Nos últimos dias, a população de Foz do Iguaçu e cidades da região foi surpreendida com o trâmite de um projeto de lei na Câmara dos Deputados, mudando a denominação de Ponte Internacional da Integração Brasil-Paraguai, para Ponte Jaime Lerner. A homenagem ao ex-governador, proposta pelo deputado Evandro Roman (Patriotas-PR), tem sido rechaçada por todos os segmentos da sociedade. A iniciativa ainda depende do aval do Senado, o que abre perspectivas para impedir sua aprovação definitiva.
A principal reclamação é pela falta de diálogo para apresentação da proposta, um pedido da comunidade judaíca do Paraná, segundo o deputado Roman. Em Foz do Iguaçu, a Câmara de Vereadores aprovou moção, assinada por todos os parlamentares, pedindo a retirada do projeto da pauta, a Acifi e o Codefoz divulgaram nota de repúdio à homenagem, enquanto o prefeito Chico Brasileior também se manifestou contrário.
Jaime Lerner falecido em maio deste ano, deixou sua marca em Curitiba e algumas regiões do Paraná com obras e ideias que lhe renderam prêmios e reconhecimento internacional. Ante a polêmica, surgiu uma questão: afinal, qual o legado dos dois mandatos ex-governador Jaime Lerner (1995-2002) para Foz do Iguaçu e Extremo-Oeste do Estado? A primeira resposta que vem é o pedágio, praticamente dobrando custo no trecho de 630 quilômetros da fronteira até a capital – são nove praças de cobrança, elevando em quase R$ 300 a despesa para um carro de passeio.
Jogos da Natureza
Mas, além do pedágio rodoviário, Jaime Lerner deixou outros legados que ainda hoje geram críticas em Foz do Iguaçu e região. Um deles são os Jogos Mundiais da Natureza, que ficou apenas na primeira edição, de setembro a outubro de 1997, no primeiro mandato do ex-governador.
A iniciativa incluía competições na terra, água e ar, envolvendo 13 modalidades e confrontos com total comunhão com o meio ambiente. Os Jogos se realizaram de 27 de setembro a 5 de outubro, reunindo 809 atletas de 55 países dos cinco continentes. Ao longo dos 1,4 mil quilômetros da Costa Oeste (região de abrangência do reservatório da Itaipu Binacional), entre os dois polos principais: Foz do Iguaçu e Guaíra.
A realização das competições incluiu a construção de seis bases náuticas no percurso, que serviam de pontos de partidas e concentração dos competidores. A primeira foi levantada em Foz do Iguaçu e a última em Guaíra. A maioria se encontra atualmente depredada por vândalos e com a estrutura bastante comprometida devido a ação do tempo e a falta de ações de manutenção.
No início deste ano, governador Carlos Massa Ratinho Junior se reuniu com Luiz Felipe Carbonell, diretor de Coordenação de Itaipu para tratar uma série de questões e alinhar projetos em comum para os próximos anos em diversas áreas. Entre os temas incluídos está a reativação da base náutica de Foz do Iguaçu, que agora está sob cuidados da binacional.
Espaço das Américas
Outro legado da gestão de Jaime Lerner, que também está abandonado, é o Espaço das Américas, inaugurada em 1997, mesmo ano dos Jogos Mundiais da Natureza. A estrutura tinha como objetivo inicial se tornar um espaço de caráter político, empresarial e cultural destinado ao fortalecimento das relações entre os países do Mercosul.
Construído em formato circular, o Espaço das Américas está situado no encontro dos rios Paraná e Iguaçu, próximo ao Marco das Três Fronteiras, dende era possível observar os territórios da Argentina e do Paraguai. A estrutur, que tinha capacidade para até 400 pessoas sentadas em seu anfiteatro, foi abandonada ainda no governo Lerner. A revitalização do local acabou sendo postergada pelos governos seguintes e atualmente está inacessível devido a precariedade.
Estações tubo
As estações-tubo instaladas em 2005 nas ruas de Foz do Iguaçu não deram certo devido as altas temperaturas da cidade. Aos poucos as dezenas de unidades foram retiraras e o projeto que foi sucesso em Curitiba acabou abandonado na fronteira.
As informações são de GDia