Unificação dos empregados em Foz do Iguaçu, sede da usina, melhora a gestão. Migração envolve 97 empregados
Até sexta-feira (17), todas as atividades do escritório da Itaipu Binacional em Curitiba serão encerradas. O processo de transferência dos empregados para Foz do Iguaçu, sede da usina, por determinação do diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna, teve início em julho do ano passado e termina agora em janeiro de forma ordenada, com alguns dias de antecedência.
Com a concentração dos empregados em Foz do Iguaçu, o principal ganho é em eficiência, já que todo o corpo funcional vai atuar junto o tempo todo, sem necessidade de locomoção de uma cidade para a outra. A medida também permite uma economia significativa de recursos, como os gastos com o aluguel do prédio e em passagens e estadias dos empregados que faziam frequentes viagens de Foz a Curitiba e vice-versa.
No processo de migração, foram transferidos 97 empregados e outros 18 aderiram ao Programa Permanente de Demissão Voluntária. Novas admissões estão suspensas desde abril. Por isso, as movimentações foram facilitadas. A ideia é aproveitar ao máximo a mão de obra disponível.
Por influência do Brasil, a margem paraguaia de Itaipu também pretende concentrar cada vez mais as atividades na vizinha Hernandárias, sede da usina no lado paraguaio, reduzindo o número de empregados no escritório de Assunção.
O Anexo A do Tratado de Itaipu prevê que, além das sedes em Foz do Iguaçu e Hernandárias, a empresa manteria escritórios em Brasília e Assunção. Mas, durante as obras de construção da usina, a partir de 1975, foram criados escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, para facilitar o desembaraço de peças adquiridas pela usina. Os escritórios do Rio e de São Paulo foram desativados nos anos 1990, mas não o de Curitiba.
“Desde o início de nossa gestão, a diretoria brasileira de Itaipu avaliou que não se justificava manter uma estrutura tão grande fora da área de influência da usina. Hoje, toda a diretoria de Itaipu está em Foz do Iguaçu, que é a sede brasileira da usina. Havia um gasto enorme com diárias e passagens, com o aluguel do prédio de Curitiba e até mesmo com reformas e adequações que periodicamente eram feitas”, explicou o general Silva e Luna.
Segundo ele, além da economia de recursos, o mais importante foi que, agora, com exceção de um pequeno grupo que atua no escritório de Brasília, “todos, diretores e corpo funcional, estão próximos, o que facilita a gestão, permitindo que haja um melhor aproveitamento da capacidade de cada empregado”. E concluiu: “Ir para Curitiba, agora, só por questões muito sérias”.
As relações institucionais de Itaipu com as várias esferas de governo não serão afetadas com o fechamento do escritório de Curitiba. Pela importância estratégica da capital, Itaipu já negociou com o Governo do Estado a cessão de salas no Palácio Iguaçu e também na Copel, para reuniões eventuais. A estatal de energia do Paraná se prontificou a emprestar à Itaipu duas salas de apoio, uma na sede própria e outra no polo Barigui, sem qualquer custo.
Economia com fechamento
Cálculos feitos pela área financeira da Itaipu mostram que a economia acumulada até 2023 atingirá R$ 7 milhões. Como o cálculo foi feito levando em conta apenas o que seria mantido em um escritório de representação, a redução deve ser ainda maior. Só o aluguel do prédio tinha um custo mensal de R$ 208 mil.
Internamente, os processos estão sendo revistos, com definição de responsabilidades. E, também, para otimizar os recursos informatizados e estruturas, dando maior integração entre as diversas áreas e diretorias envolvidas. Só de movimentação de pessoal, independentemente do processo de migração, foram 241 realocações entre unidades organizacionais.
Várias áreas que tinham duas unidades, uma em Foz e outra em Curitiba, foram unificadas na cidade sede da usina, como Tesouraria, Compras, Recursos Humanos e Serviços Gerais. Só na Diretoria Geral, cinco superintendências e duas divisões foram extintas. No total, 11 cargos de gerências deixaram de existir. Todo o processo foi feito pra evitar sombreamentos.
Outras medidas adotadas pela Itaipu Binacional, incluindo o cancelamento de convênios e patrocínios sem adesão à missão institucional da usina e a redução do orçamento de 2020, permitiram que a empresa realocasse cerca de R$ 600 milhões para obras que vão trazer mais desenvolvimento à região Oeste e ao Paraguai, como a Ponte da Integração, que unirá Foz do Iguaçu (BR) a Presidente Franco, no Paraguai. Somente a redução do orçamento de 2020 foi de R$ 218 milhões, sem afetar as despesas de custeio e os investimentos programados, como na atualização tecnológica da usina.
Migração mês a mês
A migração do pessoal do escritório de Curitiba para Foz ocorreu de forma progressiva desde julho do ano passado. No primeiro mês, quatro pessoas vieram a Foz; em agosto, dez. Já em setembro, o número saltou para 24. Em outubro, foram 14 transferências; em novembro, sete; em dezembro, 32; e, em janeiro, último mês para a migração, 6.
A transferência dos empregados para Foz do Iguaçu faz parte de um pacote de medidas de reestruturação da empresa. A ideia é manter uma política de austeridade coerente com as diretrizes do governo do presidente Jair Bolsonaro, com redução de gastos sem necessidade, responsabilidade com os recursos e realocação em obras estruturantes, que representem um legado para Foz do Iguaçu e Oeste paranaense. Há preocupação, ainda, em melhora contínua da imagem da Itaipu como empresa pública de direito internacional para diferentes públicos.
Em 2020, os desafios permanecem, entre os quais está o acompanhamento da execução das obras estruturantes já iniciadas em 2019, como a construção da Ponte de Integração, a ampliação e reestruturação do Hospital Ministro Costa Cavalcanti e a ampliação da pista de embarque e desembarque do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu.
Entre outros objetivos importantes, a partir deste ano, está a reestruturação do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e o trabalho para conseguir autonomia das fundações que dependem de Itaipu, como a Fundação PTI, a Fundação Itaipu Brasil de Previdência e Assistência Social e a fundação que administra o Hospital Ministro Costa Cavalcanti.
Outra grande preocupação é em relação às negociações para a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que trata das bases financeiras da prestação de serviços de eletricidade. Já há um grupo de trabalho analisando as várias hipóteses para essa renegociação, que precisa ser concluída até 2023, conforme prevê o tratado entre o Brasil e o Paraguai.
Fotos: Alexandre Marchetti