O resultado do Censo 2022, sobre os animais, foi divulgado pelos coordenadores dos projetos Onças do Iguaçu (BR) e Yaguareté (AR)
O estudo foi conduzido no Brasil e na Argentina e mapeou uma área de 582.123 hectares. Nos últimos 20 anos os projetos Yaguareté e Onças do Iguaçu (antigo Carnívoros do Iguaçu), monitoram a flutuação da população da espécie na região do Corredor Verde, maior núcleo remanescente de onças-pintadas na Mata Atlântica.
As equipes dos dois projetos realizaram o maior censo já conduzido até o momento, com 224 pontos de amostragem nos dois países (72 no Brasil e 152 na Argentina), uma área de 582.123 hectares avaliados e 11.803 dias/câmera de amostragem. Foram obtidas mais de 450.000 imagens, sendo 3763 fotografias de 55 onças-pintadas adultas.
Leia também
- Itaipu prepara agenda especial de eventos para o Mês do Meio Ambiente
- Encontro nacional vai discutir turismo e meio ambiente a partir desta quarta em Foz do Iguaçu
Os censos bianuais simultâneos nos dois países são um dos maiores esforços mundiais para acompanhamento da espécie, tanto em área quanto em período de amostragem. Entre 1990 e 1995 estimava-se que a região abrigava entre 400 e 800 onças-pintadas, mas no final dessa década essa população apresentou um declínio alarmante e a estimativa, em 2005, era de que em toda a área do Corredor Verde tivesse apenas cerca de 40 onças-pintadas, um cenário desanimador e preocupante.
No Parque Nacional do Iguaçu, em 2009, restavam entre 9 e 11 onças-pintadas, e a espécie estava perto da extinção local. No entanto, nos últimos quinze anos houve um importante crescimento da população. O resultado de 2022 indicou uma estimativa média, com 95% de certeza, de 93 onças-pintadas (entre 73 e 122) no Corredor Verde na Argentina e Brasil. Para o Parque Nacional do Iguaçu, no Brasil, o número médio foi de 25 animais (entre 19 e 33).
O que significam os números do Censo 2022?
Os resultados das análises indicam que a estimativa de densidade obtida em 2022 praticamente não variou em relação à obtida em 2020. É animador o fato de que após a grande queda populacional sofrida no início deste século, a população de onças-pintadas no Corredor Verde vem se recuperando há mais de uma década, tendo conseguido dobrar entre 2005 e 2016 (de 40 para 90 animais). A partir de 2016, a população parece estar estabilizada em valores próximos a 100 animais.
O crescimento da população de onças-pintadas no Corredor Verde nos últimos 15 anos tem sido possível também graças a esforços de numerosas instituições dos dois países, que envolvem desde fiscalização para redução das ameaças, como a caça, até ações de engajamento, coexistência, manejo e pesquisa.
O Corredor Verde abriga cerca de um terço de todas as onças-pintadas da Mata Atlântica, e é a região com o habitat mais adequado para a espécie no bioma. No entanto, a conservação desses felinos depende de ações intensas e constantes de conservação.
Para os responsáveis pelo projeto, controlar as ameaças e concentrar esforços nas ações de conservação no Corredor Verde vai aos poucos afastando a possibilidade de extinção local desse felino fantástico, mas o caminho é longo. Onde tem onça tem vida, e é orgulho e responsabilidade desta região manter uma população tão importante do maior carnívoro das Américas.
Yara Barros, coordenadora do Onças do Iguaçu, disse que número de animais no parque é resultado de um trabalho muito duro que é feito. “Manter uma população estável, num lugar que tem tanta pressão, para uma espécie que sofre tantas ameaças, pra gente é um sinal de esperança, da continuidade dessa população, mas também um sinal que na gente não pode bobear. Não pode baixar a guarda. Tem que continuar esse trabalho, caso contrário esse número começa cair”.