Imã Wasim visita Foz para desmistificar o islamismo e promover a tolerância religiosa

O presidente da Comunidade Ahmadia Muçulmana no Brasil, Imã Wasim Ahmad Zafar, chegou em Foz do Iguaçu na terça-feira (14), para uma visita especial até o próximo dia 19 de outubro (domingo). A agenda, que inclui uma série de compromissos oficiais, tem a intenção de promover o diálogo inter-religioso e esclarecer dúvidas sobre o Islã. A programação inclui uma palestra aberta ao público dia 18 (sábado), com início às 17h30 e participação dos presidentes da Comunidade Ahmadia Muçulmana da Argentina e do Paraguai, Imã Marwan Gill e Imã Ghalib Baten, respectivamente.

A proposta, segundo Imã Wasim, será a oportunidade de oferecer uma “boa nova espiritual” aos iguaçuenses. “A principal mensagem que desejo compartilhar é que o Messias prometido, aguardado por diversas religiões, já veio. Ele é Hazrat Mirza Ghulam Ahmad, nascido em 1835 na Índia, que afirmou ter sido comissionado por Deus para reviver os ensinamentos pacíficos do Islã e unir a humanidade”, afirmou Imã, em entrevista exclusiva ao GDia.

Para a Comunidade Ahmadia Muçulmana, esse líder religioso representa o cumprimento simbólico da segunda vinda de Jesus, que, segundo a tradição da comunidade, não morreu na cruz, mas sobreviveu e faleceu mais tarde na Índia. A fala do líder espiritual toca também em temas sensíveis, como a islamofobia. Em um momento em que o mundo presencia o agravamento de conflitos no Oriente Médio e o aumento da intolerância religiosa, Wasim destaca o lema da Comunidade Ahmadia: “Amor para todos, ódio para ninguém”.

“Não é só uma frase bonita, é nossa forma de viver. Combatemos o ódio com esclarecimento, diálogo e exemplo prático. Acreditamos que a verdadeira paz só é alcançada quando nos reconectamos a Deus por meio de boas ações”, diz. A palestra em Foz do Iguaçu, a partir das 17h30 no Hotel Whyndam Golden Foz Suítes, também tem um forte simbolismo regional.

A presença dos líderes da Argentina e do Paraguai demonstra o empenho da comunidade em ampliar o diálogo para além das fronteiras nacionais. “Nossa missão é global. Queremos fortalecer os laços de fraternidade entre os países do Mercosul, promover eventos inter-religiosos e criar pontes entre culturas e nações”, explica Wasim.

Desmistificando o Islã
Entre os objetivos do evento está também o de corrigir distorções comuns sobre o Islã, muitas vezes alimentadas por preconceitos ou desinformação. Um dos mitos mais recorrentes, segundo Wasim, é associar a religião islâmica à violência ou ao extremismo. “A palavra ‘Islã’ significa paz. A jihad, tão mal compreendida, não é uma ‘guerra santa’, mas sim um esforço espiritual para se tornar uma pessoa melhor”.

“E o Islã concede às mulheres direitos fundamentais muito antes de outras civilizações”, explica. A Comunidade Ahmadia tem realizado diversos eventos no Brasil e no mundo para explicar, com base no Alcorão e na vida do Profeta Muhammad, os verdadeiros valores islâmicos. “Promovemos a educação, o empoderamento feminino, o respeito às leis locais e a convivência pacífica. E fazemos isso não apenas com palavras, mas com ações concretas”, reforça.

Símbolo da convivência
Foz do Iguaçu, que abriga a segunda maior comunidade árabe do Brasil, é vista pela comunidade como um exemplo de diversidade cultural e religiosa. Para Imã Wasim, a cidade tem papel estratégico na promoção da paz. “A tríplice fronteira é um símbolo de convivência. Em tempos de tensão internacional, precisamos de mais espaços como esse, onde o diálogo é possível. Convidamos todos os moradores – muçulmanos e não muçulmanos – a participarem da palestra. É uma chance de conhecer o Islã pela sua fonte original”, convida.

Sobre os conflitos atuais, como a guerra entre Israel e Hamas, o líder religioso não hesita em afirmar a posição da Comunidade Ahmadia: “Condenamos toda forma de violência contra civis inocentes. O sofrimento do povo palestino deve ser reconhecido. O Islã nos ensina que a paz só pode vir por meio da justiça. Nosso líder internacional, Sua Santidade Mirza Masroor Ahmad, tem alertado há anos sobre os riscos de novos conflitos globais se não houver empatia, diálogo e responsabilidade moral entre os líderes mundiais”.