Mesmo sem previsão de abertura, pontes de Foz do Iguaçu já tem túnel de desinfecção criadas pelo UTFPR

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Foto: UTFPR/Divulgação

Protótipo criado em Curitiba está na fase final e precisa ser aprovado pela Anvisa

Um túnel de desinfecção com ozônio úmido está sendo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curitiba. A iniciativa está na fase final e, após ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), poderá ser utilizada como medida de combate à Covid-19 nas fronteiras e indústrias do Brasil.

O projeto é desenvolvido com apoio do Ministério de Defesa e patrocinado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que investiu cerca de R$ 250 mil na pesquisa científica.

Segundo o representante do Ministério da Defesa, Luiz Antônio Duizit, após a aprovação da Anvisa, o túnel deverá ser instalado nas regiões de fronteira do país, como na Ponte Internacional da Amizade, no Paraguai, e na Ponte Internacional da Fraternidade, na Argentina, que ligam os países a Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

“Precisamos fomentar a pesquisa brasileira e a produção de equipamentos nacionais. Essa ação entra no conceito de defesa e proteção biológica. O túnel poderá ser colocado nos frigoríficos, laticínios, escolas, hospitais e shoppings. Temos excelentes profissionais e pesquisadores que trabalham para ajudar nosso país.”

O objetivo da Fiep com a pesquisa é, a princípio, utilizar o túnel nas indústrias do Paraná, que geram cerca de 760 mil empregos e onde ocorre uma significativa aglomeração de pessoas. Por isso, a federação busca inovar na pandemia, com iniciativas que diminuam o impacto sanitário no setor. Na sequência, o projeto será disponibilizado nacionalmente.

Como funciona o túnel

De acordo com o professor Rubens Alexandre de Faria, o principal diferencial do túnel será a forma de desinfecção, que está sendo testada cientificamente desde abril de 2020. O protótipo utiliza ozônio em gotículas de água.

Ele explicou que as cabines que estão sendo utilizadas em várias cidades do país, desinfectam o espaço, normalmente, com quatro tipos de produtos químicos, como água sanitária, que podem ser prejudiciais à saúde de quem passa pela estrutura.

A iniciativa dos pesquisadores da UTFPR foi adaptar a ideia das cabines tradicionais do Brasil e de túneis utilizados em países estrangeiros.

Conforme Faria, a pesquisa multidisciplinar testou diferentes formas de utilizar o ozônio para esse tipo de desinfecção sem prejudicar o ser humano e, ainda assim, matar vírus e bactérias do espaço.

“Não poderíamos colocar o ozônio em gás, pois a pessoa não pode respirar esse gás, é prejudicial. Fomos adaptando e testando, e colocamos o ozônio no meio líquido, para não causar nenhum dano ao pulmão. Assim, com a água e na dosagem certa, o ozônio fica em gotículas. Ou seja, não tem problema se a pessoa respirar ou até ingerir, pois o pH (grau de acidez) da água não muda com o ozônio. Nesse processo, a gente faz com que as moléculas de ozônio sejam infundidas nas moléculas da água, aí ele deixa de ser gás e continua eficiente para a desinfecção.”

Tecnologia nacional e proteção na fronteira

Segundo o diretor do departamento de promoção comercial da Secretaria de Produtos de Defesa, Luiz Antônio Duizit, do Ministério da Defesa, o protótipo foi desenvolvido com peças brasileiras e conta com esforços da academia, da indústria e de empresas nacionais.

“Esse é um desenvolvimento colaborativo, com incentivo de outros ministérios, empresas e pesquisadores. Precisamos produzir mais, pois se não temos o que tem lá fora, mas temos empresas de tecnologia, precisamos criar e buscar pela independência tecnológica nacional.

Além do uso do túnel em fronteiras do Brasil, a intenção do Ministério da Defesa é usar a tecnologia para proteção das tropas do Exército Brasileiro.

Aplicação na indústria

O gerente executivo de Tecnologia e Inovação do Sistema Fiep, Fabrício Luz Lopes, explicou que o papel da federação é levar a inovação às indústrias. “Existem outros tipos de túneis, mas a gente quis buscar o novo. Se não há no mercado, temos que criar a nossa própria tecnologia para possibilitar que esses trabalhadores continuem atuando com segurança.”

A expectativa é de que os testes finais terminem até início de agosto, para que os relatórios e a documentação exigida sejam enviados para a Anvisa. “Depois de finalizado, o túnel poderá ser produzido em grande escala. Quando começou a pandemia, os produtos chineses ficaram mais caros e com o dólar alto ficou tudo mais difícil. Nosso túnel é 100% nacional e isso viabiliza a pesquisa”, explicou o professor.

Segundo Faria, o custo médio da UTFPR para a construção da estrutura do protótipo foi de R$ 20 mil. Se as peças do túnel não fossem nacionais, o protótipo teria, no mínimo, o dobro do custo. Além disso, a produção poderia sofrer com a falta de peças chinesas por causa do desabastecimento das importações, causado pela pandemia.

Indústria e o coronavírus

Segundo o último levantamento da Fiep, consolidado antes da pandemia, o Paraná tem 50 mil indústrias, de 37 segmentos. Essas empresas geram cerca de 760 mil empregos, sendo 95% delas de micro e pequeno porte.

Com a crise causada pelo coronavírus, a federação pontua que esses números devem cair, mas não há dados oficiais no momento.

“Precisamos destacar a importância da indústria como um todo, principalmente, a de alimentos, farmacêutica e de energia. Esses são serviços essenciais que não podem parar. O túnel na indústria será mais uma ferramenta para tentarmos oferecer mais segurança aos trabalhadores. Ele irá somar a um conjunto de ações sanitárias, que poderão diminuir a possibilidade de contaminação do vírus”, destacou o gerente executivo da Fiep.

A Fiep informou ainda que não tem dados sobre o número de profissionais afastados por serem dos grupos de risco, com suspeita ou que foram infectados pela Covid-19.

Protótipo

O protótipo construído é menor que o túnel proposto pela pesquisa. Para os estudos, a equipe montou uma cabine de 2 metros de comprimento e 1,5 metro de altura.

A estrutura é feita com alumínio e lona plástica, e conta com leitores de temperatura na entrada. Assim, antes mesmo de usar o espaço, o termômetro fará a leitura de cada um dos usuários.

O gerente executivo da Fiep disse que o maior investimento da pesquisa ocorre para a prova de conceito, que trata-se de testes em laboratório para avaliar o nível de desinfecção no túnel. Apesar dos investimentos da pesquisa chegarem a quase R$ 300 mil, o produto final será mais barato, principalmente, quando for produzido em grande escala.

“Para ver qual é a melhor câmera de termografia, a quantidade adequada de ozônio, fazer todos esses testes, são necessários muitos equipamentos que não vão no produto final”, disse Lopes.

Por: Aqui agora

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