Especialistas discutem estratégias para prevenir a presença de felinos no Parque das Aves de Foz do Iguaçu

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Profissionais que atuam na conservação de felinos em todo o país vão se reunir em Foz do Iguaçu esta semana a convite do atrativo e do Projeto Onças do Iguaçu

Diversos especialistas em felinos vão se reunir em Foz do Iguaçu nos dias 25 e 26 de novembro para participar da oficina “Avaliação de riscos e medidas de prevenção de felinos no Parque das Aves: segurança e comunicação”, que visa estabelecer ações de segurança, além de estratégias de comunicação para a conservação.

“O Parque das Aves já vinha trabalhando com instrumentos desenvolvidos para repelir a presença de grandes felinos na área de visitação. Eles funcionam ao redor do mundo, e em outros lugares aqui na nossa comunidade. Mas, como estamos falando de animais silvestres, é muito importante que avancemos e melhoremos ainda mais o que já é feito. E esses profissionais, especialistas em felinos, vêm para nos ajudar nessa tarefa”, comenta Carmel Croukamp, diretora geral do Parque das Aves.

O evento é uma iniciativa do Parque das Aves e do Projeto Onças do Iguaçu, com facilitação do Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (CPSG), Comissão de Sobrevivência de Espécies (SSC), da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN).

“Estamos muito felizes em receber esses especialistas em felinos aqui no Parque, que se juntarão aos nossos colaboradores para pensarmos em estratégias ainda melhores para garantir uma convivência harmoniosa entre o Parque das Aves e a fauna que nos rodeia aqui na Mata Atlântica”, comenta Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.

Especialistas de todo o Brasil
Além de veterinários, biólogos e outros profissionais do Parque das Aves, virá para a oficina o time do Projeto Onças do Iguaçu, que tem a missão de conservar a onça-pintada como espécie-chave para a manutenção da biodiversidade do Parque Nacional do Iguaçu (PNI).

“Existem muitas propriedades nos municípios no entorno do PNI, e realizamos com eles um trabalho de coexistência que envolve avaliação e orientação sobre boas práticas de manejo para reduzir o risco de predação e melhorar a produção. Instalamos dispositivos anti-predação e avaliamos a possibilidade de ajudar a desenvolver talentos locais que gerem alternativas de renda associadas às onças. Assim, cuidamos das nossas onças e das pessoas que dividem essa terra com elas. Isso é coexistência. O resultado é que o número de indivíduos tem crescido nos últimos anos, dando esperança para a espécie”, comenta Yara Barros, coordenadora executiva do Projeto Onças do Iguaçu.

Participarão da oficina Yara Barros, coordenadora do Projeto Onças do Iguaçu, e os analistas ambientais do ICMBio, Ivan Baptiston e Ulisses dos Santos. O evento conta com a presença de Rogério Cunha, coordenador substituto do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio); Ricardo Boulhosa, presidente do Instituto Pró-Carnívoros; Fernando Tortato, pesquisador associado da ONG Panthera Brasil; e Agustin Paviolo, coordenador do Proyecto Yaguareté. A oficina vai ser facilitada por Fabiana Rocha, coordenadora do Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil).

“Contar com uma facilitadora altamente capacitada segundo padrões internacionais, independente e vinculada à UICN é imprescindível para o sucesso de um evento como esse. Nossas expectativas são excelentes”, finaliza Carmel.

Segurança ampliada na pauta
O Parque das Aves é todo cercado e funcionários monitoram o perímetro e áreas internas diariamente, seguindo orientações de segurança fornecidas pelo Projeto Onças do Iguaçu. Mesmo com toda a proteção, as medidas implementadas não evitaram a entrada dos felinos.

“A vinda dos especialistas vai nos ajudar a pensar em novas soluções para agir de forma estratégica e eficaz para que outros incidentes não voltem a acontecer, garantindo a segurança no Parque das Aves, mas sem prejudicar a convivência pacífica que temos com toda a biodiversidade do Parque Nacional do Iguaçu, especialmente com as onças”, reforça Carmel.

Doação de rádio-colar
Além da ampliação das medidas de segurança, o Parque das Aves vai doar um colar para o Projeto Onças do Iguaçu, que auxiliará no monitoramento das onças do Iguaçu através de sinais de GPS e VHF.

“Os colares nos ajudam a entender a movimentação e o território das onças, informações que são úteis para o estabelecimento e implementação de estratégias de conservação e proteção da espécie na região”, finaliza Yara.

No Parque Nacional do Iguaçu, uma das unidades de conservação de biodiversidade de Mata Atlântica mais importantes do Brasil, com 185 mil hectares protegidos, existe uma população de onças-pintadas ameaçada, atualmente estimada em 28 animais. Em toda a Mata Atlântica existem cerca de 250 onças-pintadas.

Incidente no Parque das Aves
A oficina está sendo organizada depois que 174 flamingos da colônia que era mantida no Parque das Aves vieram a óbito na madrugada do dia 9 de novembro de 2021. Câmeras de monitoramento registraram que duas onças-pintadas adentraram o recinto onde estavam os animais.

A equipe do Projeto Onças do Iguaçu identificou as onças como sendo Indira e seu filhote, Aritana, que tem cerca de um ano de idade. Segundo o Projeto, nessa fase, as mães estão ensinando seus filhotes a caçar.

O incidente foi o primeiro ataque de onças nos 27 anos de existência do Parque das Aves.

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