Cerca de 45 empregadas e estagiárias da Itaipu Binacional e do Itaipu Parquetec participaram, na manhã desta terça-feira (5), de uma Oficina de Defesa Pessoal para Mulheres. A atividade faz parte da programação da 5ª Semana da Diversidade, promovida em parceria pelas duas instituições com foco nos colaboradores e colaboradoras.
A oficina foi ministrada de forma voluntária por dois especialistas. Um deles foi o agente da Divisão de Segurança Externa da Itaipu Antônio Marcos Américo, faixa preta e professor de jiu jitsu, instrutor de Defesa Pessoal credenciado pela Polícia Federal e instrutor de cursos de Formação, Reciclagem e Extensão de vigilantes há sete anos.
Já o tenente-coronel da PM RR Marcos Aparecido de Souza é especialista em Proteção Pessoal de Alto Risco, instrutor do curso de ações Defensivas e Combate Aproximado para Forças Policiais, faixa preta e professor de jiu jitsu e defesa pessoal.
Segundo os instrutores, a oficina foi apenas uma “pincelada” no tema. Ambos os professores de jiu jitsu, Américo e Souza explicaram que a modalidade tem como raiz a defesa pessoal. Infelizmente, ainda são poucas as mulheres que procuram esse tipo de atividade. “Não é somente uma questão de autodefesa, mas também de autocontrole e autoconhecimento, coisas que só se desenvolvem com muita dedicação e treinamento”, afirmou Américo.
Além disso, para Marcos de Souza, “além de saber se defender, também é preciso ter uma visão da realidade a respeito de onde vou, como vou, a que horas etc. Sabemos que a mulher é livre para ir aonde quiser, como quiser, mas o indivíduo com más intenções também pode estar em qualquer lugar”, completou.
As participantes aprenderam movimentos com os braços, mãos, pernas e posturas que podem fazer a diferença no momento de um ataque. “Nosso foco é permitir a fuga, não provocar brigas”, reforçou Américo. Desde um puxão pelo braço a uma tentativa de estrangulamento, pequenos detalhes permitem à vítima se colocar em uma posição de segurança e evitar o ataque.
Em dupla, Erica Fernandes Noivo, da Divisão de Sistematização da Manutenção (SMIS.DT), e Barbara Maia Perrone, do Marketing do Itaipu Parquetec, treinaram os movimentos à medida que os instrutores explicavam o passo a passo. “Os índices de violência contra a mulher são altos, então é fundamental a gente poder se sentir mais segura e empoderada”, afirmou Barbara. “Isso dá segurança para a gente se defender, caso seja necessário.”
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“A oficina está sendo muito útil”, concordou Erica. “Claro, é algo que precisa ser praticado, mas com o alto índice de violência urbana contra a mulher, toda informação é muito importante. E cria esse interesse pela defesa pessoal, algo que é pouco difundido entre as mulheres”, finalizou.
Conscientização
A atividade, sugerida por integrantes do Comitê de Gênero, Raça, Diversidade e Inclusão da Itaipu, foi ministrada como uma forma de conscientizar a respeito do Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher (25 de novembro) e os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, que acontecem anualmente de 20 de novembro a 10 de dezembro.
“Quando pensamos nessa oficina, foi no sentido de promover conscientização sobre a violência contra as mulheres e também de ofertar uma atividade dinâmica e prática. E deu certo, tivemos que fechar o link de inscrições em poucas horas”, declarou Victoria Pedro Correa, coordenadora do Comitê.
“A gente teve a sorte de poder contar com a disposição do Marcos Americo, nosso colega de Itaipu que é um grande profissional e doou seu conhecimento para que as mulheres possam se sentir mais seguras. Esperamos poder promover esse tipo de ações mais vezes na empresa e ficamos contentes com a aceitação das mulheres que participaram dessa atividade”, completou Victoria.
Números do perigo
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, mais de 380 mil casos de violência contra a mulher foram registrados na Justiça brasileira em apenas cinco meses de 2024.
Além disso, as mulheres representaram, em média, 11% das vítimas de latrocínios, das lesões seguidas de morte e dos homicídios dolosos em 2023, segundo o novo Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O relatório aponta ainda que 258.941 mulheres foram vítimas de lesão corporal dolosa em 2023. Outras 11 mil mulheres sofreram tentativas de homicídio e feminicídio.