“O hóspede do quarto 02”. Como começou a história de amor entre Santos Dumont e as Cataratas

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Marcos Kidricki Iwamoto

Nesta quinta-feira (20) foi comemorado o aniversário de um dos brasileiros mais importantes da História, o aviador, esportista e inventor, Santos Dumont.

Poucos sabem, mas o “pai da aviação” teve um papel fundamental na consolidação do setor turístico e hoteleiro da nossa cidade.

Graças a ele, o Parque Nacional do Iguaçu deixou de ser propriedade particular do “Sr. Jesus Val” (um espanhol gente fina) para se transformar em patrimônio da humanidade.

Vejam que “causo” interessante…

Após participar de uma Conferência no Chile, em abril de 1916, Santos Dumont decidiu dar um rolê na tríplice fronteira, antes de retornar para o Rio de Janeiro.

Passou por Buenos Aires (onde foi recebido com festa), depois Posadas, até chegar de barco a vapor em Puerto Iguazu, pertinho do antigo (e saudoso) Bar “La Barranca”.

A época, o inventor do avião era mais popular que o Pelé e Maradona juntos, seguido sempre de perto por uma multidão de fãs, em qualquer lugar do mundo.

O rebuliço chamou a atenção do “Sr. Frederico Engel”, o primeiro hoteleiro da cidade, que teve a ideia de convidar o célebre turista a conhecer o exuberante e lendário Salto Santa Maria.

Com o apoio do prefeito Jorge Schimmelpfeng, foram até o “Gran Hotel” de propriedade do Sr. Leandro Arrechea no lado argentino, onde ele estava hospedado…

E Santos Dumont, um típico canceriano, no sentido criativo, sonhador, parceiro e regido pelo elemento água, é claro topou na hora!

Mas o trajeto até às Cataratas não era fácil.

A “highway” da época não era asfaltada…

Depois de um churrasco (Engel era gaúcho de Porto Alegre) partiram a cavalo pela trilha na mata, mantida pelo próprio Sr. Engel, em uma viagem que levava até seis horas.

Alojaram-se na filial do “Hotel Brasil”, na época um casarão de madeira arrendada do Sr. Jesus Val, que ficava nas Cataratas onde hoje está o peculiar e luxuoso “Hotel Belmond”.

Foi amor a primeira vista

O aviador ficou enamorado pelas Cataratas do Iguaçu, e ao mesmo tempo decepcionado ao saber que aquela formosura tinha um “dono”.

Foi quando disse a célebre frase:

“Posso dizer-lhe, Frederico Engel, que estas maravilhas em torno das Cataratas não podem continuar a pertencer a um particular…”

Santos Dumont curtiu MUITO a vibe do lugar!

Por dois dias fez passeios diurnos, noturnos, sentiu cheiros, observou plantas, animais, e muito destemido, subiu em uma tora saliente quase se espatifando na garganta do diabo.

Tão intensa foi a experiência, que ao invés de voltar para o RJ como planejado, decidiu ir a Curitiba pedir ao governador Afonso Camargo, para que tornasse a área um santuário público.

Prestígio para isso ele tinha de sobra…

Partiu então a cavalo pela mata, seguindo uma linha telegráfica por seis longos dias e noites (acompanhado de um fiscal da prefeitura e um soldado da polícia) até a capital do estado.

E o plano deu certo!

Logo após ser recebido pelo governador, a área das Cataratas foi devidamente desapropriada, abrindo o caminho para a criação do Parque Nacional do Iguaçu, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade.

Parabéns Alberto Santos Dumont

Inicialmente, Dumont ficou hospedado no quarto 02 do “Hotel Brasil” do Sr. Engel, um antigo sobrado de madeira localizado onde hoje é o Banco Bradesco, na Av. Brasil.

A Desapropriação foi feita por meio do Decreto Estadual 653, de 28 de julho de 1916.

* Marcos Kidricki Iwamoto é Auditor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

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