O MDB começou 2020 colocando em debate um dos temas que deve polarizar as eleições de outubro: a mobilidade urbana e no caso de Curitiba, um ponto nevrálgico, a Linha Verde – uma das principais vias que corta a cidade de norte a sul e que ainda não está concluída.
“É preciso reunificar Curitiba, dividida artificialmente pela Linha Verde”, diz o arquiteto e urbanista Luiz Forte Netto, coordenador do plano de governo emedebista.
O partido fará uma live na próxima semana detalhando a proposta, mas já adianta: pretende eliminar os semáforos e fazer nove intervenções, entre trincheiras e viadutos, reduzindo o tempo de tráfego na via de uma hora para 25 minutos.
“A Linha Verde acabou se transformando num gargalo: um pesadelo urbano em que pedestre, ciclista e motorista disputam cada palmo de asfalto, em evidente prejuízo maior para os dois primeiros, mas com danos gerais para toda a população”, diz Forte Netto (foto abaixo), em artigo publicado na imprensa.
Solução – Segundo o arquiteto, milhares de motoristas ficam parados nos sinaleiros mesmo fora do pico de trânsito, provocando congestionamentos em praticamente toda a sua extensão de 22 quilômetros da via, do Atuba ao Pinheirinho. “A verdade é que a Linha Verde agravou ainda mais o apartheid urbano antes decorrente da BR-116”.
O MDB defende a eliminação de todos os semáforos dessa via, de ponta a ponta, e a construção de trincheiras e viadutos em nove cruzamentos de localização estratégica para que o tráfego flua mais rapidamente. “Obras que podem ser realizadas num cronograma de quatro anos”.
“A substituição dos semáforos permitirá que a travessia desta área da cidade, hoje feita em cerca de uma hora, seja reduzida para uns 25 minutos. Um ganho que virá em benefício não apenas dos motoristas e pedestres que cruzam as pistas da via, mas também dos moradores dos mais de 20 bairros abrangidos, para não falar de toda a população da capital”, adianta.
Gargalos – O urbanista diz que a prefeitura de Curitiba dispõe de uma reserva de R$ 600 milhões anuais destinados a investimento e com 10% desta soma é possível realizar as intervenções propostas e transformar a Linha Verde “numa via expressa que cumprirá sua função social de fomentar o desenvolvimento urbano e econômico de amplas regiões da cidade”.
Forte Netto diz ainda que sem os irritantes gargalos que se repetem a cada cruzamento, os motoristas terão mais tempo livre para dedicar às suas famílias, ao lazer e ao trabalho – e os pedestres e ciclistas terão maior segurança.
“Repensar Curitiba e trazer para o século 21 a cidade que já foi a mais inovadora do país, conciliando planejamento urbano com uma estética genuinamente ligada aos curitibanos, é o desafio que nos propomos”, completa.
Leia a seguir a íntegra do artigo
Linha Verde sem semáforos
Luiz Forte Netto
A mobilidade urbana cristalizou-se como um dos grandes problemas das metrópoles e capitais brasileiras – e Curitiba não foge à regra. Ao contrário. Não há soluções fáceis nessa questão, mas no caso de Curitiba o primeiro passo é reunificar a cidade, artificialmente dividida pela Linha Verde.
O que era em princípio uma oportunidade excepcional de requalificar a mobilidade urbana da capital paranaense – afinal, o tráfego pesado de caminhões que circulava pelo trecho urbano da BR-116 fora desviado para o Contorno Leste –, a Linha Verde acabou se transformando num gargalo: um pesadelo urbano em que pedestre, ciclista e motorista disputam cada palmo de asfalto, em evidente prejuízo maior para os dois primeiros, mas com danos gerais para toda a população.
Dependendo do momento em que você estiver lendo este artigo, provavelmente milhares de motoristas estarão parados nos sinaleiros da Linha Verde perdendo tempo precioso e elevando os níveis de emissão de poluentes – e para isso nem precisa ser a hora do rush. Ali temos congestionamentos virtualmente o dia inteiro, em praticamente toda a sua extensão de 22 quilômetros, do Atuba ao Pinheirinho.
A verdade é que a Linha Verde agravou ainda mais o apartheid urbano antes decorrente da BR-116, e isso certamente tem origem nos equívocos de planejamento da via e na inexatidão de suas funções no sistema de transporte público da cidade.
Para requalificar a mobilidade urbana de Curitiba, perdida nos últimos anos, é necessário repensar o modelo de planejamento da cidade, combinando complexas medidas de médio e longo prazo que priorizem as pessoas, o transporte coletivo, outros modais, a inclusão social e a democratização das decisões. Ações que vão muito além da mera pavimentação de ruas e que incluem temas desafiadores no futuro breve, como automação e operação compartilhada de veículos. Isso só como exemplos.
Mas, para o problema específico da Linha Verde, há de se ter propostas pontuais, que podem ser adotadas quase que imediatamente. Uma delas contempla a eliminação de todos os semáforos dessa via, de ponta a ponta, e a construção de trincheiras e viadutos em nove cruzamentos de localização estratégica para que o tráfego flua mais rapidamente. Obras que podem ser realizadas num cronograma de quatro anos.
A substituição dos semáforos da Linha Verde permitirá que a travessia desta área da cidade, hoje feita em cerca de uma hora, seja reduzida para uns 25 minutos. Um ganho que virá em benefício não apenas dos motoristas e pedestres que cruzam as pistas da via, mas também dos moradores dos mais de 20 bairros abrangidos pela Linha Verde, para não falar de toda a população da capital.
Não se trata de algo com custos mirabolantes. Hoje a prefeitura de Curitiba dispõe de uma reserva de R$ 600 milhões anuais destinados a investimento. Com aproximadamente 10% desta soma é possível realizar as intervenções propostas e transformar a Linha Verde numa via expressa que efetivamente cumprirá sua função social de fomentar o desenvolvimento urbano e econômico de amplas regiões da cidade.
Sem os irritantes gargalos que se repetem a cada cruzamento, os motoristas terão mais tempo livre para dedicar às suas famílias, ao lazer e ao trabalho – e os pedestres e ciclistas terão maior segurança.
Repensar Curitiba e trazer para o século 21 a cidade que já foi a mais inovadora do país, conciliando planejamento urbano com uma estética genuinamente ligada aos curitibanos, é o desafio que nos propomos.
Luiz Forte Netto, arquiteto e urbanista, é coordenador do plano de governo do MDB de Curitiba