Há 40 anos, Itaipu resgatava 36 mil animais na formação do reservatório

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Milton Dutra Campos captura cobra durante a operação Mymba Kuera. Foto: Acervo Pessoal.

Operação Mymba Kuera foi um marco entre os cuidados ambientais empreendidos na construção da usina

Há 40 anos – completados na última quinta-feira (13) –, a Itaipu empreendia uma grande operação para resgatar os animais que ficaram ilhados por conta da formação do reservatório. Em 1982, a operação Mymba Kuera – que ficou conhecida como “pega-bicho” – chegou a resgatar 36 mil animais.

Antônio Lourenço, que atualmente trabalha como tratorista no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), atuou em uma das equipes de resgate. Ele conta que passou por um treinamento de cinco semanas antes da empreitada. Na época, não havia muito conhecimento sobre o resgate da fauna típica da Mata Atlântica. Segundo ele, as técnicas disponíveis eram, em boa parte, importadas e tratavam de animais que não existiam aqui em vida livre.

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“Por isso, a gente tinha que adaptar muita coisa. E o aprendizado na prática também foi importante. Mas correu tudo muito bem, sem acidentes graves”, revela Antônio que, durante os 19 dias da operação, ficou hospedado em um hotel em Santa Helena, de onde saíam diariamente as embarcações para fazer os resgates ao redor das ilhas que se formavam com o enchimento do lago. Essa era a principal estratégia.

“A gente saía cedo e já tinha que levar comida, água, tudo que fosse necessário para passar o dia inteiro no barco”, lembra. Dos muitos salvamentos que fez, os de duas jaguatiricas estão entre os mais desafiadores. “Hoje é um orgulho muito grande ver toda essa floresta em volta do lago. É um cuidado com a natureza que começou ali, no resgate dos animais”, completa.

Milton Dutra Campos, que também participou da operação, conta que o dia a dia apresentava sempre novos desafios. Com a subida das águas, havia muitos troncos e galhos que, por vezes, quebravam as hélices do barco ou até mesmo chegavam a furar alguma embarcação inflável. “E a gente ia nas árvores porque os macacos chamavam a atenção, mas, quando encostava o barco, caía uma cobra dentro. Daí se enfiava embaixo do estrado e a gente tinha que ir até a margem, tirar tudo, laçar a cobra e guardar na caixa. Isso era muito comum.”

Ao todo, a operação envolveu cerca de 160 pessoas no Brasil e no Paraguai. Ao final, 54 espécies foram registradas. A maior parte dos animais foi solta nas áreas de proteção que a Itaipu mantém em torno de seu reservatório. Uma pequena parte também deu origem plantel de espécimes abrigados no RBV.

Milton Dutra Campos na época do enchimento do reservatório (acervo pessoal).

A unidade de conservação, que é reconhecida pela Unesco como posto avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, hoje mantém exemplares de mais de 60 espécies de fauna desse bioma, com destaque para onças-pintadas, antas e harpias. Ali, além da visitação do público em geral, são desenvolvidos projetos de conservação, pesquisa científica e educação ambiental.

Antônio Lourenço e Milton Dutra Campos no Portinho do RBV. Foto: Sara Cheida/Itaipu Binacional.

“A operação Mymba Kuera é um marco na história da Itaipu. Juntamente com a formação do cinturão verde de áreas protegidas em torno do reservatório, essa operação reflete o compromisso da empresa com a conservação ambiental, para minimizar impactos e assegurar a manutenção do patrimônio natural da região”, afirma o Superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Ariel Scheffer da Silva.

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