Sim, há flores. Entre críticas e cobranças, muitas vezes justas, outras tantas nem tanto, há flores. Elas nascem no dia a dia de uma cidade viva, que respira desafios e entrega conquistas. Nascem nas praças recuperadas, nos corredores de hospitais com menos filas, nos rostos de crianças que voltaram a frequentar um CMEI com estrutura digna. Nascem no respeito entre quem pensa diferente, mas compartilha o mesmo CEP e o mesmo desejo de ver sua cidade melhor.
Para não dizer que não falei de flores, quero falar de convivência. Daquela que se constrói não com aplausos forçados, mas com a escuta sincera, com a crítica que aponta e propõe, com o debate que soma. O diálogo franco, aberto e desprovido de vaidades, mesmo com aqueles que, em determinados momentos, possam não estar na mesma sintonia política, sempre será necessário e proveitoso. É por ele que se constroem pontes e se evitam muros.
A boa política também floresce assim, quando é feita com respeito, responsabilidade e disposição para o entendimento. Não há gestão pública que avance quando todos gritam ao mesmo tempo, tampouco cidade que prospere no ambiente envenenado pela desconfiança. O que move uma administração não é o medo de errar, mas a coragem de acertar, e essa coragem precisa ser compartilhada com quem critica com propósito, propõe com boa-fé e reconhece com grandeza.
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Numa era em que os algoritmos premiam o grito e punem o bom senso, resistir com trabalho e serenidade talvez seja o mais revolucionário dos atos. No lugar do ruído, a entrega. No lugar da vaidade digital, o planejamento real. E mesmo que não apareçam nas telas dos que torcem contra, as flores estão lá, nas ações concretas que chegam onde precisam chegar, no compromisso silencioso de quem governa, serve, limpa, cuida e transforma.
É verdade que há espinhos, sempre haverá. Mas até eles têm sua função, proteger o que é frágil, lembrar que é preciso tato. A diferença está em como lidamos com eles. Há quem só veja o espinho e se alimente do amargor. Outros preferem reconhecer a beleza possível, regar com boa vontade, adubar com ideias, colher com generosidade.
Este não é um artigo para rebater ninguém. É, na verdade, um convite para mudar o foco da lente. Para que não se fale apenas das falhas, reais ou imaginárias, mas também das vitórias cotidianas. Porque elas existem. Porque florescem, apesar do solo nem sempre fértil e do clima por vezes hostil.
Para não dizer que não falei de flores, falo também de amor. E, neste mês especial, me permito encerrar com uma homenagem singela, mas cheia de alma, às mães. Essas flores humanas que desabrocham todos os dias, não importam as estações. Que enfrentam tempestades com doçura, que fazem da ausência de tempo uma presença inteira, que nos ensinam, desde o primeiro colo, que amar é também resistir.
Ser mãe é um ofício silencioso e grandioso, que dispensa aplausos porque vive de entrega. É a primeira escola, o primeiro refúgio, o primeiro exemplo de compromisso com algo maior do que si mesma. É quem nos mostra, com gestos cotidianos, que flores também sabem ser firmes, que ternura não significa fraqueza e que cuidado é, antes de tudo, coragem.
A todas as mães de Brasília, Recife, Foz do Iguaçu e de onde mais for, o meu respeito, o meu carinho e a mais sincera gratidão. Que o seu amor continue inspirando gestos, decisões e caminhos. Porque, no fundo, toda cidade que se pretende justa e humana é, de alguma forma, o reflexo do que aprendemos com elas.
E, assim, para não dizer que não falei de flores, termino falando da mais bonita de todas, a mãe.
* João Zisman é jornalista e secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Foz do Iguaçu.