Foz tem o segundo índice de carteiras de identificação de autistas no Paraná

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Emissão do documento criado no Estado em 2020 quase dobrou nos primeiros oito meses deste ano

Foz do Iguaçu aparece em segundo lugar, atrás de Curitiba e ao lado de Ponta Grossa, entre os municípios do Paraná que mais emitiram a carteira de identificação dos portadores de transtorno do espectro autista (TEA). O documento, criado há dois anos, “deu rosto” à uma parcela da população quase invisível até então. No período, foram solicitados mais de 4,5 mil documentos no Estado.

Destaca o GDia que os dados sobre a emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) foram informados pela Secretaria Estadual da Justiça, Família e Trabalho, no Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiências. A data, celebrada ontem (21), foi criada para defender aos deficientes o direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas, sem sofrer discriminação.

De acordo com o levantamento, desde a criação em maio de 2020, a carteira de identificação do autista foi concedida à 1.246 pessoas em Curitiba, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa registraram 290 emissões cada. Na sequência Cascavel com 212, seguida de Londrina e Maringá com 178 cada. As carteirinhas ajudam a evitar transtornos e facilitar a vida de quem tem familiares com TEA, especialmente crianças em filas preferenciais.

Qualidade de vida

A reportagem conversou com um morador de Foz do Iguaçu que conseguiu o documento, após ser diagnosticado com autismo há dois anos. Ramiro S (nome fictício) tem 48 anos e foi diagnosticado com o nível dois, que é o moderado, mas precisa usar medicamentos receitados para controlar a ansiedade, depressão, entre outras. A classificação da doença tem ainda o nível um, leve e o três, que é o mais severo).

Ele conta que o autismo sempre interferiu em sua vida, principalmente no momento de aprendizagem. “Pessoa com autismo precisa de apoio para compreender as coisas, uma forma diferente para aprender”, disse. A partir daí foi em busca de tratamento para depressão. “Uma neuropsicológa viu em mim traços do autismo e ai começamos a fazer as avaliações pelo método ABA e outros avaliação seguidos pela DMS”.

A terapia ABA trabalha o impacto da condição autista em situações reais. A intenção é fazer os comportamentos desejáveis e úteis serem ampliados e diminuir aqueles que são prejudiciais ou que estão afetando negativamente o processo de aprendizagem.

“Na moda”

As pessoas NTs (normais) costumam dizer que o autismo está na moda, “ou que não temos cara de autismo e até mesmo que o seu autismo é muito leve”, informou. De acordo com Ramiro S, cada autista é único, “por isso é classificado como espectro”.

“Nosso cérebro tem mais neurônios e pensam que por isso somos mais inteligentes, pode ser em alguns casos como a síndrome de Savant, onde os que nela se enquadram tem uma enorme facilidade memorização e habilidades com números e outras coisas dependendo do hiperfocal deles”, explicou.

Mas em outras áreas, que não agrada, os autistas são muito prejudicados. “A percepção de que o autismo está na moda é bem normal, pois hoje em dia temos mais médicos para diagnosticar essas neurodiversidades, coisa que não acontecia no passado”, lembra.

“Não somos melhores nem piores que as pessoas ditas ‘normai’ pelos padrões impostos pela sociedade, e sim somos apenas diferentes, somos atípicos e o diferente cedo ou tarde assusta as pessoas. É preciso que a sociedade aceite e respeite essas pessoas”, concluiu. Na família de Ramiro S, cinco pessoas foram diagnosticadas por médicos diferentes e especialistas – quatro irmãos e uma sobrinha.

Contexto

A quantidade de indivíduos com o transtorno ainda é difícil de ser estimada, mas com cerca de 2,4 milhões de crianças até os 14 anos, segundo dados do IBGE de 2010, o Paraná pode ter mais de 50 mil nessa condição, se tomada como estimativa os dados norte-americanos dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC).

Em pesquisa de 2018, a instituição chegou ao número de incidência do transtorno de 23 por 1 mil crianças de 8 anos de idade, ou 1 para cada 44 crianças, o que daria aquele número. Já para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o autismo afeta uma em cada 160 crianças.

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