Depois da bela e comovente crônica do Rogério Bonato, que só não conhecia o Chico melhor do que a Clarice, eu não deveria me atrever a escrever nada.
Está tudo dito ali, em um texto primoroso, inspirado pela saudade imensa do nosso amigo inesquecível.
Eu deveria apenas fazer o que fiz: fiquei em silêncio e orei por ele.
Mas resolvi me arriscar a dizer também alguma coisa, que, afinal, é a maneira como nós, jornalistas, sabemos expressar nossos sentimentos.
Não pretendo discorrer sobre a fecunda e admirável carreira profissional dele, um verdadeiro mestre do jornalismo, talentoso em tudo que fez na mídia impressa, no rádio e na TV.
Vou me ater somente naquele que, para mim, foi o traço mais marcante da personalidade dele.
Paulista de Assis, Francisco de Alencar, o Chico, era mais iguaçuense do que qualquer outro.
Ninguém amava mais do que ele a “terrinha” (como gostava de se referir à cidade) que havia adotado para viver de corpo, alma, coração e espírito há mais de meio século.
Chico vivia acalentando sonhos grandiosos para Foz.
Mesmo nos momentos de grandes dificuldades pessoais, ele não deixava de pensar em formas de desenvolver o vasto potencial de atrativos da capital paranaense do turismo.
Sua cabeça sempre estava fervilhando de ideias, planos e projetos, que não cansava de apresentar a empresários e autoridades ou defender ardorosamente em uma mesa de bar.
Nas épocas de crise, quando a descrença e o pessimismo se abatiam sobre a tríplice fronteira, ele, teimosamente, permanecia otimista, acreditando no futuro e expondo com entusiasmo sua fé e sua inabalável confiança na região.
Nunca, como agora, a paixão contagiante do Chico de Alencar por Foz do Iguaçu vai fazer tanta falta.
(*) Caio Gottlieb é jornalista