Foz do Iguaçu vai ter que esperar pelo menos um ano ou dois para usar as estruturas que estão sendo construídas com o dinheiro da Itaipu Binacional. Os gargalos alcançam as obras da segunda ponte, perimetral leste e o mercado municipal. Em dois deles, ponte e mercado, a Itaipu deve desembolsar mais alguns milhões de reais – um aporte de R$ 100 milhões já foi depositado na conta do Estado.
“Temos hoje um passivo de execução em torno de R$ 100 milhões que já foram depositados ao Estado. Me parece que estão com alguns problemas com a empresa ou consórcio que foi contratado, mas é uma situação que depende do DER junto com Estado”, disse o diretor de Coordenação da binacional, Carlos Carboni, em entrevista à Rádio Cultura.
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Carboni afirmou que conversou com o secretário estadual Sandro Alex (Infraestrutura e Logística) e com o diretor-geral do DER-PR, Fernando Furiatti. Para a conclusão das obras complementares (a ponte já está pronta) seriam necessários, segundo a previsão, mais R$ 36 milhões – as indenizações passaram de R$ 6 milhões.
Mais obras
Esses custos devem subir com a construção da estrutura de fiscalização da alfândega. “A Polícia Federal afirmou que precisa de uma estrutura maior. Com esse novo prédio, quem vai pagar? Onde que vai (ser construído)? Vão fazer um aditivo? Ainda faltam essas definições”, disse Carboni.
“Parece que este é um dos gargalos, mas não cabe a Itaipu questionar. É uma questão do DNIT como o DR-PR que vão fazer essa definição”, completou.
O diretor da Itaipu afirmou ainda que apesar do “convênio de delegação da ponte” encerrar agora em maio – uma questão burocrática que será resolvida pela usina – há outros problemas. “Tem questões do ponto de vista financeiro, estrutural que o DER vai precisar resolver com os órgãos competentes. Repensar os espaços da Polícia Federal e da aduana da Receita Federal. Não é uma situação que Itaipu tenha que se preocupar, mas óbvio que isso vai ter impacto de valores”.
É por essas e outras – o Paraguai não começou as obras complementares em Presidente Franco – que a entrega da ponte ao tráfego no final de 2025, segundo previsão do próprio Carboni.
Mercado Municipal
A entrega do Mercado Municipal deve se arrastar até abril de 2024, apesar que a Itaipu fará um esforço para entregá-lo até o final deste ano. A entrega do equipamento deve custar mais R$ 5 milhões, além dos R$ 14 milhões já consumidos. O custo maior deve ser usado em uma usina de fotovoltaicas, entre outras reformas.
“Temos a reforma do aspecto em geral, a obra foi concluída há um ano e meio. Mas nesse meio em um ano e meio não houve nenhum tipo de manutenção e com avanço da tecnologia, talvez podemos ser mais eficientes. Em uma semana, teremos a avaliação da questão energética – com a energia solar poderemos ter 40% de economia no consumo de energia”, disse Carboni que considera ainda insuficiente o estacionamento de acesso ao local.
Outra questão a ser resolvida é quanto a modelagem do uso do equipamento. “Estamos no quinto modelo”, afirmou Carboni. Esses modelos passaram desde a administração pela própria binacional, a contratação de um empresa de gerenciamento, cessão ao Município e até a venda do espaço.
Gestão do PTI
Agora, após as conversas com o diretor-geral da Itaipu, Enio Verri, e com o superintendente do PTI, Irineu Colombo, chegou-se ao quinto modelo: a gestão pelo parque tecnológico para o uso do turismo.
“A terceira questão é o modelo de negócio do queremos ter lá dentro”, disse Carboni. A Itaipu já teve uma reunião com as entidades do setor turístico, entre elas, os sindicatos dos guias e dos hotéis, além do Codefoz, Polo Iguaçu, Acifi e Visit Iguassu.
“A cidade precisa assumir o mercado municipal como um potencial e ativo ao turismo e que isso possa ajudar para que o turista fique duas, três, cinco horas, que possa inclusive determinar que fique um dia a mais em Foz do Iguaçu”, argumenta o diretor da Itaipu.
Perimetral Leste
Outro gargalo, que não entrou na pauta da entrevista de Carboni ao programa Contraponto, mas que já dá dor de cabeça aos gestores municipais, é a Perimetral Leste. As obras seguem em ritmo lento e enfrentam desde o desconhecimento do terreno pelos construtores, passando pelo curso das indenizações e erros na primeira versão do projeto, parte deles já contornados.
A ligação de 15 quilômetros entre as BRs-277 e 469 foi projetada sem qualquer tipo de interseção entre as regiões leste e extremo leste ao custo de R$ 139,3 milhões. O projeto foi alterado com a inclusão de dois viadutos (nas avenidas Felipe Wandscheer e República Argentina) e seu custo saltou para R$ 336 milhões.
Ao início das obras, técnicos da Secretaria de Planejamento apontaram a necessidade de mais três interseções entre a Avenida República Argentina e a BR-277. Os mesmos técnicos afirmam que a perimetral vai precisar ser duplicada já que será pavimentada em uma pista de rolamento e vai receber o tráfego de caminhões pesados nos dois sentidos do Brasil, Paraguai e Argentina. Sobre as três novas interseções, a prefeitura corre atrás de recursos para viabiliza-las.
A última medição, divulgada em março, registrou que as obras passaram de 19% da execução. Já os moradores da região reclamam do isolamento provocado pelas obras, do lixo e entulhos deixados em seu rastro, e do aterro de lagoas e alagadiços.