O Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC), em Foz do Iguaçu, notificou e captou cinco doações de múltiplos órgãos em 2024. Isto dá à instituição 100% de aproveitamento para estes casos no cumprimento do Protocolo de Captação de Órgãos, que é um conjunto de procedimentos que envolvem desde a notificação de um possível doador, passando pelo contato e aceite da família, a captação e finalizando no envio para receptação por outro paciente. Além destes, a instituição captou 15 globos oculares. A campanha “Setembro Verde” lembra sobre a importância de falar sobre o tema.
A captação de múltiplos órgãos é realizada em pacientes que tiveram Morte Encefálica (ME), que é a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro, decorrentes de Acidente Vascular Cerebral (AVC), parada cardíaca, traumatismo craniano, entre outras situações. No HMCC, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) captou rins, fígado e pâncreas.
Segundo o coordenador da CIHDOTT, o enfermeiro Valter da Silva, as captações foram possíveis devido a um trabalho incansável da comissão. “Realizamos capacitação da nossa equipe, busca ativa com os pacientes internados, conversas com os familiares e hoje colhemos os frutos com cinco captações de múltiplos órgãos e 15 de globo ocular, apenas em 2024”, pontuou.
Mesmo com o resultado celebrativo, Valter ainda salienta a dificuldade na captação. “A recusa familiar hoje é nosso maior impeditivo, mas a comissão trabalha para mostrar a importância. Quando a família entende que vai ajudar pessoas que ela nem conhece, vai dar chance de nova vida a uma outra pessoa, eles compreendem a força do ato e autorizam”, explicou o enfermeiro. No caso de globos oculares, por exemplo, o HMCC poderia ter captado mais caso as famílias tivessem autorizado.
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Para evitar situações como essa, há alguns anos foi lançada a campanha “Setembro Verde”, que busca a conscientização e incentivo para doação de órgãos. No Brasil, para ser um doador, é importante conversar com a família sobre o desejo, pois somente eles podem autorizar. Somente no Paraná, o Sistema Estadual de Transplantes aponta mais de 3 mil pessoas na lista de espera – ainda assim, o estado foi o que mais realizou doações de órgãos por milhão de população no país em 2024.
“É muito importante que as famílias conversem sobre doação de órgãos. Há ainda muitos tabus e é preciso desmistificar isso. Quando todos entenderem o processo e a importância, a doação ocorrerá muito bem”, finalizou Valter.