Itaipu arrecada 18,9 milhões com leilão de imóveis e prepara investimento em casas populares

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Todos os diretores da margem esquerda da Itaipu participaram do início do leilão, que tem caráter histórico: será a primeira vez que a Itaipu reverterá o recurso arrecadado para a construção de casas populares. Fotos: Sara Cheida / Itaipu Binacional

Foram arrematados 40 dos 48 lotes disponíveis. Moradias populares devem ser construídas em 2024

A Itaipu Binacional arrecadou, nesta terça-feira (1º), R$ 18.894.459,11 com o leilão de 40 imóveis desocupados da Vila A – um ágio médio de 28%. O valor será investido integralmente na construção de cerca de 200 moradias populares em Foz do Iguaçu (PR). A iniciativa segue as diretrizes do Governo Federal, em benefício de pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social, e estão alinhadas à missão da Binacional.

O certame foi realizado pelo leiloeiro oficial Pedro Lerner Kronberg, no Interludium Iguassu Convention, em Foz do Iguaçu (PR), e durou cerca de seis horas. Inicialmente foram oferecidos 48 lotes, mas oito não foram arrematados e voltam para Itaipu. Eles serão leiloados novamente, em outro momento, pelos mesmos valores iniciais. O resultado do leilão passará por deliberação da Diretoria Executiva da Itaipu para homologar o resultado, o que deve acontecer ainda esse mês. A partir daí, começam a correr os prazos de pagamento.

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O maior valor arrecadado por um único lote foi de R$ 1,4 milhão, por um imóvel de 111 m², com 893 m² de terreno, localizado na Avenida Garibaldi. O maior ágio foi de 101%. Todos os lotes foram vendidos separadamente. Mais de 120 pessoas estiveram no auditório, dessas, 40 preencheram a ficha de inscrição. Cerca de 50 pessoas participaram em média do leilão on-line, pelo site do leiloeiro.

“A Itaipu tem o papel principal de produzir energia de qualidade, mas também tem um grande compromisso ambiental e social, especialmente, em Foz do Iguaçu. E um dos maiores investimentos que podemos fazer em política social é a moradia”, afirmou o diretor-geral brasileiro, Enio Verri. “Essas casas serão construídas com recursos da Itaipu e serão doadas, não tendo nenhuma prestação ou mensalidade para o morador.”

O diretor fez o arremate do primeiro lote vendido, batendo simbolicamente o martelo. O lote tinha um lance inicial de cerca de R$ 186 mil e foi arrematado por R$ 306 mil, por um comprador on-line, às 14h48. “O valor é 60% maior do que o preço inicial. Além da emoção de acompanhar o leilão, ficamos felizes porque esse recurso a mais representa mais casas populares para Foz do Iguaçu”, comentou.

Alguns lotes tiveram disputa acirrada, lance a lance.

Além de Enio Verri, todos os diretores da margem esquerda da Itaipu Binacional acompanharam o início do leilão. Estiveram presentes o diretor administrativo, Iggor Rocha; o diretor financeiro executivo, André Pepitone; o diretor técnico executivo, Renato Sacramento; o diretor de Coordenação, Carlos Carboni; e o diretor jurídico, Luiz Fernando Delazari.

De acordo com Iggor Rocha, a previsão é que a construção das casas seja concluída já no próximo ano. “Nosso interesse é a máxima agilidade possível, estamos tendo reunião com a Prefeitura de Foz do Iguaçu e o FozHabita quase diariamente para organizar esse processo”, afirmou. Segundo ele, um próximo conjunto de 27 imóveis desocupados já deve estar pronto para leilão ainda em 2023.

Desmobilização

A venda faz parte da desmobilização dos imóveis da Binacional que já cumpriram sua função original. Desde 2004 até o momento, foram alienados 1.401 imóveis residenciais nos conjuntos habitacionais A e B. Atualmente, Itaipu ainda conta com 905 imóveis em sua propriedade, sendo que 90% desses imóveis são ocupados por entidades relacionadas à Binacional.

Empregados(as), seus(suas) cônjuges e parentes de segundo grau, além de pessoas ligadas à Itaipu, não puderam participar do processo.

Nova vida

O produtor de audiovisual Carlos Escobar, 47 anos, levantou as duas mãos para cima quando fez o arremate. Ele comprava uma casa de 83 m² por cerca de R$ 260 mil, praticamente pelo preço inicial, para morar com a família, a esposa Gabriela Bravo, e os seis filhos – quatro meninas e dois meninos de 3 a 15 anos.

“Fazia um tempão que estávamos atrás disso”, disse Carlos, emocionado ao lembrar da própria história. No final do ano passado, um curto-circuito provocou um incêndio em sua casa, no bairro de Três Lagoas. Na ocasião, Carlos e a Gabriela estavam em um compromisso no Paraguai. O heroísmo de um vizinho resgatou os filhos de uma tragédia ainda maior.

Ao centro, o produtor de audiovisual Carlos Escobar, 47 anos, que arrematou uma casa para morar com a família. Na foto, ele está entre os diretores de Itaipu Enio Verri (geral brasileiro), à esquerda, e Iggor Rocha, à direita.

“Um dos meus filhos ficou preso no nosso quarto. Ele inalou muita fumaça e foi para o hospital. Um herói entrou e salvou meu filho”, recordou Escobar, às lágrimas. Mas logo abriu um sorriso: “A primeira coisa que quero fazer é me mudar com minha família.”

Cuidar dos netos

Quem também planeja aproveitar bem a aquisição foi o empresário Laudir Pilão Mazzutti, 70 anos, que disputou lance a lance (259 para ser exato) para arrematar uma casa de 154 m² em um terreno de 896 m² por R$ 953 mil, bem acima do lance inicial de R$ 475 mil – este foi, aliás, o maior ágio do leilão. A escolha foi a dedo: o terreno fica do lado de um conjunto de três sobrados onde moram seu Laudir, a esposa, o filho e a filha com os cônjuges e os quatro netos.

Laudir Pilão Mazzutti (ao centro) com o filho Rafael Mazzutti, 44 anos (à direita), e o genro Fernando Marques, 41 (à esquerda). Foto: Stela Guimarães

“Queremos utilizar o espaço para a família. A gente tem a família grande e eu moro próximo a esse terreno, então o objetivo é colocar a família próximo de onde a gente mora”, contou.

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