A confirmação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente paraguaio Santiago Peña devem inaugurar a Ponte da Integração apenas na segunda metade de dezembro provocou uma onda de apreensão entre moradores e autoridades de Presidente Franco.
A estrutura, que conecta o município paraguaio a Foz do Iguaçu, era inicialmente prevista para ser aberta em 1º de dezembro, segundo diretores de Itaipu. No entanto, as incertezas sobre as obras complementares e os impactos urbanos levaram a Prefeitura a adotar uma postura mais cautelosa.
Cidadãos consultados pela reportagem afirmam que a cidade “não está preparada” para receber o fluxo de caminhões que tende a migrar para a nova rota internacional. Ruas esburacadas, tráfego já congestionado e falta de sinalização adequada são algumas das preocupações levantadas.
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Além disso, moradores criticam o que chamam de “sigilo” nas informações referentes às obras de infraestrutura que deveriam estar em andamento antes da reabertura. O clima de desconfiança chegou ao ponto de alguns grupos anunciarem que podem bloquear a cabeceira da ponte caso a inauguração resulte em prejuízos à área urbana.
Em alerta
O prefeito Roque Godoy, que se reuniu com vereadores após encontrar representantes dos ministérios das Relações Exteriores de Brasil e Paraguai, reforçou que o município não aceitou a proposta inicial de abertura irrestrita.
Segundo ele, a inauguração deve ocorrer por etapas. “Caminhões pesados não circularão pela cidade, apenas caminhões leves e vazios”, garantiu.
O plano preliminar, que permitiria a entrada de caminhões vazios ou com lastro 24 horas por dia, foi contestado pela administração municipal. A proposta oficial enviada pelo Executivo restringe a circulação entre 22h e 6h, com rotas específicas pelas avenidas General Bernardino Caballero, Brasil, Segunda e Guaraní, até a antiga Supervia, em direção a Ciudad del Este.
Ameaça de protestos
A tensão política cresceu após o vereador Luis Fernando Vargas afirmar que a Câmara Municipal “zelará pelos interesses dos cidadãos” e que um protesto poderá ser convocado caso a proposta local não seja atendida. “Se não aceitarem, vamos bloquear a passagem de caminhões 24 horas por dia”, avisou.
O prefeito Godoy reforçou que a decisão final depende das chancelarias dos dois países, que deverão emitir um parecer nos próximos dias.
Entre as obras mais aguardadas está a ampliação da Avenida Segunda-feira, considerada essencial para absorver o novo fluxo logístico. No entanto, Godoy adiantou que a intervenção pode não começar antes de abril de 2026, caso o processo licitatório só seja concluído no início do próximo ano.
Com a inauguração se aproximando — agora com a presença confirmada dos presidentes — a cidade segue dividida entre a expectativa por desenvolvimento e o temor de um colapso urbano. Enquanto isso, a população aguarda respostas concretas sobre como será, na prática, a abertura da nova ligação internacional.
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