Inédito na área da Saúde, trabalho foi premiado no 60º Congresso Brasileiro de Educação Médica
Durante as atividades da disciplina de “Prática Médica IV”, acadêmicos do curso de Medicina da UNILA desenvolveram o Manual Bilíngue de Semiologia Abdominal Adaptado para Profissionais Cadeirantes. A iniciativa teve o intuito de contemplar informações sobre o exame físico do abdome, considerando não só examinadores sem limitações sensoriais motoras, mas abordando, também, as adaptações necessárias para que o exame possa ser realizado por médicos com deficiência, principalmente os cadeirantes. O manual está disponível gratuitamente em https://bit.ly/ManualSemiologia.
O estudante Jacson Peruzzo conta que a ideia surgiu em uma conversa com colegas de turma. “Na oportunidade, expus minha dificuldade, como cadeirante, em realizar diversas manobras de exame físico, sendo as de exame abdominal as de maior dificuldade por conta da altura dos leitos e do controle de tronco”, revela. “Desde o primeiro semestre de 2020, juntamente com a professora Flávia Trench, estávamos elaborando manobras de adaptação para que eu conseguisse realizar os procedimentos da melhor forma possível. Então a professora desafiou o nosso grupo a criar um manual inclusivo com foco no profissional cadeirante, e de prontidão foi aceito e abraçado por todos”, complementa o discente.
Leia também
- Docente da UNILA desenvolve novo método de predição de energia solar
- Unila quer volta do diálogo e investimos para decidir futuro do Campus Niemeyer
O processo de construção do manual passou, basicamente, por quatro etapas: revisão da literatura médica relacionada à semiologia abdominal, em três idiomas (português, inglês e espanhol); desenvolvimento de propostas de manobras na base da experimentação, tendo como modelo um discente cadeirante; realização de fotografias e filmagens das manobras; e tradução do documento para o espanhol visando ampliar a abrangência potencial do manual.
“O trabalho foi dividido em tópicos de acordo com a semiologia e propedêutica médica, ficando a cargo de duplas de alunos a confecção das revisões de literatura e escrita de cada parte estabelecida”, descreve Peruzzo. “Após a escrita do material, que levou diversas semanas, iniciamos a parte de adaptações e confecção das ilustrações reais e autorais sobre cada manobra, com a produção das imagens características de alguns quadros clínicos e a realização do exame físico, no qual fotografamos e filmamos a realização da manobra como descrita na literatura”, completa. Posteriormente, Peruzzo e os colegas Lediana Pereira e Ricardo Bascur Villagra fizeram as adaptações das manobras, também fotografando e filmando o passo a passo de cada um dos exames. “Depois de fazer a revisão e ajustes do manual nas normas da ABNT, nosso colega Igor Queiroz Franco realizou o incrível trabalho de diagramação do livro e confecção das artes”, finaliza o estudante.
De acordo com Peruzzo, esse manual é algo inédito na área da saúde. “Não se encontra nada referente a manobras e adaptações no ensino médico, nem mesmo literatura que possa ser consultada como base. Sem dúvidas, o material irá beneficiar médicos e acadêmicos de Medicina cadeirantes, que, assim como eu, encontram dificuldade na realização dos exames da prática clínica”. Além da parte textual, o manual conta com imagens ilustrativas e vídeos demonstrativos que podem ser acessados por meio de QR Code. No momento, o documento está disponível apenas em português, mas a versão em espanhol já está em fase final de edição.
Congresso Brasileiro de Educação Médica
Jacson Peruzzo e a também estudante de Medicina da UNILA Alejandra Herbello apresentaram o trabalho no 60º Congresso Brasileiro de Educação Médica, realizado em Foz do Iguaçu, no último mês de novembro. O manual foi premiado com o segundo lugar entre todos trabalhos inscritos no evento. “Essa visibilidade num congresso de nível nacional com foco na educação médica foi importante para demonstrar que existe uma utopia entre a teoria da inclusão e integração social com a realidade vista na prática médica, mostrando a todos que atitudes como essa podem contribuir muito na vida e formação de uma pessoa com deficiência, assim como contribuiu com a minha”, ressalta o discente.