Charles é o 18º animal da espécie nascido no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) da usina, em Foz do Iguaçu (PR).
Eram 9 horas da manhã, do dia 17 de junho, quando o tratador Diony da Silva Leandro, da terceirizada Trecho, fazia a troca de água e de comida de rotina no recinto dos cervídeos no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), da usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR). Nos últimos meses, Diony estava tendo um cuidado especial com a fêmea de cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), a Channel que, aos 10 anos, estava prenha. Naquela manhã, o tratador pôde ver pela primeira vez na vida o nascimento de um cervo-do-pantanal: Charles, o primeiro a nascer no Refúgio desde 2013.
“Foi maravilhoso, um momento lindo. Fico feliz por ter presenciado e por contribuir com a proteção dessa espécie”, conta Dony, com seus sete anos de experiência cuidando dos animais silvestres no RBV. Meses antes, foi ele quem percebeu aquela barriguinha avantajada que começou a aparecer na Channel. De imediato, o tratador avisou os veterinários do refúgio, que passaram a vigiar melhor a cervo.
O nascimento de Charles é uma prova de que os cervídeos estão saudáveis e sendo bem tratados no RBV. O pai do filhote, Xavier, chegou ao local em julho do ano passado vindo de um refúgio de Petrópolis (RJ), junto com outra fêmea, Charlotte. “A gente não imaginava que isso iria acontecer tão cedo, porque o macho tinha acabado de chegar”, resume a médica-veterinária Aline Luiza Konell, da Divisão de Áreas Protegidas de Itaipu.
Segundo ela, quando Diony informou que Channel estava prenha, eles passaram a acompanhar a cervo fêmea com mais atenção, mas à distância. “O cervo-do-pantanal é um animal muito estressado, ele se assusta com qualquer coisa. E, para fazer o manejo amigável, procuramos intervir o mínimo possível na rotina deles”, explica.
Após o nascimento, Charles ganhou um microchip de reconhecimento e o registro no controle dos profissionais da Divisão de Áreas Protegidas. Ele é o 18º cervo-do-pantanal nascido no RBV, desde 2001, quando aconteceu a primeira reprodução. Agora, o Refúgio conta com quatro cervos-do-pantanal. O plantel dos cervídeos inclui, ainda, 35 veados-bororós (Mazama nana).
Plantel único
De acordo com o biólogo Marcos de Oliveira, também da Divisão de Áreas Protegidas, o Refúgio Biológico Bela Vista integra uma rede de instituições de todo o Brasil voltadas para a reprodução do cervo-do-pantanal. “Nós consideramos que o plantel é um só, mas espalhado por todas as instituições do País. A capacidade do RBV é de manter um macho e duas fêmeas para continuar reproduzindo a espécie”, conta Marcos.
O cervo-do-pantanal ocorre do Sul da Amazônia e parte da Caatinga mas, atualmente, sua maior concentração é no Pantanal. Ele está classificado como “vulnerável” segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O principal motivo para a redução das populações do animal são doenças, a predação humana e a perda de habitat.