consolidado, baseado em políticas públicas que garantam a continuidade das ações iniciadas, independentemente das mudanças de governo. Como prefeito, quero olhar para frente, focando nas grandes oportunidades que temos.

[Diário de Foz]
Gostaria de deixar alguma mensagem final para nossos leitores?

Airton José
Obrigado pela oportunidade. Gostaria de reforçar a questão do transporte coletivo, propondo a tarifa zero. Muitas pessoas perguntam quem pagará por isso, e a resposta é simples: quem já paga. O município hoje cobre praticamente metade dos custos do sistema, e vamos cobrir a outra metade, transferindo esse benefício diretamente para a população. Isso significa uma transferência direta de renda, melhorando a qualidade de vida do trabalhador. A proposta da tarifa zero já existe em mais de 130 municípios no Brasil, incluindo 12 no Paraná. Em Foz do Iguaçu, vamos adotar essa política a partir do próximo ano. Agradeço a todos pela atenção e espero que a mensagem tenha sido clara e objetiva. Acompanhem nossas redes sociais e programas de TV, e conto com seu voto de confiança. Foz é de todos, e juntos construiremos a cidade que sempre sonhamos. Obrigado!

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