Perseguição aos negros durante o Holocausto é tema de exposição no Palácio das Araucárias

Mostra do Museu do Holocausto de Curitiba revela histórias pouco conhecidas e traça paralelo com o racismo hoje no país
WhatsApp
Facebook

Apesar das políticas raciais do Nazismo em relação aos judeus e ciganos terem sido bem documentadas, os pesquisadores deram pouca atenção às ações contra os negros.

Esta minoria, embora não eliminada sistematicamente como outros grupos, enfrentou intensa discriminação – que variou do isolamento ao assassinato. Até hoje, são escassos os registros sobre a perseguição aos afroalemães.

Este é o tema da exposição itinerante “Nossa Luta: a perseguição aos negros durante o Holocausto”, composta por 23 painéis, 5 vitrines e 5 totens com conteúdos audiovisuais. A mostra retorna a Curitiba após passar pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

De 20 de março a 1º de abril, ela permanece no Palácio das Araucárias, antiga sede do Governo do Estado do Paraná. A iniciativa é promovida pelo Museu do Holocausto em parceria com o Consepir (Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial).

Leia também

A proposta da exposição é levar novas narrativas aos educadores, apresentando o contexto e a crescente privação dos negros desde o período colonial alemão (incluindo o genocídio de hereros e namaquas, na atual Namíbia), passando pela República de Weimar, até o Nazismo consolidado. Destaque também para curtas biografias de afrogermânicos que sobreviveram à perseguição nazista.

Desde 2023, a iniciativa também reúne trajetórias de vítimas desta forma de discriminação no Brasil.

“Essa é uma possibilidade de demonstrar a unidade de dois povos, o negro e o judeu, que foram perseguidos e massacrados. É importante que os grupos sociais se unam, juntem forças para que isso nunca mais aconteça”, reforçou Aloisio Nascimento, presidente do Consepir, Aloisio Nascimento.

O conteúdo foi criado em 2017 e lançado na internet como um material educativo, o que deu origem à mostra. Desenvolvido em parceria com a Clínica de Direitos Humanos da PUCPR e com o Centro Cultural Humaita, entidade pautada no estudo e pesquisa da arte e cultura afro-brasileira, o projeto dá voz a uma comunidade marginalizada e, principalmente, usa a História para aproximar os leitores de uma discussão contemporânea e bem brasileira, sobre o ódio e racismo.

Segundo o coordenador-geral do Museu, Carlos Reiss, o pioneirismo deste trabalho está justamente na conexão feita entre a perseguição nazista, os Direitos Humanos e a Consciência Negra.

“Ele torna o legado do Holocausto mais próximo de todos, trazendo valores e lições que estimulam a sociedade a conhecer melhor seu passado para refletir sobre o presente e construir um futuro mais justo. O Holocausto é uma ferramenta educativa poderosa para trabalhar temas atuais e relevantes, dentre eles o racismo e a noção de consciência negra”, afirma Reiss.

O Museu

Com uma vocação educativa e linha pedagógica bem definida, o Museu do Holocausto de Curitiba narra os acontecimentos deste genocídio por meio de histórias de vítimas que têm ligação com o Brasil. Trata-se de um instrumento contra a desumanização nazista.

O espaço também destaca a luta contra a intolerância, o ódio, a discriminação, o racismo e o bullying, tão relevantes nos dias de hoje.

Atualmente, é o único espaço do país que conseguiu unir os eixos de educação, memória e pesquisa com uma proposta museológica permanente para o trabalho sobre a Shoá.

Regularmente, promove seminários e debates, assim como desenvolve materiais pedagógicos que buscam promover uma discussão abrangente sobre o preconceito e a violência ao longo dos séculos XX e XXI.

Exposições Itinerantes

O Museu vai muito além da exposição permanente. Hoje, o acervo conta com oito mostras temporárias e itinerantes, todas com o objetivo de engajar novos públicos, de maneira interativa e atraente, em temas relativos à Shoá e Direitos Humanos.

As exposições estão disponíveis para empréstimo por tempo determinado para outros museus, instituições e escolas.

Os gastos para deslocamento são compartilhados e variam de acordo com a mostra e o local. Para verificar estas possibilidades, é necessário entrar em contato pelo e-mail [email protected].

Serviço

Exposição – Nossa Luta – A perseguição aos negros durante o Holocausto
De 20 de março a 1º de abril, no Palácio das Araucárias
Rua Jacy Loureiro de Campos, 6 – Centro Cívico, Curitiba

Entrada gratuita
Abertura: 20 de março, às 9h30, no auditório Mario Lobo

Para marcar entrevistas ou tirar alguma dúvida, entre em contato com a nossa assessora, Laura, pelo telefone (41) 99698-8920.

Mais notícias

.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *