A terça-feira (14) ficou marcada por mobilização popular no centro comercial de Ciudad del Este, interrompendo a movimentação de caminhões de cargas pela aduana paraguaia da Ponte Internacional da Amizade. Os veículos, que haviam sido autorizados na aduana brasileira em Foz do Iguaçu, permaneceram parados em fila sobre uma das pistas da via que une os dois países.
As manifestações, convocadas por condutores de veículos utilizados para levar produtos alimentícios na fronteira entre os dois países, mobilizaram moradores de Ciudad del Este, Hernandarias, Presidente Franco e Minga Guasú. A população pede um plano do governo de retomada da economia, abertura da Ponte da Amizade e o fim da corrupção.
As fronteiras do Paraguai estão fechadas desde março, por decisão do presidente Mario Abdo Benítez, como estratégia para evitar o ingresso e a propagação do novo Coronavírus (Covid-19) no país. O ato foi realizado sobre protocolos de saúde para evitar a disseminação da doença, ressaltou o Última Hora.
Os manifestantes seguravam bandeiras do Paraguai, cartazes de apelo e de repúdio às autoridades. Isidro Morel disse que o cansaço dos moradores devido à falta de respostas das autoridades atingiu o limite e eles decidiram tomar uma medida desesperada.
“Entendemos as medidas nos primeiros três meses e as pessoas atenderam a essa solicitação”, ponderou Morel. Que ressaltou: “Foi solicitado tempo e crédito, mas, dada a situação premente, as pessoas hoje estão desesperadas”. Ele criticou promessas do governo de ajudar os setores mais afetados, mas que não se concretizaram.
Engajamento
Nas redes sociais, o engajamento as transmissões ao vivo ganharam milhares de adesões. “Força Paraguai. Vencer ou morrer. Raça Guaraní”, escreveu Fabio Santander, na página do Facebook do CDE HOT.
Na transmissão, muitos demonstraram preocupação com as aglomerações e principalmente com o compartilhamento de bombas de tererê. “Tem que colocar tipo um preservativo”, orientou Andrea Sonia.
Epicentro da Covid-19
A região Leste do Paraguai, que abrange o Departamento de Alto Paraná, é uma das mais afetadas pela medida de fechamento de fronteiras, adotada pelo governo federal do Paraguai, desde o início da pandemia de Covid-19 no mês de março.
Em mais de uma ocasião, o presidente Marito Abdo repetiu que o fechamento continuará até que o número de casos nos países vizinhos, principalmente no Brasil, diminua. A preocupação, de acordo com ele, é com o sistema público de saúde do Paraguai, com pouca capacidade para atender grandes demandas de pacientes.
Marito afirma ainda estar ciente de como estão indo as cidades fronteiriças, motivo pelo qual deu diretrizes ao Ministério das Finanças para fortalecer os programas sociais nestas áreas. Os benefícios, de acordo com os manifestantes, não tem chegado aqueles que precisam.
Além da difícil crise financeira, Alto Paraná é o departamento com o maior número de casos confirmados de Covid-19 no país. Até o fechamento da edição eram 1.044 casos confirmados com 117 recuperados e quatro mortes. Em todo Paraguai são 2.980 casos confirmados com 1.293 recuperados e 25 mortes.
Por: GDia