Foz lembra repressão e risco à democracia em ato “Golpe e Ditadura Nunca Mais”

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Uma manifestação na avenida Brasil marcou o dia 31 de março em Foz do Iguaçu, na tarde desta sexta-feira. Algumas dezenas de militantes de diversas entidades ocuparam a calçada e relembraram o golpe militar de 1964 e, sobretudo a violência da repressão na cidade: “Golpe e Ditadura Nunca Mais”.

Informa o Correio do Paraná que o ambiente favorável do momento após a derrota da extrema direita na eleição presidencial não impediu que o risco à democracia que ainda permanece fosse lembrado nos discursos e numa cena engraçada de apoiadora da ditadura que irrompeu o evento aos gritos.

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“O quartel do Exército da cidade foi um dos centros de tortura”, destacou o jornalista Aluizio Palmar, ele próprio uma das vítimas desta estatal. Ele também fez questão de citar um por um o nome dos seis militantes de esquerda assassinados pelos militares na região em 1974, cinco deles no Parque Nacional do Iguaçu, onde seus corpos devem ter sido enterrados: “Joel José de Carvalho, Daniel de Carvalho, José Lavechia, Vítor Carlos Ramos, Ernesto Ruggia e Onofre Pinto”.

A professora Tamara Cardoso André, que faz parte Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), lembrou do autoritarismo presente na nossa sociedade, representado também por locais da cidade que ainda homenageiam generais da ditadura.

Hamilton Serighelli, do CDHMP e do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, contou que parte do grupo de militantes esteve há uma semana apoiando um ato realizado na cidade vizinha de Puerto Iguazu (Misiones, Argentina). Com em todo o país, era comemorado “Dia Nacional da Memória pela Verdade e pela Justiça”, que lembra o 24 de março de 1976, data do golpe militar no país. O exemplo serve de inspiração para manifestações no Brasil ocuparem a data que era dos defensores da ditadura: um “Dia do Nunca Mais”, como estava no panfleto que convocava para o ato em Foz.

Uma das muitas mulheres presentes, Cleuza dos Santos, trouxe o apoio ao evento do acampamento Sebastião Camargo, em São Miguel do Iguaçu. No acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) vivem cerca de 90 famílias produzindo alimento para consumo próprio e ainda sobra para doações para famílias mais pobres.

Com representantes de mais de 10 entidades, o ato ainda contou com a presença do deputado federal Elton Welter (PT), de Toledo, que assumiu o mandato após a renúncia do novo diretor-geral da Itaipu, Enio Verri. O parlamentar destacou as conquistas dos poucos dias de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defendeu uma ampla aliança de partidos democráticos para enfrentar a extrema direita, que ainda está forte.

Um político histórico local também compareceu, Antonio Vanderli Moreira, que presidiu o MDB de Foz do Iguaçu na década de 1970, no auge da repressão. O advogado destacou a “covardia dos desaparecimentos” de pessoas, presas pela simples e genérica acusação de serem “comunistas”, que era como o regime e seus apoiadores chamavam as pessoas que lutavam contra a ditadura.

Antes do final do ato, que durou cerca de uma hora, uma mulher de meia idade que passava do outro lado da rua começou a esbravejar contra o evento. Nem quando chegou mais perto, atravessando a rua e entrando e saindo gritando das lojas Pernambucanas, deu para entender o que dizia. Só uma palavra: “Comunistas…!”, saiu gritando e andando rápido.

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