Quem foi ou pensa em ir até a região da Vila Portes, próximo à Ponte da Amizade na fronteira do Brasil com o Paraguai, pode acabar tendo uma falsa impressão. Apesar do grande número de veículos e pessoas andando pelas calçadas, o volume de vendas nas lojas está abaixo de 50% do registrado no final de 2019. Em Ciudad del Este o cenário é semelhante, mesmo com a abertura da fronteira, o dólar alto acaba inibindo o fechamento de negócios.
“Está quase impossível chegar nas lojas da Vila Portes, não tem onde deixar o carro para poder circular pelas ruas”. A reclamação é da aposentada Naide Moreira de Souza, que convidou a filha para ir as compras no início da semana do Natal 2020. “Pensamos em adiantar a compra de presentes e coisas para nosso uso, mas precisa de paciência”, ressaltou ela.
“Não sei se as pessoas estão comprando na Vila Portes ou deixando o carro para cruzar a ponte a pé e ir comprar no Paraguai”, completou Ronize, filha da aposentada. A dúvida dela levanta outro questionamento: estariam os cidadãos do Paraguai cruzando a fronteira para fazer compras em Foz do Iguaçu?
Falsa ilusão
“As ruas (da Vila Portes) estão lotadas de carros, mas as lojas estão com menos da metade do movimento do ano passado”. O desabafo é do empresário Mohamad Ismail, tradicional comerciante da região. Ele acredita que, o grande volume de veículos, é em função de que muitas pessoas estão indo para Ciudad del Este.
“Também por que muitas pessoas estão vindo trabalhar de carro ou de moto devido as dificuldades com o transporte coletivo e também das chuvas dos últimos dias”, disse. De acordo com ele, em conversa com outros comerciantes da região, ficou constatado que o movimento do último sábado (19), que era para ser o melhor dia do ano, ficou longe dos outros anos.
“Tem movimento tem, realmente não tem onde estacionar, mas não reflete nas lojas, aquele ‘vuco-vuco’ que a gente está acostumado. Está bem tranquilo, infelizmente”, lamentou. Entre o setor dos lojistas, o sentimento é de que a retomada econômica vai ser bem lenta. Foz do Iguaçu, na avaliação deles, sofreu mais que os demais municípios do país.
Foz do Iguaçu, afirmam, ainda está interrompida devido a manutenção do fechamento da fronteira com a Argentina, que afeta diretamente o turismo, principal fonte da economia do município. “Com o fechamento da ponte do Paraguai, a cidade estava isolada”, lembra Ismail.
Quarentena
O comércio de Foz do Iguaçu fechou com o decreto da quarentena do novo Coronavírus, em meados de março, e só reabriu na metade de abril, conforme registrou o GDia. Logo após a reabertura, o movimento nas lojas se manteve abaixo de 15% no comparativo com o mesmo período de 2019.
Ismail concluiu com um lamento: “Não tem como dar uma previsão otimista. Acredito que a única solução para nós e para o mundo é a vacina. Por enquanto, temos que nos cuidar”, disse. As lojas, ainda de acordo com ele, estão apertando o cinto, mas a situação tende a se agravar de janeiro para a frente.
Por: GDia