O legado do Chico de Alencar

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Uma de suas últimas contribuições à memória da cidade foi um livro sobre a passagem de Santos Dumont por Foz do Iguaçu. (Foto: Nilton Rolin)

Caio Gottlieb

Depois da bela e comovente crônica do Rogério Bonato, que só não conhecia o Chico melhor do que a Clarice, eu não deveria me atrever a escrever nada.

Está tudo dito ali, em um texto primoroso, inspirado pela saudade imensa do nosso amigo inesquecível.

Eu deveria apenas fazer o que fiz: fiquei em silêncio e orei por ele.

Mas resolvi me arriscar a dizer também alguma coisa, que, afinal, é a maneira como nós, jornalistas, sabemos expressar nossos sentimentos.

Não pretendo discorrer sobre a fecunda e admirável carreira profissional dele, um verdadeiro mestre do jornalismo, talentoso em tudo que fez na mídia impressa, no rádio e na TV.

Vou me ater somente naquele que, para mim, foi o traço mais marcante da personalidade dele.

Paulista de Assis, Francisco de Alencar, o Chico, era mais iguaçuense do que qualquer outro.

Ninguém amava mais do que ele a “terrinha” (como gostava de se referir à cidade) que havia adotado para viver de corpo, alma, coração e espírito há mais de meio século.

Chico vivia acalentando sonhos grandiosos para Foz.

Mesmo nos momentos de grandes dificuldades pessoais, ele não deixava de pensar em formas de desenvolver o vasto potencial de atrativos da capital paranaense do turismo.

Sua cabeça sempre estava fervilhando de ideias, planos e projetos, que não cansava de apresentar a empresários e autoridades ou defender ardorosamente em uma mesa de bar.

Nas épocas de crise, quando a descrença e o pessimismo se abatiam sobre a tríplice fronteira, ele, teimosamente, permanecia otimista, acreditando no futuro e expondo com entusiasmo sua fé e sua inabalável confiança na região.

Nunca, como agora, a paixão contagiante do Chico de Alencar por Foz do Iguaçu vai fazer tanta falta.

(*) Caio Gottlieb é jornalista

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