Enio Verri: Itaipu garante a segurança energética do Brasil

Diretor-geral brasileiro da binacional destaca papel estratégico da usina, investimentos em energia limpa e integração regional

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Diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri (Foto: Divulgação/ Itaipu)

Em entrevista à TV 247 (assista aqui), concedida aos jornalistas Leonardo Attuch e Tereza Cruvinel, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, ressaltou o papel da hidrelétrica como pilar da segurança energética do país e como exemplo mundial de integração regional. Para ele, a usina é “a grande bateria do Brasil”, garantindo energia firme quando fontes intermitentes, como a eólica e a solar, não estão disponíveis.

 “A Itaipu hoje é a grande bateria do Brasil, é ela que garante a estabilidade do setor elétrico. Produz energia firme, limpa e barata, o que coloca o país como modelo no mundo”, afirmou Verri.

Uma obra revolucionária

Segundo o dirigente, Itaipu é resultado de duas revoluções: a da engenharia e a da política internacional. A usina, construída há mais de 50 anos sem softwares avançados, tornou-se a maior obra de engenharia já realizada no Brasil e um símbolo de cooperação entre Brasil e Paraguai.

A hidrelétrica, que já chegou a fornecer 25% de toda a energia consumida pelo Brasil, hoje responde por 9%. Isso ocorre porque o país diversificou sua matriz energética, com 40% da capacidade instalada proveniente de fontes eólica e solar.

Energia para dois países

Pelo tratado que rege a binacional, cada país tem direito a 50% da energia produzida. O Paraguai, no entanto, consome apenas 15% e vende os 35% excedentes obrigatoriamente ao Brasil. Essa dinâmica já foi alvo de disputas, mas a dívida paraguaia foi quitada em 2023, permitindo que a receita seja dividida igualmente entre os dois países.

 “Trabalhamos ombro a ombro com os diretores paraguaios. A relação hoje é muito saudável, apesar das negociações frequentes sobre tarifa”, destacou Verri.

Ele lembrou que a tarifa de Itaipu foi reduzida em 26% e congelada por quatro anos, até 2026.

Investimentos e inovação

Verri apresentou projetos que ampliam a produção e diversificam a matriz da usina. Entre eles estão o uso de biogás, hidrogênio verde e petróleo sintético (SAF) para aviação. Além disso, Itaipu desenvolve geração solar sobre a lâmina d’água do reservatório, visando autossuficiência energética.

A empresa também mantém programas sociais e ambientais, como reflorestamento de margens, proteção de nascentes e apoio a cooperativas de catadores. Esses projetos, segundo Verri, reforçam a missão da binacional de unir produção energética e responsabilidade socioambiental.

Integração regional e soberania

O diretor-geral defendeu a ampliação da integração elétrica na América do Sul, ressaltando que a experiência do Sistema Interligado Nacional pode servir de modelo. Ele também comentou as negociações do Anexo C do Tratado de Itaipu, que permitirá ao Paraguai vender energia no mercado livre a partir de 2027.

Verri criticou o governo Jair Bolsonaro por ter espionado diretores paraguaios durante discussões sobre a energia excedente, classificando o episódio como um “prejuízo às relações bilaterais”.

COP 30 e a liderança do Brasil

Ao abordar a crise climática, Enio Verri reforçou o papel do Brasil na COP 30, que será realizada em Belém, como exemplo mundial de matriz energética limpa.

 “O Brasil é modelo no mundo na produção de energia. Garantimos o que há de mais econômico, barato e limpo, enquanto países desenvolvidos ainda dependem de carvão e petróleo”, afirmou.

Itaipu deve participar de pelo menos oito plenárias, apresentando experiências em energia limpa, biocombustíveis e políticas ambientais premiadas.

Perspectivas políticas

Questionado sobre o cenário nacional, Verri avaliou que o governo do presidente Lulaentregou avanços econômicos e sociais mesmo diante de um ambiente polarizado. Ele afirmou que, apesar das turbulências internacionais e do “tarifaço” dos Estados Unidos sob o presidente Donald Trump, o Brasil mantém estabilidade, crescimento e protagonismo global.

Convite ao turismo

Enio Verri também incentivou os brasileiros a visitarem Itaipu, destacando a grandiosidade da obra e a beleza natural da região de Foz do Iguaçu.

“É uma soma fantástica que mostra a capacidade revolucionária do ser humano. Além das cataratas, visitar Itaipu é conhecer uma obra-prima da engenharia e da integração regional”, concluiu. 


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