O paciente manifestou em vida à família, o desejo de ser doador de órgãos
A madrugada de quinta-feira (28) foi marcada pela 10ª captação de órgãos feita em 2022 no Hospital Municipal Padre Germano Lauck (HMPGL), administrado pela Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu.
O procedimento foi realizado no Centro Cirúrgico da unidade hospitalar, com o consentimento da família a partir do desejo manifestado em vida pelo paciente, um homem de 52 anos vítima de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico.
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A morte encefálica foi confirmada por meio de exames que seguiram rigorosamente todos os itens descritos em protocolo específico. O procedimento foi coordenado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Hospital Municipal em parceria com a equipe do Hospital do Câncer de Cascavel – Uopeccan. Foram captados fígado e córneas.
“Em meio a tristeza e a dor da despedida, a família teve esse gesto de empatia e amor, que se transformou em esperança para outras vidas”, destacou a secretária da CIHDOTT, a enfermeira Daiane Sosa.
Segundo a psicóloga da comissão, Carla Fabíola Carvalho, o “sim à doação de órgãos auxilia a família enlutada na elaboração do seu luto, de modo que garante a continuidade da vida e a possibilidade de trazer novas alegrias e sorrisos para uma família que já não tem esperança”.
Captações
Em 2021, o Hospital Municipal Padre Germano Lauck realizou 12 captações de múltiplos órgãos, que beneficiaram, e até mesmo garantiram, a vida de pessoas que estão na fila à espera de um transplante. Em 2020, foram realizadas 20 captações.
Segundo o Sistema Estadual de Transplantes do Estado do Paraná (SET/PR),a lista de espera para o transplante de córneas conta com mais de 900 pacientes. Por causa da pandemia, a quantidade foi reduzida, chegando em 2020 a uma queda de captações de 75,2%.
Atualmente, a maioria de pacientes em fila de transplante aguarda por um rim. Em maio de 2022, segundo a SET/PR, 1.314 pessoas estavam na lista de espera.
No Brasil, de acordo com os últimos dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a recusa para a doação de órgãos foi de 42% em 2021.
O Brasil possui hoje 56.847 pacientes aguardando transplantes. A maioria (32.481) também aguarda pela doação de um rim. Esses dados foram divulgados em junho de 2022 pelo Ministério da Saúde.
Comparadas com o ano passado, houve diminuição nas taxas de doadores devido ao aumento de 9,5% da taxa de recusa familiar. De acordo com ABTO 46% dos familiares entrevistados se posicionaram contrários à doação.
Os estados brasileiros que lideram a captação de órgãos são o de Santa Catarina e Paraná.
Para ser um doador
No Brasil, para ser doador não é preciso deixar nada por escrito, e sim comunicar o desejo à família pois somente os familiares podem autorizar a doação. Não há documentos em vida que permitam a captação de órgãos sem autorização dos familiares em caso de morte encefálica.
Há dois tipos de doador – o primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial. Pessoas menores de 21 anos precisam de autorização dos responsáveis.
O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
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