Pais e avós que se chamavam Fernando, João e Jacob

Feliz Dia dos Pais. A quem teve, a quem tem, e a quem segue aprendendo com o tempo

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Por João Zisman

Em algum momento da vida, a gente começa a cuidar de todo mundo que ama como se fosse pai. Não é planejado. Acontece. A gente passa a orientar, dar carona, lembrar do casaco, perguntar se comeu, se chegou bem, se precisa de alguma coisa. É um tipo de amor mais calmo, mas muito mais atento. Vai se espalhando sem alarde.

Com filhos e netos é natural, mas percebo isso também com os amigos, irmãs mais novas, sobrinhos, os que ainda estão tateando a vida. É como se a experiência viesse acompanhada de um impulso silencioso de acolher. Talvez seja isso que chamam de maturidade. Ou só uma forma mais discreta de amor.

Mas neste Dia dos Pais, o que mais me bateu foi a saudade de ser filho. De ter meu pai por perto. De escutar aquela voz baixa que, mesmo com poucas palavras, dizia tudo o que eu precisava ouvir.

Meu pai se chamava Fernando. Não era de falar muito. Mas quando falava, deixava claro o que pensava. E mesmo no silêncio, a presença dele preenchia a casa. Não era homem de fazer cena. Era homem de estar. E isso, para mim, sempre bastou. Quando penso nele, penso em segurança. Não aquela que se grita, mas a que se sente.

Dos meus avôs, conheci apenas um. Jacob. Pouco. O suficiente para guardar uma imagem distante. João, o outro, morreu antes de eu nascer. Deixou apenas o nome. E às vezes o nome é tudo que resta. Uma ponte entre gerações que quase se tocaram.

Ser pai, hoje, é parte da minha vida. Ser avô também. Mas sigo sendo filho. Porque ninguém deixa de ser. A gente só aprende a viver com a ausência. Aprende que amor também se manifesta na falta que faz.

Chamavam-se Fernando, João e Jacob. E continuam comigo. Não como presença espiritual ou sensação misteriosa. Continuam como referência. Como alicerce. Como memória que ensina.

E mesmo com o passar dos anos, sigo achando importante não perder de vista o menino que fui. É ele que me lembra o que me emociona de verdade, o que me diverte, o que me faz rir de coisas simples. Ser adulto exige muito, mas a gente não precisa deixar para trás tudo o que nos fazia bem quando era mais novo.

Algumas responsabilidades a gente assume porque cresceu. Outras, porque aprendeu. E outras, ainda, porque entendeu que crescer não precisa significar endurecer.

Feliz Dia dos Pais. A quem teve, a quem tem, e a quem segue aprendendo com o tempo.


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