Paraguai terá apoio do FBI para base contra o Hezbollah na tríplice fronteira com Brasil e Argentina, diz ministro

A intenção é combater supostas ações da milícia libanesa na divisa com Brasil e Argentina; Países fecham também acordos na área de imigração e segurança pública

A Ponte da Amizade na fronteira mais movimentada do Brasil
Vista aérea da Ponte da Amizade, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Ao fundo, Ciudad del Este (Foto: Arquivo/RFB)

Um centro antiterrorista patrocinado pelos Estados Unidos será instalado no Paraguai informou nesta sexta-feira, 15, a emissora CNN. De acordo com autoridades da capital Assunção, a intenção é combater supostas ações do Hezbollah na Tríplice Fronteira com Brasil e Argentina. 

“O Paraguai terá um centro antiterrorista com apoio do FBI (Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos). Nós declaramos o Hezbollah como uma organização terrorista, e não somente os homens armados, como todos os membros do partido”, declarou o ministro do interior paraguaio, Enrique Riera, em entrevista a CNN.

A cooperação internacional com os EUA atende uma promessa feita pelo ministro em maio de 2024, quando ele anunciou que o FBI iria estabelecer escritório e bases de treinamento em território paraguaio.

A suposta existência de células terroristas na tríplice fronteira é tema de especulação desde o início dos anos 2000, quando atingiram em cheio o turismo de Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazú (Brasil, Paraguai e Argentina, respectivamente)

Nova onda

Segundo Riera, a unidade será instalada na capital do país e também irá atuar na luta contra o crime organizado. Cerca de 15 agentes – treinados diretamente pelo FBI – irão compor o efetivo do centro, que terá uma base estabelecida no lado paraguaio da Tríplice Fronteira. 

Nesta sexta, o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, se reuniu com o secretário de estado americano, Marco Rúbio, em Washington. De acordo com o jornal argentino La Nación, o encontro selou a assinatura de um acordo que aborda temas como imigração e segurança pública, com o território paraguaio se disponibilizando para receber imigrantes em status variados, incluindo refugiados, que forem expulsos dos Estados Unidos. 

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Esta não é a primeira vez que Washington age para tentar interromper a atuação da organização libanesa na América do Sul, lembra a revista Veja. O presidente do país, Donald Trump, anunciou em maio uma recompensa de até US$ 10 milhões por informações sobre o ecossistema financeiro do Hezbollah na região.

Cooperação regional

Em maio, durante a reunião ministerial do Mercosul sobre segurança, representantes de Brasil, Argentina e Paraguai firmaram um pacto de cooperação policial na Tríplice Fronteira, além de renovar o acordo do Comando Tripartite — estrutura criada na década de 90 que conta com agentes dos três países. 

O novo tratado estabelece o compartilhamento de informações entre as polícias locais, com garantia de confidencialidade. No Brasil, o centro de inteligência está estabelecido em Foz do Iguaçu, no Paraná. Coordenado pela Polícia Federal, é de lá que serão compartilhadas as informações com agentes paraguaios e argentinos.

Investigadores afirmaram que o objetivo da cooperação é combater a atuação de facções criminosas na área e atuar contra terrorismo e lavagem de dinheiro. Para as autoridades, tais acordos são necessários devido ao caráter transnacional do crime organizado no continente. 


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