Maior ocupação urbana do Paraná ganha muralilsmo de projeto aprovado no Fundo de Cultura

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Artistas pretendem valorizar a identidade da comunidade com uma verdadeira galeria de arte a céu aberto

Entre as ruas dos Amores e dos Amigos, dois rostos representados por máscaras do teatro ganham um novo significado na casa de Edbert e Ariodane. O casal integra um conjunto de 37 moradias escolhidas para receber intervenções artísticas, no projeto “Muralismo na ocupação Bubas: histórias de vida e território”.

O projeto, apoiado pela Unila, integra a lista de aprovados pelo Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (Lei Municipal n.3645 de 10 de dezembro de 2009), no início deste ano. O Fundo de Cultura faz parte do Sistema Municipal de Cultura, sob gestão da Fundação Cultural e do Conselho Municipal de Políticas Culturais.

Para o diretor presidente da Fundação Cultural Juca Rodrigues, o Fundo Municipal de Incentivo à Cultura é uma importante ferramenta de fomento à arte. “Acreditamos que o projeto é uma ferramenta para o artista chegar a esse público. O apoio as ações desse porte integram as política públicas de cultura que aplicamos no município”.

A proposta leva os trabalhos de nove artistas, entre grafiteiros e muralistas a uma das maiores ocupações urbanas do Paraná. Com intuito de trazer visibilidade, o projeto teve início com uma pesquisa, onde moradores foram ouvidos sobre o desejo de receber a arte em suas casas e quais símbolos e figuras poderiam representar esse desejo. Logo após a pesquisa foi realizada a etapa de desenvolvimento das ilustrações com a colaboração dos moradores de cada casa participante, para então começar a pintura das fachadas.

A coordenadora do projeto, Michele Dacas, reforça que a ideia central é de colaborar com o Bubas através da arte, valorizando a identidade cultural da comunidade. “Pela técnica do grafite e do muralismo, a gente imaginou que poderia mediar à relação entre o espaço comum, a luta pelo direito à moradia digna e as histórias de vida da comunidade. Com a pintura das paredes frontais das 37 casas quem é beneficiado não é só o morador, mas toda a comunidade e quem circula por ali, é forma de trazer através da arte urbana a memória coletiva e individual”.

Com a equipe artística formada em sua maioria por estudantes da Unila, o projeto conta com a participação de artistas brasileiros, chilenos e guatemaltecas, o que possibilitou também um intercâmbio cultural intenso com referências artísticas diversas.

Impressões
“Queria muito que no desenho estivesse eu e minha mulher. Ficou muito bonito”, disse Edbert, da casa onde estão desenhadas as máscaras. Na residência de Claiton, morador da ocupação há sete anos, o artista da Guatemala, e acadêmico do curso de Biotecnologia Bernie Reyes, prepara no muro um mosaico com cores vivas e representativas da cultura maia. “Aqui na casa moram crianças e elas participaram da primeira conversa. Crianças adoram cores, e esse lugar se parece bastante com o lugar de onde vim, as cores são presentes trazidos por nossos avós”, conta.

As escolhas de cada arte são ligadas a um diálogo entre artista e moradores. Um lírio para quem gosta de flores, dois rostos para quem quer celebrar uma longa união, ou mesmo uma palavra, para quem espera irradiar seu significado.

Na casa de Cristiane, um grande letreiro estampa a palavra amor. “Eu já achei incrível essas pessoas terem vindo aqui. E quando vi esses jovens fazendo esse trabalho me deu muita alegria”, disse a prima Josiane, que acompanhou a pintura no último sábado.

O projeto deverá ser concluído até final do terceiro trimestre deste ano. Os artistas estão presentes na comunidade todos os finais de semana, sob a supervisão dos coordenadores do projeto, e uma equipe de filmagem. O registro será transformado num curta-documentário e numa exposição fotográfica que devem circular na Unila e Fundação Cultural.

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