Inquéritos sorológicos mostram queda nos níveis de anticorpos contra a Covid-19 em Foz do Iguaçu, diz estudo

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Resultado do levantamento realizado na população reforça pesquisas recentes que indicam que não há imunidade coletiva de longo prazo para o novo coronavírus

O último inquérito sorológico realizado na cidade de Foz do Iguaçu para detectar a porcentagem da população que já teve contato com o Sars-Cov-2 mostrou um declínio acentuado na taxa de pessoas com anticorpos para o vírus que causa a Covid-19. Nos testes realizados no dia 3 de setembro, a taxa de soroconversão foi de 21,1%. No inquérito anterior, realizado em 24 de julho, o índice era de 37,21%. De acordo com o coordenador da pesquisa, o professor da UNILA Kelvinson Viana, esses dados podem reforçar alguns estudos recentes que indicam que parte da imunidade ao Sars-CoV-2 pode perder efetividade após três meses de infecção.  

“Isso indica que é possível termos que conviver com o vírus de forma permanente, que não há imunidade coletiva de longo prazo e que a vacinação deverá entrar no calendário obrigatório de imunizações e, certamente, precisaremos de reforços anuais, como acontece com o H1N1”, explica. 

O levantamento começou a ser realizado em Foz do Iguaçu no mês de maio, em uma parceria da UNILA com o poder público municipal. Na época, o inquérito sorológico mostrou que os níveis de anticorpos da população estavam em 4,4% no dia 15 de maio, subindo para 28,02% em 9 de junho. No mês de julho, a taxa continuou ascendente, alcançando 35,36% no dia 3 e 37,21% em 24 de julho. O inquérito do início do mês de setembro foi o primeiro que mostrou queda na taxa de soroconversão.  Os dados foram publicados no terceiro informe do Grupo de Projeções da Covid-19 da UNILA. Leia, na íntegra, aqui.

De acordo com Kelvinson Viana, os inquéritos sorológicos seguem o princípio da aleatorização nas coletas, tem 95% de intervalo de confiança e margem de erro de 5%. A quantidade de amostras também é calculada com base na população da cidade. Essa metodologia, que é a mais indicada para fazer estudos epidemiológicos em populações, garante resultados fidedignos. “Quando a taxa de anticorpos estava em 35% e foi para 37%, isso estava dentro da margem de erro, mostrava que no mês de julho a soroconversão tinha se estagnado na população. Uma queda de 37% para 21% ultrapassa a margem de erro e nos mostra que, por volta de três meses depois das pessoas terem entrado em contato com o vírus, há um grande declínio nos níveis de anticorpos no sangue”, salientou. 

Os resultados do inquérito sorológico de Foz do Iguaçu vão ao encontro dos dados publicados por outros grupos de pesquisa sobre o comportamento do sistema imune frente ao coronavírus. “Recentemente, um trabalho publicado na Nature Medicine mostrou que o comportamento da soroconversão em pessoas que entraram em contato com as quatro variantes de coronavírus sazonais é de perda da titulação, com novo aumento da produção de anticorpos após novas reinfecções. Além disso, indicou que, para estas variantes, há de uma a duas reinfecções por ano, ou seja, mesmo as pessoas tendo algum nível de anticorpos circulantes no sangue, isso não impede as reinfecções”, aponta Viana. O pesquisador alerta também que, embora tenham poucos relatos de reinfecção com o Sars-CoV-2 nas populações, “este é um panorama provável ao longo dos meses”. 

Mesmo quem já contraiu Covid-19 precisa manter os cuidados

Os resultados das pesquisas mais recentes sobre a Covid-19 reforçam a necessidade de manter os cuidados sanitários. Adotar hábitos como o uso de máscara em público, o distanciamento social e a higienização constante de mãos e superfícies, é a forma mais eficaz para evitar uma infecção com o Sars-Cov-2. 

A docente do curso de Enfermagem da Unioeste Mara Ripoli, que também faz parte do GT de Projeções da UNILA, adverte que mesmo pessoas que já pegaram e se recuperaram da Covid-19 precisam ser rigorosas com os cuidados sanitários. “Quando em uma casa um morador testar positivo para Covid-19 através do exame RT-PCR, todas as pessoas que moram na mesma casa devem também ficar em isolamento domiciliar, mesmo aquelas que já tiveram a doença. Isso porque a Covid-19 é uma doença nova e as pesquisas científicas  sobre o desenvolvimento da imunidade e a duração dessa imunidade ainda estão em andamento”, orienta. 

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